Porchat fala sobre a acusação por pedofilia contra filme de Gentili
Ator defendeu abordagem de assuntos polêmicos no audiovisual

O ator Fábio Porchat falou sobre as recentes acusações de pedofilia atribuídas ao filme “Como se tornar o pior aluno da escola”. O filme que foi lançado há cinco anos, é um longa-metragem inspirado em um livro homônimo de Danilo Gentili, filme este que foi incorporado recentemente na Netflix.
O filme virou alvo de polêmica logo após alguns parlamentares afirmarem, em suas redes sociais, que a produção incita a pedofilia.
O momento destacado nas postagens dos críticos, mostra que o personagem de Porchat assediando sexualmente dois garotos. Na cena, ele interrompe dois adolescentes que estão discutindo e pede para que ambos o masturbe.
O Secretário Especial da Cultura, Mario Frias, afirma que o longa "é uma afronta às famílias e às nossas crianças" e ainda acrescenta que "utilizar a pedofilia como forma de humor é repugnante e asqueroso".
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, informou que pediu a ‘vários setores’, para quem tomem algumas ‘providências cabíveis’ contra este filme, porém não especificou as ações. Vale ressaltar que, o próprio Ministério da Justiça determina que, com a base nas regras técnicas, a classificação indicativa do filme seja de 14 anos. Alguns nomes como o deputado estadual André Fernandes (Republicanos-CE), a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) e o vereador de Niterói, Douglas Gomes (PTC-RJ), estão apoiando essa iniciativa.
Em resposta ao caso, Fábio Porchat disse o seguinte:
“Como funciona um filme de ficção? Alguém escreve um roteiro e pessoas são contratadas para atuarem nesse filme. Geralmente o filme tem o mocinho e o vilão. O vilão é um personagem mau. Que faz coisas horríveis. O vilão pode ser um nazista, um racista, um pedófilo, um agressor, pode matar e torturar pessoas.”
Porchat falou também sobre papeis importantes no cinema e como tudo era atuação. Confira:
“O Marlon Brando interpretou o papel de um mafioso italiano que mandava assassinar pessoas. A Renata Sorah roubou uma criança da maternidade e empurrava pessoas da escada. A Regiane Alves maltratava idosos. Mas era tudo mentira, tá gente? Essas pessoas na vida real não são assim.” Ele concluiu dizendo. “Temas super pesados são retratados o tempo todo no audiovisual. E às vezes ganham prêmios! Jackie Earle Haley concorreu ao Oscar em 2007 interpretando um pedófilo no excelente filme 'Pecados Íntimos'. Só que quando o vilão faz coisas horríveis no filme, isso não é apologia ou incentivo àquilo que ele pratica, isso é o mundo perverso daquele personagem sendo revelado. Às vezes é duro de assistir, verdade", disse.
"Quanto mais bárbaro o ato, mais repugnante. Agora, imagina se por conta disso não pudéssemos mais mostrar nas telas cenas fortes como tráfico de drogas e assassinatos? Não teríamos o excepcional 'Cidade de Deus'? Ou tráfico de crianças em 'Central do Brasil'? Ou a hipocrisia humana em O Auto da Compadecida. Mas ainda bem que é ficção, né? Tudo mentirinha.”, finalizou.