Após desfile impecável, integrantes da Viradouro apostam no tri
Expectativas de torcedores da escola estão lá em cima depois do desfile que recebeu enxurrada de elogios dos internautas
A Unidos da Viradouro foi a última escola a passar pela avenida, na madrugada da terça-feira (21), e arrancou elogios de quem estava no sambódromo e de quem acompanhava pela TV.
Após um desfile praticamente irretocável, a Viradouro provou aos presentes na Sapucaí que vale a pena esperar pela última escola mesmo que o cansaço seja grande.
Desde que retornou ao grupo especial do carnaval carioca, a escola niteroiense não ficou abaixo da terceira colocação. Os bons resultados, com o último título tendo sido conquistado em 2020, acendem ainda mais a esperança no coração daqueles que se dedicam durante o ano inteiro pela escola.
Para a diretora de harmonia Danielle Martins, de 31 anos, um dos pontos altos desse ano foi, sem dúvidas, o enredo, que contou um pouco da história de Rosa Maria Egipcíaca, a primeira mulher negra a escrever um livro na história do Brasil. “Vamos buscar nossa terceira estrela”.
“Foi mágico. É a conclusão de todo um trabalho muito sério. A gente começou a preparação para o carnaval faz muito tempo, então é emocionante conseguir ver o trabalho que a gente vem desempenhando em todos os ensaios na avenida. É extremamente gratificante”, conta.
Para Danielle, o ponto de virada da Escola foi a mudança de gestão. Desde 2017, Marcelo Calil Filho preside a Viradouro, e já em seu primeiro carnaval, em 2018, a escola se consagrou campeã e retornou ao Grupo Especial.
“A gente observa o trabalho sério que eles fazem e o comprometimento com a escola. O amor e o afeto são fundamentais. Foi assim que a nossa escola deu uma virada e a gente está aí alcançando títulos e ótimas posições: com muito amor. A Viradouro tem um chão muito forte, uma comunidade muito forte, e sem eles nada disso seria possível também”, revela.
Aos 47, a integrante da bateria Rosana Margarido tem, pelo menos, 38 anos de sua vida dedicados à agremiação. Ela entrou para a escola ainda na ala das crianças e quando a Viradouro ainda tinha o seu barracão em Niterói, e precisava atravessar a ponte com os carros alegóricos.
Para ela, a escola de samba a ensinou muito mais do que ela jamais imaginou, e na quadra da Viradouro foi onde ela aprendeu boa parte do que sabe da história brasileira, do povo brasileiro e do mundo.
“Nosso enredo fala sobre uma mulher negra que tem uma história linda. A escola nos mostrou que independente do ano, do século, você pode mudar a tua vida, porque se ela era escrava e chegou a um patamar de fazer história, por que nós mulheres negras também não poderíamos? Eu nunca tinha ouvido falar sobre ela, e aqui eu aprendi. O samba também é cultura, é leitura, é educação”, diz.
E sobre as expectativas por um tricampeonato, Rosana crava: “não espero menos do que a gente merece, que é o título de campeã”.