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Jornateca Luís Gama: projeto incentiva a leitura e a cultura no Barro Vermelho

Banca de jornal foi remodelada e cumpre nova função: empréstimo de livros de literatura. Em agosto, projeto completa um ano em funcionamento

relogio min de leitura | Escrito por Ana Carolina Moraes | 07 de junho de 2022 - 13:51
A jornateca fica no bairro Barro Vermelho
A jornateca fica no bairro Barro Vermelho -

Incentivar novos leitores de todas as idades e disseminar o poder da leitura em São Gonçalo. Esses foram os objetivos que impulsionaram o servidor público Bruno da Silva Policarpo, de 39 anos, a criar a Jornateca Luís Gama. Ela fica na Rua Doutor Jurumenha na esquina com a Rua João Pessoa, no Barro Vermelho, em São Gonçalo. A jornateca foi montada em uma banca de jornal que fez parte da infância de Bruno e tem como objetivo emprestar livros para que as pessoas possam ler de forma gratuita. O servidor começou o projeto com apenas 60 livros e hoje já tem mais de 2 mil, fruto de doações de pessoas que entendem o projeto dele e querem que a ideia continue.

A jornateca começou a funcionar no dia 27 de agosto de 2021. Bruno, que sempre morou nesta rua desde novinho, sempre viu a banca de jornal no local. Antigamente, na infância, o local vendia diversos periódicos e revistas. "Depois de um tempo, ficou mais difícil de a banca vender jornais e o dono a vendeu para outras pessoas. Um dia eu passei aqui de bicicleta, vi a banca e resolvi comprá-la dessas pessoas e comecei a desenvolver o projeto da jornateca. Pensei em tudo, desde a pintura até como funcionaria. Minha ideia é ajudar as pessoas a lerem e a terem esse apreço pela literatura. Eu também pretendo fazer uma pesquisa com os dados que eu conseguir aqui, mostrando a faixa etária que mais lê, o gênero etc", contou. 

Hoje são exatamente 2.039 livros. "No começo, eu queria emprestar, pelo menos, um livro por dia e consegui 70 livros em um mês, passando da minha meta. Hoje, muita gente conhece e vem aqui, tem até autores que doam seus livros para cá. Tem crianças, adultos e jovens que sempre estão aqui buscando novidades para ler. Tem uma mesa que eu monto, e algumas pessoas ficam lendo. Sábado, então, tem um grupo certo que sempre vem aqui. O pessoal tem gostado bastante. Qualquer um pode pegar um livro emprestado aqui, mas a pessoa tem 30 dias para devolver. É de graça! Eu faço um pequeno cadastro com nome e telefone da pessoa quando ela pega o livro e, quando chega perto do dia da devolução, eu mando um lembrete avisando", contou. Atualmente, o livro que tem mais saída é o da série 'Diário de Um Banana, de Jeff Kinney.

Para alugar os livros, a pessoa pode pedir pelo Whatsapp da jornateca ou ir até a banca. Também é possível doar para o local. Para isso, basta falar com Bruno também pelo Whatsapp e combinar. "Os livros doados precisam estar um bom estado de conservação. A única coisa que não aceitamos são livros didáticos, a gente aceita apenas livros de literatura".

Bruno conta, ainda, que a jornateca influenciou também a sua família. "Eu tenho um filho de 9 e outro de 7 anos e eles adoram vir para cá e ler, assim como a minha esposa. Eu também aproveito para ler novos livros e acabo trocando diálogos com outras pessoas que leem o mesmo livro que eu", acrescentou.

O servidor público iniciou o projeto na pandemia, enquanto trabalhava em home office. Agora que ele passou a trabalhar presencialmente no Centro do Rio, o horário da jornateca teve que ser alterado. Ela abre a partir das 18h30 de segunda a sexta e fica até às 20h30, com horário especial no sábado. 

Bruno criou um passaporte de leitura que ele dava para aqueles leitores mais assíduos
Bruno criou um passaporte de leitura que ele dava para aqueles leitores mais assíduos |  Foto: Filipe Aguiar
 

A jornateca cativou moradores do bairro

A jornateca já influenciou outras famílias e grupos de amigos. Uma das pessoas que mais frequenta o local e pode comprovar isso é a doméstica Mara Regina Sotomayor, de 58 anos. Ela já leu 20 livros desde que a jornateca abriu e sempre está com algum debaixo do braço.

"Eu sempre fui uma leitora assídua, comprava muitos livros em sebos de Niterói e no Rio. E eu lia apenas Agatha Christie. Já conhecia o Bruno, mas quando ele abriu a jornateca, eu não sabia o que era inicialmente, e ficava só lá de casa olhando. Até que perguntei o que era e passei a pegar livros emprestados aqui, e acabei gostando. O livro que mais gostei de pegar daqui foi o 'Corte de espinhos e rosas', que é a primeira edição de uma série de livros que me prendeu até o último momento", revelou.

Mara é uma das que mais pega livros no local
Mara é uma das que mais pega livros no local |  Foto: Filipe Aguiar
 

Para ela, o principal diferencial da jornateca é o carinho que Bruno tem ao recomendar livros. "Eu comecei a ler esse título por causa do Bruno. Quando eu comecei a vir aqui, eu queria os que eu já estava acostumada, da Agatha Christie, mas ele foi me recomendando autores e livros baseados no que eu gosto e aí eu fiquei pensando, e acabei levando outros livros também, me interessando mais ainda pela literatura. Aqui tem muitos livros de cultura, gibis para crianças. E o Bruno tem um carinho com o livro, com o leitor, sugerindo o que vai interessar para nós, que é sensacional! Minha filha também passou a pegar livros aqui. No início, ela não sabia quais deveria pegar. O Bruno foi, então, indicando, segundo o gosto dela, e ela foi se interessando", completou Mara.

Para quem quiser doar livros ou entrar em contato com a jornateca, o Whatsapp é (21) 99321-9077, ou pelo Instagram (@jornateca). 

O local tem mais de 2 mil livros hoje
O local tem mais de 2 mil livros hoje |  Foto: Filipe Aguiar
 

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