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Comemoração na quadra da Viradouro continua: 'Não sei qual sabor melhor, o de 97 ou o de ontem'

Escola se orgulha de sair do grupo de acesso e se tornar a campeã da elite do carnaval do Rio

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 27 de fevereiro de 2020 - 16:51
Unidos do Viradouro
Unidos do Viradouro -

Por Pâmela Dias

Quadra cheia, muito samba no pé e alma lavada. É assim que começou o dia da Unidos do Viradouro após receber o título de campeã do carnaval 2020 do Rio de Janeiro. Depois de 23 anos, a escola comemora os frutos da homenagem às Ganhadeiras de Itaupã. O enredo ‘Ó, mãe! Ensaboa, mãe! Ensaboa, pra depois quarar’ trouxe à Sapucaí o orgulho das lavadeiras e vendedoras de quitutes de Salvador, que tanto lutaram pela liberdade.

A Vermelha e Branca de Niterói levou nota 10 na maioria dos quesitos avaliados pelos jurados. Na Harmonia, todo ensaio e união durante o ano foram os fatores que deram a vitória à Viradouro. De acordo com a gonçalense Geílsa Aparecida dos Santos, componente da escola há cerca de 42 anos, a totalidade da voz cantada na avenida superou a emoção do título de 1997.

“Eu não sei qual o sabor melhor, o de 97 ou o de ontem. Mas o (título) de ontem o sentido foi bem mais forte, falar sobre as ganhadeiras, a história e força da mulher, e sobretudo o que atravessamos”, disse emocionada. “A gente veio de um grupo de acesso, ganhamos o segundo lugar ano passado e esse ano viemos como campeã para mostrar que Niterói tem garra, é paixão”, completou.

Este ano, o samba enredo transcreveu o sentimento da escola: após superar um rebaixamento, voltou à elite do Carnaval do Rio e se tornou campeã. Para deixar a história da quinta geração de mulheres que lavavam roupa na Lagoa do Abaeté e faziam outros serviços em Salvador em busca da compra de sua alforria, as próprias ganhadeiras baianas participaram de todo o processo de criação do enredo.

“Esse samba enredo toca muito no coração. A minha avó era lavadeira, a minha mãe carregava lata na cabeça e criou eu e a minha irmã sozinha. O fato dele retratar a mulher empoderada tocou muito no coração. Quando eu vesti a roupa de zungueira, das escravas, eu chorei porque eu me reconheci ali”, relatou Anna Callado, integrante da comissão de frente da Viradouro.

Como a meta é continuar no patamar arduamente conquistado pela família Viradouro, os integrantes seguem as comemorações já pensando nas atrações do próximo Carnaval. Para Mara Rita França, moradora de Maricá e integrante da escola há nove anos, a vitória em 2020 está sendo o combustível que dá ainda mais força para trazer novos prêmios no ano que vem.

“É uma emoção muito grande participar o segundo ano como componente da harmonia. É uma emoção única ficar aguardando o ano inteiro e mostrar todo um trabalho bem feito, com muita união da nossa família. A palavra é gratidão e preparem o coração que a Viradouro vem de novo”, disse.

Estagiária sob supervisão de Cyntia Fonseca*

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