CPI dos Lixões estuda data para visita a Itaoca

Após a desativação do lixão de Itaoca, não houve nenhuma intervenção concreta no local
Foto: Luiz NicolellaPor Elena Wesley
Será retomada, hoje, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instaurada pela Assembleia Legislativa (Alerj) para investigar o panorama dos lixões e aterros sanitários do Estado do Rio de Janeiro. Na pauta da audiência pública, que se inicia às 14h, está o agendamento de uma visita ao extinto lixão de Itaoca, na comunidade do Salgueiro, em São Gonçalo. Desde a desativação do espaço para despejo de resíduos, a população de ex-catadores tem encontrado dificuldades em garantir a subsistência de, aproximadamente, 300 famílias.
De acordo com o deputado Dr. Julianelli (Psol), que integra a comissão, o lixão de Itaoca ainda não recebeu uma visita técnica devido à insegurança proporcionada pela ação do tráfico. “A logística precisa ser garantida e há exigências dos membros da CPI quanto a isso junto ao Poder Executivo. Ainda não há intervenções concretas para Itaoca, porém temos ciência de entidades com responsabilidade social no caso, como a própria Petrobras, por conta do Comperj. A reunião de segunda-feira (hoje) deve traçar um panorama neste sentido”, informou o parlamentar.
Em concordância a Julianelli, o presidente da CPI, deputado Sadinoel (PT), confirmou o desejo de marcar a visita ainda no início do mês. “A população já está desacreditada com as autoridades. São anos à espera de uma solução. Queremos que os direitos sejam assegurados o quanto antes”, lamentou Sadinoel.
O presidente destacou a necessidade de um encontro com as partes envolvidas. “Sabemos que havia uma obra de construção de moradias destinada aos ex-catadores, mas que ainda não foi concluída. Precisamos reunir representantes da Prefeitura, da Haztec (empresa que administrava o lixão), da cooperativa de catadores e da Câmara Municipal de São Gonçalo para definir as metas”, afirmou Sadinoel.
A CPI analisa a situação de outros 17 lixões e pretende entregar o relatório final ao Ministério Público. A Lei Nacional de Política de Resíduos Sólidos, sancionada em 2010, determinou a desativação dos lixões.
Sem garantias oficiais
Líder comunitário em Itaoca, Adeir Albino da Silva, o Nem, ressalta as precárias condições a que os ex-catadores estão submetidos.
“A situação atual é muito pior. Com o lixão, ao menos, tínhamos alimentos e material de reciclagem para vender e reutilizar. Hoje, não temos nada. As casas estão deterioradas e não há como consertar”, contou Nem.
Enquanto as soluções não são garantidas a nível oficial, a cooperativa se articula para realizar campanhas de donativos de alimentos e material de construção que contribuam com a subsistência da comunidade.
“Já não tenho coragem de levar nenhum político até a comunidade, porque enchem os moradores de esperança para não chegar a lugar nenhum”, criticou.