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Histórias de Santo Antônio

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 19 de junho de 2016 - 11:00
  Estamos em junho. Mês com igrejas em festa, povo em volta, barraquinhas de lembranças, de jogos, de comidas. Um mês que exalta três santos: Antônio, João e Pedro. É uma celebração da nossa cultura. A cultura, expressão da construção humana, arquiteta-se através de diálogo entre as pessoas do povo. Nessa dinâmica interativa, edificam-se símbolos e significados de grande importância para aqueles que os vivem e os compartilham.
São crenças e histórias passadas de geração em geração e impregnadas, muitas vezes, de uma fé intensa. Nesta semana, vivemos o dia de um dos santos mais queridos em quase todo o mundo: Santo Antônio. Embora batizado de Fernando, ao tornar-se frade escolheu chamar-se Antônio, que significa “propagador da verdade”, pois era isto mesmo que ele desejava: difundir a verdade de sua fé, dos Evangelhos e viver seu amor em Cristo. A história do “Pão e Santo Antônio” é um dos muitos símbolos assimilados pelo povo na dinâmica interativa da cultura popular e religiosa e que remete à oração do Pai: “o pão nosso de cada dia nos daí hoje”.
Conta-se que, certa vez, Antônio distribuiu aos pobres, toda a remessa de pães feita para os frades do Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra, lugar onde vivia. Quando o frade padeiro olhou os cestos de pães e os viu vazios, assustou-se. Foi, então, contar a Antônio, perguntando-lhe o que fazer. Antônio, então, solicitou ao padeiro que voltasse aos cestos para se certificar do acontecido. O homem voltou e, abismado, viu os cestos repletos de pão. Há muitas outras crenças sobre Santo Antônio, inclusive a de ser ele um santo casamenteiro. Por quê? Reza a lenda que, certa vez, em Nápoles, havia uma moça pobre, cuja família não podia pagar o dote para que ela se casasse, um costume da época. Angustiada, a moça ajoelhou-se ao pé da imagem de Santo Antônio e, cheia de fé, pediu-lhe ajuda. Milagrosamente, o santo entregou-lhe um bilhete e orientou-a a procurar um determinado comerciante que devia dar a ela tantas moedas de prata quanto fosse o peso do papel que levava. O homem realizou feliz a ordem do santo, já que o peso do papel era insignificante. No entanto, para surpresa de ambos, foram necessários 400 escudos de prata para que a balança se equilibrasse.
O homem, então, lembrou-se de que não pagara uma promessa feita ao santo. Daquele modo delicado, Santo Antônio fez a cobrança, atendendo aos dois: a ele, pagar o prometido e à moça, casar-se. A partir daí, Antônio recebeu o título de “Santo Casamenteiro”. Há ainda a história de uma moça muito bonita, porém solteirona. Já sem esperanças de casar, adquiriu uma imagem do santo, colocou-a num pequeno oratório e, todos os dias, oferecia flores ao santo e rezava para arranjar um marido. Depois de semanas, meses e anos sem sucesso, tomou-se de indignação e atirou a imagem pela janela. Exatamente naquela hora, um cavaleiro que passava pela rua foi atingido pela imagem do santo.
Ele a pega, sobe até a casa da dona da janela de onde viera a imagem e a entrega à jovem. Apaixonam-se e a jovem atribui o fato à fé por Santo Antônio. Dizem que um povo sem raízes acaba se perdendo na multidão. As histórias aqui narradas são histórias dos devotos. São crenças abrasadas no âmago dos piedosos. São raízes entranhadas na alma do povo. O milagre do pão, do dote da moça italiana, da imagem atirada pela janela, dentre outros tantos, fez com que Santo Antônio criasse raízes no coração dos fiéis. O ato de doação de pães, com o tempo, transformou-se numa instituição assistencial que fornece pão aos carentes, seguindo o exemplo do santo. Esta obra cresceu e hoje é conhecida em toda parte.  

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