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O som do coração, o som da vida!!!

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 11 de setembro de 2016 - 11:22
No dia 07 de setembro, quarta-feira passada, tivemos dois eventos de grande importância. Pela manhã, as batidas dos tambores marcavam os passos dos soldados na sua marcha em homenagem à Independência do Brasil, uma independência que anda esbarrando pelos cantos de uma política desgastada e meio sem rumo. Mas, apesar disto, as batidas destes tambores ainda marcam os passos de nossa alma e ressoam nos nossos corações, num ritmo verde e amarelo, marcando as batidas de nossa esperança. 
À tarde, a Abertura da Paralimpíadas. Chego ao Maracanã e sinto a alegria de uma criança quando vê um brinquedo pela primeira vez: 50 mil pessoas, muitas com camisas verde e amarela e bandeiras esvoaçando nas mãos. Uma animação contagiante se espalhava por aquela segunda cena de brasilidade a que assistia no mesmo dia. 
Às 18h15, teve início o espetáculo intitulado “Todos têm coração”. A contagem regressiva para iniciar o show foi feita pelos 50 mil espectadores. Quando as vozes gritaram o número 1, focos de luz brilharam sobre uma megarrampa de onde e por onde o atleta cadeirante Aaron Wheetz se lançou. A uma grande velocidade, atravessou o número zero, que estava na ponta da rampa, deu um salto mortal e caiu sobre um colchão, para delírio do público. Rodas que andam pelas pessoas com dificuldades de locomoção, entram no recinto, grandes, girando, passeando em volta de uma roda de samba. Viva a roda! Roda viva!
De repente, o paratleta Daniel Dias, detentor de 11 medalhas de ouro em paralimpíadas, atravessa o palco, nadando. A piscina vira praia com tudo a que tem direito: surfistas, barracas, areia, água, vendedores de mate e muito mais. As barracas, então, se transformam numa enorme bandeira do Brasil que tremula ao som do Hino Nacional, tocado divinamente pelos dedos e mãos retorcidos do maestro João Carlos Martins. 
Foi lindo ouvir o som do silêncio das 50 mil pessoas emocionadas, que mal conseguiam respirar. Ao meu lado, enquanto o hino tocava, alguns puseram a mão no peito, como se quisessem segurar o próprio coração. As luzes se apagam e bailarinos com bastões iluminados, representando guias usadas pelas pessoas com deficiência visual, fazem belíssima coreografia.
Na hora do revezamento da tocha, momento de pura tensão! A ex-velocista, Márcia Malsar, que ajudou a impulsionar o esporte paralímpico, ao ganhar, em 1984, nos Jogos de Nova York - Stoke Mandeville, medalhas de ouro, prata e bronze, recebeu a tocha olímpica e iniciou seu périplo. As passadas que já haviam sido velozes, seguiam lentas.
Com a bengala numa das mãos e a tocha na outra, dava firmes e indecisos passos, acompanhados pelo silêncio do público que, mentalmente, dava-lhe força para vencer aqueles poucos longos metros que a separavam da outra atleta. Desequilibrou-se, caiu, levantou sozinha e continuou seu trajeto vitorioso. Mostrou porque  recebeu as medalhas que recebeu e porque estava naquela posição de destaque. Ali, ela, no seu silêncio, gritou a todo pulmão: - Eu ainda posso!!!! Márcia representou, para mim, a última peça do quebra-cabeça que foi montado no palco, quando, colocada pelas mãos do seu criador, Victor Muniz, fez surgir um coração batendo. Era o coração de Márcia que batia pelo futuro de todos os atletas que tinham seus rostos ali estampados: força, garra, superação em qualquer tempo.
Dançarinos cegos, bailarina com próteses duplas dançando com um robô, escadas que se abriram como num passe de mágica formando rampas para que o nadador brasileiro, Clodoaldo Silva, pudesse ter acesso a um plano mais alto e acender a Pira Olímpica giravam entre a fantasia das projeções e a realidade dos feitos. 
E o que dizer da entrada da Bandeira Olímpica, trazida por crianças com deficiência motora, ligadas a seus pais por uma espécie de macacão e uma bota que os unia? E do sorriso estampado no rosto das crianças? É o sonho se fazendo realidade. É o som do coração, o som da vida! É a crença na possibilidade do impossível! 
- Yes, I can! Sim, Eu posso!!

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