Movimento Negro celebrou aniversário de 60 anos da psicologia
Mais de 100 pessoas compareceram ao evento no Centro do Rio de Janeiro

Aquilombar e compartilhar dores enfrentadas pelo racismo estrutural, observado em todos os espaços, até mesmo na profissão psicólogo. E movidos por esta causa, mais de 100 profissionais negros participaram neste sábado (20) do 1º Encontro de Psicólogas e Psicólogos Negros no Rio de Janeiro (I EPPNRJ), em comemoração aos 60 anos da profissão, comemorado no dia 27 de agosto.
Dentre as falas que trouxeram à tona os casos de preconceito enfrentados pelo grupo estiveram a importância do empoderamento negro desde a infância, o entendimento de racionalização com base na ciência e aceitação, por exemplo.
“A gente precisa entender que falar de questões raciais é estar falando de todo mundo, mas não é isso que acontece. Estamos lutando por lugares a serem reconhecidos e empretecer algumas profissões que tem sua maioria ocupada por brancos. Se o racismo acontece porque existe um grupo que se sobrepõe a outro dentro do conceito de ‘branquitude’. Todos os espaços devem ser ocupados pelas pessoas pretas. As escolas ensinam que somos descentes de escravos e não dos reis e rainhas, então onde esta nova geração terá espaço para se sentir empoderada?”, comentou Kleber Luiz, psicólogo da UFRRJ e Membro do Conselho de Defesa do Direito Negro e do Conselho de Segurança Pública.
A psicóloga Roberta Massot, uma das idealizadoras do evento, do grupo Encontro de Manas Psi tem o exemplo da dor do racismo sentido na pele. As filhas, crianças negras de 2 e 7 anos foram expostas à situação de racismo explícito pela internet. O caso, de 2021 viralizou e rapidamente ganhou os noticiários de todo o Brasil.
“Eu sempre disse às minhas filhas que os cabelos crespos delas, o nariz e a boca larga eram lindos. Que ao contrário de mim, que na infância não aceitava meu cabelo duro e a cor da minha pele por me sentir rejeitada, elas tinham que crescer não se sentindo menor do que ninguém. Quando este crime aconteceu com as minhas filhas e vi meu chão cair. Uma delas veio a mim e disse que estava tudo bem, pois ela tinha a certeza que era linda daquele jeito. Alí senti que meu papel havia sido feito”, relembrou a psicóloga.
A roda de conversa com o tema “Se a psicologia é branca, como podemos enegrecer?”, teve a frente das discussões os psicólogos negros Kleber Luiz Gonzaga, Rafaely Francelino, William Sérgio e Marcele Oliver e as psicos empreendedoras do Encontro de Manas, Roberta Massot e Daiane de Souza. Os “aquilombamentos” em espaços urbanos terão novos movimentos no Rio de Janeiro.