Santa Rosa: um bairro ‘na linha de tiro’ em Niterói

O perigo vem do alto. O episódio em que policiais do 12ºBPM (Niterói) tiveram que enfrentar um intenso tiroteio em Santa Rosa, na Zona Sul de Niterói, quando uma paciente acabou sendo vítima de bala perdida num leito do Hospital Santa Martha, no último fim de semana, evidencia bem os riscos para quem mora ou circula pela região. Cercada por morros, a Rua Doutor Mário Vianna, principal corredor viário do bairro, corta uma espécie de vale. Nas matas das comunidades que cercam o corredor viário e até em lajes de residências, os traficantes distribuíram ‘olheiros’ em pontos de observação, não apenas para dar proteção armada às bocas-de-fumo, mas também para tentar identificar quem circula pelo local ou a chegada da Polícia.

“Combater o tráfico ali não é uma missão das mais fáceis, porque os ‘olheiros’, sempre bem armados, são colocados em pontos mais altos, em locais estratégicos, cobertos pelo mato ou em lajes. Ali, bem protegidos, eles conseguem ter visão privilegiada do asfalto e quem está lá na parte baixa, acaba se transformando em um alvo fácil”, afirma um experiente policial, integrante da Subsecretaria Operacional da Secretaria de Segurança.

A polícia acredita que os traficantes que se envolveram no tiroteio com equipes do 12ºBPM (Niterói) que tentavam impedir a realização de um baile funk na Travessa 600, num dos acessos ao Morro Souza Soares, na madrugada do último sábado, tiveram auxílio de atiradores posicionados nesses pontos estratégicos. Foi durante esse tiroteio que uma idosa de 61 anos acabou ferida dentro do Hospital Santa Martha, uma das principais referências na área de saúde da Zona Sul de Niterói.

Internada no quarto 306 da unidade desde o último dia 23 para tratar de um problema na vesícula, ela foi atingida na cabeça por um tiro e ainda corre o risco de perder a visão. Em uma ação audaciosa, os criminosos, após o confronto, reiniciaram o baile após a polícia ter deixado o local.

Até jornalistas já foram alvo dos atiradores na Mário Vianna. Em maio de 2015, o fotógrafo de uma das equipes de imprensa que acompanhava uma operação conjunta do 12ºBPM e do Batalhão de Operações Especiais da PM (Bope), foi atingido por um tiro no braço direito, mas por sorte, o ferimento não foi grave.