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Saiba porque a Viradouro, Portela e Mangueira foram as melhores do primeiro dia de desfiles no Rio

Escola de Niterói, revitalizada e de volta às origens, deve voltar entre as campeãs, no Sábado de Carnaval

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 24 de fevereiro de 2020 - 17:27
A Viradouro foi uma das mais aplaudidas pelo público
A Viradouro foi uma das mais aplaudidas pelo público -

* Textos : Ari Lopes, Ana Carolina Moraes, Sérgio Soares e Thalita Queiroz - Fotos Leonardo Ferraz 

A primeira noite de desfiles do Grupo Especial na Marquês de Sapucaí, entre domingo (23) e a madrugada da segunda-feira do Carnaval 2020, colocou em evidência uma realidade muito comum no cotidiano das agremiações: para voltar no desfile do Sábado das Campeãs, é preciso ir muito além da criatividade e empolgação. Na elite, samba, suor e alegria combinam com organização e principalmente, altos investimentos. Foram o que mostraram as três melhores da noite: a Viradouro, Portela e Mangueira. As três se aproximaram da perfeição, com desfiles arrebatadores e tecnicamente perfeitos. Mas pode se dizer que as escolas de Niterói e de Oswaldo Cruz tenham sido levemente superiores a verde e rosa por terem tido maior interatividade com o público, algo que faz a diferença e sempre leva os jurados a reflexões mais críticas na hora da contabilidade final no mapa. 

A Viradouro, sem dúvida, mostra seu melhor momento, dentro do projeto de retomada da grandiosidade da década de 90, quando se tornou respeitada e temida pelas adversárias. A perda do presidente de honra, José Carlos Monassa, no fim de 2005, a fez mergulhar em um período 'negro', com a permanência, na maior parte dos anos, na série A, sem conseguir se firmar na chamada elite. Isso até o fim de 2017, quando a família Kalil decidiu reassumir, pagando dívidas que ultrapassavam os R$3 milhões, e investindo em nomes da época do apogeu, como o mestre de bateria Ciça, entre outros. A mudança de gestão restabeleceu as boas relações com o alto escalão da toda poderosa Liga das Escolas de Samba (Liesa). 

E os investimentos feitos pela Prefeitura de Niterói na escola, através de articulações com gestores públicos no município ligados ao Carnaval, revitalizaram a sustentação da época de glória, quando a escola conquistou o único título no Grupo Especial, em 1997. Já em 2019, um ano após conquistar o título da série A e voltar, de forma definitiva à elite, a Viradouro foi a grande 'pedra no sapato' da campeã Mangueira, com quem disputou, de forma acirrada, ponto a ponto, o título. A verde rosa acabou campeã, mas mesmo com o vice-campeonato, o que ficou para a Viradouro, desde então, foi o orgulho de retomar os melhores tempos. E como o próprio samba do ano passado já dizia, o brilho no olhar voltou! 

E quis o destino que as duas voltassem a se encontrar em um mesmo dia, no Domingo de Carnaval, de onde normalmente não têm saído a vencedora. E pode se dizer que a vermelha e branca de Niterói levou a preferência do público, conseguindo carnavalizar o enredo sobre as ganhadeiras de Itapuã, da dupla Marcus Ferreira e Tarcísio Zanon. Pouco conhecidos, eles mostraram muito talento ao planejar um desfile emocionante, injetando doses certas de luxo, modernidade, grandiosidade e 'truques' que fizeram a arquibancada levantar. os novos carnavalescos- sensação mostraram que o antecessor Paulo Barros não deixou saudades. 

E quis também o destino que a Mangueira se apresentasse logo após a da Viradouro. Mas a atual campeã, com um enredo muito mais crítico e polêmico, em torno de Jesus, não foi aquela 'potência' do ano passado. A começar pelo samba enredo, que com tonalidade toda menor, não provocou nos desfilantes o efeito devastador para alimentar o estímulo à emoção. Dessa forma, faltou 'combustível' para uma maior interação com a arquibancada. Mas Mangueira é sempre Mangueira e a beleza e grandiosidade em algumas alegorias, e a originalidade nas fantasias, somada a uma bateria vibrante, podem ter sensibilizado os jurados. 

