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'Manchester': estudantes de Cinema arrecadam verba para produzir filme em São Gonçalo

Curta-metragem será projeto de conclusão do curso de cinema de estudantes da UFF

relogio min de leitura | Escrito por Felipe Galeno | 04 de maio de 2023 - 13:57
Idealizadores lançaram campanha online para conseguir financiar projeto; doações podem ser feitas pelas chaves pix decastrovictoria@hotmail.com e 21969995596
Idealizadores lançaram campanha online para conseguir financiar projeto; doações podem ser feitas pelas chaves pix decastrovictoria@hotmail.com e 21969995596 -

Um grupo de jovens estudantes de Cinema de São Gonçalo pretende iniciar, dentro das próximas semanas, as filmagens de Manchester, um curta-metragem de suspense e ficção gravado e inspirado pelo município. Em fase de pré-produção, o projeto iniciou, recentemente, uma campanha de arrecadação aberta ao público, para ajudar a conseguir a verba necessária para financiar o filme. 

Será com essa obra que o diretor Gabriel Vieira, de 27 anos, e a produtora Victoria de Castro, de 23, concluirão sua trajetória no curso de cinema da Universidade Federal Fluminense (UFF). O projeto foi escolhido para ser o filme de formação e conclusão de curso da dupla, além de ser o primeiro projeto de sua nova produtora experimental, a Memória Vazia Filmes.

"A gente está fazendo na garra e na força de vontade, basicamente", confessa Victoria, que administra a produção do projeto e não esconde o desafio que é produzir trabalhos do tipo de forma independente no município: "São Gonçalo é gigantesco, tem mais de 1 milhão de pessoas, mas é super esquecido e deixado de lado pelos grandes centros. Fazer um cinema marginal nunca é fácil. Cinema universitário então…" 

Fazer o filme aqui na cidade, porém, é inegociável para os idealizadores, já que o Manchester nasceu inspirado, justamente, por paisagens essencialmente gonçalenses. "Acho que a ideia surgiu muito por um interesse meu de pensar sentimentos que tenho em relação aonde eu vivo. No geral, a cidade sempre me deu um sentimento de solidão, de vazio, principalmente nas estruturas, na arquitetura. Tem muitos lugares abandonados. É um tipo de imagem com a qual sempre convivi muito desde criança", explica Gabriel, morador do Porto da Pedra e diretor do curta. 

Imagem ilustrativa da imagem 'Manchester': estudantes de Cinema arrecadam verba para produzir filme em São Gonçalo
  

Dessas sensações, nasceu uma história que mistura suspense, ficção científica e cinema experimental. A narrativa acompanha uma detetive iniciante que precisa se conectar, através de uma máquina, a uma realidade virtual para investigar um caso de desaparecimento. Nesse mundo virtual, ela vaga por espaços abandonados atrás de pistas que possam ajudar a resolver o mistério.

As inspirações, é claro, vão muito além da paisagem gonçalense. O arranjo de referências, conta Gabriel, vai de filmes de detetive americanos dos anos 40 a cinema experimental contemporâneo, passando por jogos de videogame e, principalmente, pela obra do cineasta brasiliense Adirley Queirós, que também é tema do TCC do diretor. Apesar disso, é em torno dos espaços abandonados da SG pós-fabril, dos vazios deixados pela "Manchester fluminense" que gira o projeto. 

"Minha formação artística e estética tem uma parte que é indissociável de São Gonçalo, que é o lugar onde nasci, cresci e vivo", define o diretor. Por conta disso, além de explorar suas próprias experiências como morador da cidade desde que nasceu, o filme também tem, para ele, uma missão bem específica: a de propiciar espaço para que outros artistas da cidade possam também explorar essas ideias. 

"Tem uma questão política de tentar alimentar um movimento de grandes artistas na cidade para somar, ser uma correlação de forças", explica Gabriel. "Só assim, divulgando, a gente pode valorizar mais o que é produzido aqui.

Imagem ilustrativa da imagem 'Manchester': estudantes de Cinema arrecadam verba para produzir filme em São Gonçalo
  

Mostrar que é possível, começar a partir de São Gonçalo e ter exemplo para artistas de outros lugares. Quem é artista sabe. A gente precisa muito em alguns momentos olhar para algum lugar e pensar 'é possível'. A gente já está o tempo todo pensando em coisas que não estão na realidade, coisas que estão na nossa cabeça". 

Por conta disso, a produção procurou, ao máximo, chamar pessoas da cidade para compor seus bastidores - o que, por sua vez, também foi um desafio, como explicou Victoria: "Temos poucas pessoas na equipe que são de São Gonçalo. A gente tentou priorizar, mas acaba que a maioria das pessoas que são da faculdade ou que trabalham com cinema próximo da gente são de Niterói ou do Rio".

Todos essas são, como os idealizadores não deixam de relembrar, dificuldades específicas de fazer cinema em uma região periférica. "Minha experiência tem muito disso, de várias vezes pensar o quanto teria sido diferente para mim se São Gonçalo 'estivesse no mapa'", desabafa Gabriel. 

Mesmo assim, seguir tentando viver da arte aqui não só vale a pena, na opinião dele, como é absolutamente vital. "Fazer cinema em São Gonçalo é uma questão de sobrevivência. Eu faço cinema aqui e quero fazer aqui porque é assim que eu me vejo conseguindo sobreviver, tanto esteticamente quanto materialmente", conclui o jovem cineasta. 

Moradores do município ou de outros lugares que tenham interesse em ajudar a financiar o Manchester podem doar qualquer valor aos estudantes da UFF para as chaves pix decastrovictoria@hotmail.com e 21969995596. As atualizações sobre o andamento da produção serão divulgadas no perfil oficial da produtora no Instagram, o @memoria_vazia.

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