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Pai de marinheiro que foi morto por amante da esposa quer justiça

Julgamento da mandante do crime acontece nesta terça

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 02 de abril de 2019 - 09:14
Pai de Rafael esperou três anos e oito meses para ver o julgamento
Pai de Rafael esperou três anos e oito meses para ver o julgamento -

Por Thuany Dossares

Após três anos e oito meses de espera por Justiça pelo assassinato do filho, Willian Azelman, morto em agosto de 2015, o dia mais aguardado pelo comerciante Ubiracy Dias das Neves, 57, chegou. Na tarde de hoje (2), Rafaela Damas Ribeiro dos Santos, então mulher de Willian, acusada de ser a mandante do crime, vai a júri popular no Fórum de Niterói.

“Não tem um dia que eu não acorde pensando no meu filho. Parece que o crime foi ontem. Carrego todo dia a dor como se eu tivesse chegando do cemitério. No dia dos pais eu estava enterrando o Willian. E parece que vou enterrar o meu filho de novo nesse julgamento. Essa terça-feira, vai ser como se eu tivesse tirando um peso das costas. Eu não quero que aconteça nada com ela, além de cumprir tudo que ela deve. Só quero que pague, porque nada vai trazer a vida do meu filho de volta”, desabafou Ubiracy.

O crime aconteceu na véspera do dia dos pais de 2015, no bairro Maceió, em Niterói. De acordo com as investigações da Divisão de Homicídios de Niterói, Itaboraí e São Gonçalo (DHNISG), Rafaela mandou matar seu marido, que era oficial da Marinha Mercante, para ser beneficiada por um seguro de vida de R$ 2,4 milhões. O autor dos tiros teria sido o amante da viúva, um traficante do Morro da Grota, em São Francisco, identificado como Victor Marins Tavares Ribeiro, o Victinho Mete Bala.

Desde o assassinato de seu filho, Ubiracy tem dedicado a vida para ver a justiça sendo feita. “Eu acredito na Justiça, eu estou brigando por ela. No início, eu ia duas vezes num mesmo dia à DH, me falavam que não tinha nada, eu voltava dois dias depois. Só me resta acreditar na Justiça, se não, o que eu vou fazer? Vou me matar? Vou me igualar a esses? Nunca!”, disse o comerciante.

Ubiracy conta que foi difícil acreditar que Rafaela estava envolvida na morte de Willian. Hoje será a primeira vez que sogro e nora estarão frente a frente desde a missa de sétimo dia do oficial da Marinha Mercante.

“Foi muito difícil eu acreditar que a Rafaela estava envolvida nisso. Eu a tratava como uma filha e só pedia para ela cuidar do meu filho. Ele era muito apaixonado por ela, uma paixão imensa, não sei nem descrever. Willian dava tudo para Rafaela, fazia tudo para agradar. Ela andava bem arrumada, de cabelo feito, carro de luxo, morava na cobertura de um condomínio de luxo. Estou muito ansioso para esse julgamento, mas sei que vai ser uma dor danada. Eu não sei nem a minha reação ao olhá-la, mas no final quero fazer só uma pergunta: Por que você fez isso? Eu só preciso entender”, falou.

Crime teria sido executado pelo amante, já condenado a 16 anos

Rafaela Damas e William Azelman estavam juntos desde 2004, quando se conheceram num cursinho preparatório para vestibular e concursos. Na época, a vítima ainda estudava para ser oficial da Marinha Mercante.

De acordo com a Divisão de Homicídios, Rafaela conheceu Victor Marins Tavares Ribeiro, o Victinho Mete Bala, durante um baile funk na comunidade onde ele integrava o tráfico de drogas, na Grota, em São Francisco, enquanto William viajava a trabalho.

O oficial costumava ficar 15 dias embarcado e nesse período Rafaela frequentava bailes funks e também costumava organizar festas no apartamento do casal, que Victinho Mete Bala frequentava.

Visando se beneficiar com um seguro de vida milionário deixado pelo militar no nome dela, Rafaela tramou um assalto para que o amante assassinasse o seu marido. No entanto, a versão do assalto contada pela ‘viúva negra’ rapidamente começou a ser contestada.

Inicialmente, o que chamou atenção da polícia foi o fato de Rafaela correr cerca de 300 metros para pedir ajuda no condomínio onde morava, quando havia uma casa a 10 metros do local do crime. Outra coisa que gerou desconfiança, foi que Victinho e um comparsa levaram apenas o celular da mulher e as alianças, mas deixaram o cordão de ouro de 120 gramas da vítima. Além disso, o carro do casal foi encontrado no bairro Vila Progresso, a menos de dois quilômetros do local onde havia sido roubado.

Mesmo não reagindo ao crime, o militar, que estava no banco do carona do carro, foi colocado de joelhos e executado com tiros na nuca. Logo após a morte de Willian, Rafaela deu entrada num seguro de vida que renderia R$ 2,4 milhões e chegou a conseguir um adiantamento de R$ 860 mil - valor já bloqueado pela Justiça. Em seguida, ela colocou o apartamento onde morava com o marido para alugar e passou a viver com uma pensão de mais de R$ 5 mil deixada pela vítima. Ela também ‘sofreu’ seu ‘luto’, fazendo uma viagem pela Europa, passando por Paris e Veneza.

Victinho foi julgado em março de 2018 e, inicialmente, condenado a 21 anos de prisão, num júri popular, com votação unânime. Apenas 18 dias depois da condenação ele foi beneficiado com um habeas corpus. A defesa do traficante teria tentado pedir a anulação do júri, mas no último dia 21 de março houve julgamento em segunda instância e Victinho conseguiu ter sua pena reduzida para 16 anos, mas com o cumprimento em regime fechado.

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