Professora gonçalense lança livro infantil sobre o sentido da vida
Publicado em outubro, obra escrita em São Gonçalo já chegou em livrarias internacionais

Quem vê o "Anatólia" nas prateleiras de livrarias na Europa e na América do Norte talvez não imagine, de início, que a história do livro infantil nasceu em um lar gonçalense como um conto sobre a vida escrito por uma mãe para seus filhos. De autoria da professora da rede municipal de São Gonçalo Luzia Gavina, a obra foi publicada em outubro e, em pouco tempo, já chegou às mãos de leitores do mundo todo.
A escritora de 33 anos confessa que não esperava ver seu trabalho chegando tão longe. "Até no Japão o livro já está sendo vendido. Tudo em língua portuguesa, para a comunidade de imigrantes que falam língua portuguesa nesses países", explica a pedagoga, que trabalha, atualmente, em um centro de referência para crianças autistas no município.
Publicado pela editora Ases da Literatura e ilustrado pelo artista Junior Marques, o livro conta a história de Pedro, morador da cidade de Anatólia. Lá, cada habitante precisa carregar tijolos; a cada aniversário, o fardo de tijolos aumenta. Um dia, o pequeno Pedro conhece um menino que não carrega nenhum tijolo e, a partir daí, inicia uma jornada para descobrir uma forma de viver a vida sem precisar carregar os pesos que afligem todos os moradores.
"É uma história que busca falar um pouco sobre nossa vida, sobre como a vida pode ir se tornando mais pesada a cada ano que passa, e sobre o modo de viver uma vida que vale a pena, com esperança", compartilha a gonçalense. Ela conta que escreveu o conto pensando em seus filhos, "porque queria deixar para eles algo escrito sobre o sentido da vida, sobre aquelas perguntas que, em algum momento, todo mundo se faz".

Para a parábola, ela tomou emprestado o nome da península asiática, que serve de título. "O nome Anatólia é emblemático, porque lá, onde hoje é a Turquia, é o local onde se tem o registro mais antigo do uso de tijolos", esclarece.
Todos esses elementos foram sendo agregados aos poucos, ao longo de anos. Luzia conta que idealizou a história na época em que deu à luz a seu primeiro filho, Calebe, que hoje tem 9 anos. Depois do nascimento do segundo - Estevão, atualmente 5 anos - veio o 'arremate' na narrativa, que foi, finalmente, publicada este ano.
Os pequenos, inclusive, ficaram orgulhosos ao ver o projeto finalmente ganhar vida. "Eles ficaram muito felizes. Já levaram para a escola, mostraram para os amigos. Quando chegou o livro aqui foi uma festa. Eu falo que eles são os meus maiores vendedores, porque falam do livro para todo mundo", relata a autora, que, no fundo, sempre viu os filhos como seu principal público-alvo.
Para além deles, porém, muitos outros leitores já foram impactados pelo trabalho. "Já tem pessoas postando que compraram o livro em Portugal, nos Estados Unidos. Algo que foi gerado aqui nessa cidade, em São Gonçalo, está alcançando outras nações e isso é muito emocionante para mim", celebra Luzia, que vê o sucesso do trabalho também como uma forma de demonstrar as potências da produção cultural local.
"São Gonçalo tem um potencial muito grande, tanto na escrita, mas na parte musical e em outras áreas da arte. A gente tem muitos artistas bons que, por conta desse estigma, ficam um pouco afastados e pouco expostos. Então, eu gosto muito de divulgar quando algo bom sai da cidade, porque eu acredito muito que somos mais que uma ‘cidade-dormitório’, que coisas boas são produzidas aqui", declara.