Reportagem revela amizade entre Witzel e advogado de traficante
Ex-juiz, candidato ao governo do Estado do Rio, é acusado de tentar esconder 'amizade perigosa'
O ex-juiz federal Wilson Witzel (PSC), que disputa o segundo turno da eleição ao governo do Estado do Rio contra o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM), é acusado de tentar esconder uma ‘amizade perigosa’. Segundo reportagem da revista Veja, Wilson Witzel mantinha até pouco tempo relações íntimas com o advogado Luiz Carlos Cavalcanti Azenha, condenado a três anos de prisão por ajudar na tentativa de fuga do traficante Antônio Bonfim Lopes, o Nem da Rocinha.
De acordo com a Veja, até pouco tempo Azenha participava da campanha de Witzel, mas foi afastado sem maiores explicações. Ao contrário do que o juiz afirma, de que o advogado era apenas um dos mais de 5 mil ex-alunos dele, a revista teve acesso a fotos e mensagens quem comprovam a relação íntima entre os dois.
Luiz Carlos Azenha foi detido em 2011, quando descia a Rocinha dirigindo o seu carro com o traficante Nem escondido no porta-malas do veículo. De acordo com os agentes, Azenha teria oferecido suborno para ele o traficante não serem presos.
Conforme a revista, o advogado disse que logo depois do juiz Witzel deixar a magistratura para se filiar ao PSC, em fevereiro desse ano, ele teria, “em nome da amizade”, se tornado “uma espécie de coordenador da campanha”, responsável por organizar almoços e jantares, além de angariar doações para o PSC.
À Veja, Azenha admitiu que foi surpreendido, pelo então amigo Witzel, na reta final do primeiro turno, que teria bloqueado seu número no celular e mandado recados para que se afastasse da campanha e ficasse quieto. A revista cita declarações, entre aspas, do advogado: “Que eu ficasse quieto, que depois a gente conversava e que me daria um cargo no governo. Ele é pior do que o Nem”.
Em mensagens de whatsapp entre os dois, Azenha informa que Witzel havia sido elogiado num evento, depois de ir embora. O juiz responde: “Você me representa”.
Paes - Num vídeo enviado a seus eleitores, o ex-prefeito do Rio, Eduardo Paes, critica o rival e o acusa de ter mentido durante os debates, ao negar a relação de amizade com o advogado de Nem. Na gravação, Paes relembra detalhes da tentativa de fuga de Nem da Rocinha e afirma que já havia mostrado as relações entre Wilson Witzel e o advogado Luiz Carlos Azenha, desde o início da campanha.
No vídeo, Eduardo Paes também faz menções aos serviços que Witzel teria prestado para Hudson Braga, ex-secretário do governador Sérgio Cabral e réu na Lava-Jato.
“A gente vem falando dessas relações íntimas já há algum tempo. Hoje a Veja mostra claramente, o advogado resolve falar dessas relações. Mostra que são amigos íntimos há muito tempo. E o Witzel negando, dizendo o tempo todo que a relação era de professor e ex-aluno. A gente vai conhecendo aos poucos quem é esse personagem obscuro que eu estou enfrentando nas eleições. Está na hora de o Rio acordar e ver quem é que tem ligações com criminosos da Lava-Jato”, disse Paes no Twitter.
A assessoria de Witzel informou que ele nunca negou conhecer Azenha, e que teria tido “conversas políticas” após a entrada dos dois no PSC. Witzel negou ter ofertado cargo ao advogado e defendido o ex-secretário estadual Hudson Braga.