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Fim da Intervenção Federal sem dados relevantes para São Gonçalo

Roubos a pedestres aumentaram 22%, média de 27 casos por dia

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 02 de janeiro de 2019 - 08:25
Segundo especialista, um dos grandes erros da intervenção foi priorizar a repressão policial
Segundo especialista, um dos grandes erros da intervenção foi priorizar a repressão policial -


Por Marcela Freitas

Com a sensação de dever cumprido, o interventor federal na Segurança Pública do Rio de Janeiro, general Walter Braga Netto, afirmou que, após 10 meses de trabalho, a intervenção atingiu os objetivos de recuperar a capacidade operativa dos órgãos de segurança pública e baixar os índices de criminalidade. Em dados gerais, o Rio de Janeiro, de março a novembro, teve queda dos roubos de rua, que caíram 5,9%; roubos de carga, queda de 19,6% e os latrocínios (roubos seguidos de morte) recuaram 33,7%. Mas se o recorte for feito em São Gonçalo, Niterói e Maricá, a intervenção não trouxe o resultado expressivo esperado.

Segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), crimes como os roubos a pedestres, roubos de carga e os autos de resistência apresentaram aumento no período de fevereiro a novembro (último mês com divulgação de estatísticas oficiais) em São Gonçalo.

Os roubos a pedestres aumentaram 22% e passaram de 6.476 casos no mesmo período do ano passado para 7.910 casos esse ano, média de 27 casos por dia. Já os casos de roubos de carga passaram de 1.171 no ano passado para 1.330 durante esse ano. E os autos de resistência passaram de 79 casos no ano de 2017 para 137 registros esse ano, aumento de aproximadamente 73%.

Entretanto, os casos de roubo de veículos e homicídios dolosos apresentaram redução no mesmo período. Os roubos de veículos reduziram em 4% (5.001 contra 4.816). Em média, São Gonçalo registra 17 casos por dia. Os homicídios dolosos reduziram 16% durante o período de intervenção, passando de 316 para 264 casos.

Em Niterói e Maricá, municípios policiados pelo 12º BPM, a situação se modifica um pouco. Enquanto crimes como roubos de cargas, homicídios dolosos e autos de resistência aumentaram 149%, 29% e 15%, respectivamente, outros como roubo a pedestres e veículos diminuíram. O primeiro em 7% e o segundo, 4%, entre fevereiro a novembro do ano passado em comparação com o mesmo período desse ano.

Para o especialista em segurança pública e presidente do Instituto de Criminalística e Ciências Policiais da América Latina, José Ricardo Bandeira, a intervenção federal chega ao fim com poucos resultados concretos na diminuição da violência e criminalidade. Para ele, alguns índices tiveram queda e são divulgados como exemplos de sucesso da intervenção, mas não representam um resultado que possa ser duradouro.

“É fato que, com a intervenção federal, houve um aumento do poder de polícia e, consequentemente, da repressão policial gerando a diminuição de alguns índices, mas levando também a um aumento nas mortes em confronto. Um grande erro da intervenção foi priorizar a repressão policial, aumentado os confrontos visando resultados artificiais a curto prazo, em detrimento do investimento em inteligência, que possibilitaria resultados duradouros e eficientes a médio e longo prazos”, opinou.

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