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Locutor Ricardo Mariano relembra trajetória no rádio: “Me sinto realizado”

Radialista trabalha com locução e curadoria musical na Rádio Mania

relogio min de leitura | Escrito por Felipe Galeno | 02 de abril de 2023 - 08:00
Locutor, que começou trabalhando em rádios de bairro, atualmente embala programação da Rádio Mania
Locutor, que começou trabalhando em rádios de bairro, atualmente embala programação da Rádio Mania -

Ricardo Mariano não se considera extrovertido. “Odeio o som da minha voz”, confessa o locutor e curador musical da Rádio Mania. Quem acompanha seu trabalho na emissora, porém, nem imagina - o dono da inconfundível voz troca a timidez por uma energética dose de empolgação quando está no estúdio e diante do microfone.

Essa mesma energia ele já carregou por diversas emissoras em seus mais de 20 anos de carreira. A lista é grande: Rádio Costa Verde, Rádio Show, Estação 104, Beat98, entre várias outras colaborações. Entretanto, antes de começar a compor o extenso currículo, ele conta que começou como apenas um humilde e apaixonado ouvinte de rádios na adolescência.

“Eu venho de uma família muito pobre, pobre mesmo, de ‘marré deci’. Eu lembro de um dia, em 1993, em que estava embaixo da jaqueira da casa da minha mãe e falei com meu pai, enquanto ouvia o Paulo Beto no rádio, que um dia eu ia trabalhar com esse cara. Ele falou para mim: ‘Esses caras têm dinheiro, isso é só para quem tem dinheiro’”, recorda Mariano.

Alguns anos depois, ele relembraria ao pai do momento, antes de mostrar uma foto ao lado de seu ídolo Paulo Beto, agora já um amigo e colega de trabalho em uma emissora do Sistema Globo de Rádio. O pai chorou e tudo. O próprio Ricardo não nega que se emociona ao pensar hoje, aos 42 anos, no quão longe já chegou com sua carreira.

“Eu me sinto realizado, porque consegui trabalhar no Sistema Globo de Rádio e em uma rádio como a que estou, na Mania, que são dois pilares do rádio. Para mim, não tem mais para onde ir. Tenho um orgulho imenso”, celebra o radialista.

Antes de chegar a esses lugares, alguns sufocos e obstáculos apareceram no caminho. “Nesse meio tempo, até chegar lá, eu ralei bastante. Antigamente, quem quisesse seguir alguma coisa, tinha que batalhar muito. Eu, por exemplo, tive que parar meus estudos para trabalhar e ajudar em casa, só um tempo depois que consegui retornar”, explica.

“O som do rádio é mais gostoso. Para mim, esse meio nunca vai acabar”, acredita o radialista
“O som do rádio é mais gostoso. Para mim, esse meio nunca vai acabar”, acredita o radialista |  Foto: Layla Mussi
 

Sua porta de entrada aconteceu quando um amigo, sócio de uma rádio ‘de bairro’ extremamente popular na Zona Oeste do Rio e região, o convidou para ser DJ.

“Eu era DJ, mas na época boa. Não menosprezando a galera que toca hoje com essa tecnologia, porque ela veio para somar. Mas a galera da antiga, que tocava com disco, ralava mais”, afirma o locutor.

Lá, Mariano, ainda jovem e recém-saído de um curso da área, começou a colocar em prática os aprendizados, com o gosto pelo rádio como motor do ofício. Mesmo bastante crítico de sua própria locução na época, ele se tornou locutor em um programa voltado para o público jovem, o que abriu as portas para o contato com um enorme público.

“A audiência era monstra. Era uma rádio comunitária, tinha aquela coisa de rádio do bairro, mas funcionava como se fosse uma rádio comercial”, relembra.

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Após alguns anos lá, foi para a Costa Verde, sua primeira rádio comercial, em 1999. Passou por diversas emissoras, conheceu alguns de seus heróis do rádio e firmou seu lugar no mercado, sobretudo no Rio. Quase foi parar em uma grande emissora de São Paulo, ele recorda, mas acabou ficando por aqui por recomendação do amigo radialista Eduardo Andrews.

Foi graças a essa dica que ele acabou indo parar na Rádio Mania, onde trabalhou por alguns anos no fim da década 2000, saiu e depois retornou. Na rádio niteroiense, hoje, ele também participa da seleção de músicas que tocam na emissora.

"Tudo que toca na rádio, se você estiver ouvindo e pensar: 'pô, mas que ruim’, é culpa do Mariano”, brinca.

Para dar conta do trabalho, Mariano revela que conta com o apoio da internet, que costuma ser um dos principais indicadores do que está em alta na estima dos ouvintes. Para ele, essa relação entre o centenário meio e o universo online pode ser bastante frutífera e bem menos conflituosa do que se costumava esperar no início da ascensão da web.

“Com a internet e as plataformas digitais, todo mundo teve que se reinventar. Internet é um canhão, não tem como fugir dela. Hoje em dia, qualquer empresa, não só de comunicação, precisa trabalhar também com a internet para sobreviver. E ela veio só para ajudar, e não para acabar [com o rádio], porque você tem o FM, mas tem também o aplicativo, o site”, revela.

No seu currículo mesmo, Mariano carrega a participação em uma das mais celebradas emissoras do início da onda de webrádios: a Rádio Rock In Rio, em 2011.

 “Naquela época, o rádio web ainda não tinha tanta força. O festival teve a ideia de chamar um monstro do rádio que já não está mais entre nós, o Eduardo Andrews, para montar a Rádio Rock in Rio, e eu tive a honra de ser um dos locutores”, conta o locutor, que participou da rádio no estrondoso primeiro dia de transmissão.

“[O tamanho do sucesso] foi surpresa para todo mundo, porque foi a maior audiência de uma rádio web na época. Era tanta gente que às vezes o site travava. Logo no segundo dia eles precisaram fazer uma coisa mais elaborada, porque viram que o negócio deu um boom ”, se orgulha.

Seja na web ou no FM - como Mariano, com saudosismo, não esconde que prefere - o que importa para o locutor é que o som do rádio é único e, na opinião dele, nunca vai morrer. “O som do rádio é mais gostoso. Para mim, esse meio nunca vai acabar”, declara Mariano, com um timbre tão entusiasmado quanto o que se ouve nas chamadas da rádio.

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