Na realidade, o grande páreo para a escola de Niterói na primeira noite de desfiles foi a Portela, campeã em 2017. O casal Renato e Márcia Lage, que desenvolveu “Guajupiá, Terra Sem Males”, apostou em alegorias simples, mas de plástica impressionante, boas fantasias e um bom desenvolvimento de enredo. E também levantou o público nas arquibancadas. A Grande Rio, mais uma vez, jogou fora a chance de consagração após uma grande erro da equipe de pista, que por falha de comunicação, permitiu a entrada da metade do abre alas no desfile, antes que ele fosse acoplado a outra parte da alegoria. 

A 'debutante' Estácio abriu bem a noite e não será fácil derrubá-la de volta à Série A. A Paraíso do Tuiuti não mostrou a grandiosidade dos anos anteriores e deve brigar por posições intermediárias. E por fim o 'fantasma' do rebaixamento 'bateu' na porta da União da Ilha, que como uma apresentação confusa, administrou mal o plano de desfiles e  estourou o tempo máximo de 70 minutos previsto no regulamento. Se não houver ninguém pior na segunda noite, nessa segunda-feira (24), ficará com uma das duas vagas destinadas ao rebaixamento para Série A em 2021.       

SAIBA COMO SE APRESENTOU CADA UMA DAS SETE ESCOLAS DA SÉRIE A 

ESTÁCIO - O enredo “Pedra”, de Rosa Magalhães, foi apresentado em recortes baseados na história do país. Pode ser dizer que ela, completando 50 anos de Carnaval, tirou 'leite de pedra'. Investindo no bom, bonito e barato, a escola fez um desfile organizado e de boa interatividade com o público. Tem tudo para se manter no Grupo Especial em 2021.    

VIRADOURO - Mostrou que não apenas está consolidada entre a elite do samba carioca, mas também almeja um título que não vem há mais de 20 anos. Com samba contagiante, carros luxuosos e componentes animados, levantou a Sapucaí com o enredo “Viradouro de Alma Lavada”. Pequenos detalhes, como problemas com a iluminação do último carro, que passou apagado, e um buraco entre os setores 6 e 8, podem tirar décimos preciosos em busca do título. Mas certamente é forte candidata a estar entre as seis melhores no Desfile das campeãs. 

MANGUEIRA - Propondo representar todas as faces de Jesus, a escola levou para a Avenida um Carnaval um pouco diferente do que o público esperava. Prova disso foi a não reação das arquibancadas enquanto a Verde e Rosa passava. A contrário do ano passado, a plástica impecável não conseguiu esconder a frieza entre os próprios componentes. Se em 2019, o campeonato era dado como certo, não se pode dizer o mesmo agora. 

PARAÍSO DO TUIUTI - Levou o enredo “O Santo e o Rei: Encantarias de Sebastião”, de João Vitor Araújo, para a Sapucaí em desfile fraco que a deve colocar longe das primeiras colocadas. O samba-enredo, no entanto, não empolgou a Avenida, o que acarretou em problemas para a escola na parte de harmonia. Administrou mal o tempo de desfile e teve que correr no fim, fechando o portão exatamente nos 70 minutos permitidos, o que deverá provocar a perda de pontos em Evolução.

GRANDE RIO - Os carnavalescos Leonardo Bora e Gabriel Haddad mostraram porque estão entre os melhores da atual temporada. Mas como só nome não ganha Carnaval, a escola comprometeu o belo desfile com um erro logo no início, que deve custar caro. Por um erro de comunicação, apenas uma parte do abre alas adentrou o Setor 1, junto com a comissão de frente. A outra metade do carro, que teria que ser acoplada a esse módulo, não entrou porque destaques estavam sendo colocados nela na concentração. Resultado:  um grande buraco se formou, o que deve acarretar pontos preciosos aos julgadores situados nesse setor. 

UNIÃO DA ILHA - O que se viu foi uma agremiação bem diferente das BOAS características construídas escola. Com uma temática extremamente realista, pouca carnavalizada enfrentou graves problemas de evolução, correu no final e estourou o tempo do desfile. A próxima quarta-feira promete ser tensa para a tricolor insulana, que corre sérios riscos de rebaixamento.

PORTELA - Encerrou o dia com um desfile com uma apresentação beirando a perfeição e vai brigar por uma vaga nos desfiles das campeãs, junto com a Viradouro. O casal Renato e Márcia Lage, que desenvolveu “Guajupiá, Terra Sem Males”, apostou em alegorias simples, mas de plástica impressionante, boas fantasias e um bom desenvolvimento de enredo . Destaque de sempre da agremiação, a garra da comunidade que cantou a plenos pulmões se mostrou mais uma vez um grande trunfo.

* Equipe especial montada para a cobertura dos desfiles na Marquês de Sapucaí em 2020   

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