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Cenário político é de dúvidas para as eleições 2018

Muitos nomes disputarão governo do Rio e presidência

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 21 de maio de 2018 - 11:25
Romário (Podemos) espera repetir votação expressiva que o colocou no Senado
Romário (Podemos) espera repetir votação expressiva que o colocou no Senado -

Por Elena Wesley

Nebuloso e cheio de dúvidas. Assim poderia ser definido o cenário eleitoral do Estado do Rio de Janeiro em 2018. Apesar de algumas pré-candidaturas já terem sido confirmadas, nomes de ex-gestores ainda podem se tornar realidade para o pleito. Nesse último caso, estão inseridos o ex-prefeito da capital, Eduardo Paes, e o ex-governador Anthony Garotinho.

No último dia 10, Paes conseguiu uma liminar que derrubou momentaneamente a decisão de inelegibilidade de oito anos. A determinação do ministro Jorge Mussi, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), tem validade até o julgamento pelo TSE. Paes é acusado de contratar, por R$ 7 milhões dos cofres públicos, uma empresa responsável por elaborar o plano de governo para a candidatura do ex-secretário Pedro Paulo, que também é réu no processo. Caso vença na Justiça, Eduardo Paes será candidato pelo DEM, ao qual se filiou em abril. Esta foi sua sétima troca de legenda na carreira. No currículo há passagens pelo PV, duas pelo PFL (atual Democratas), PTB, PSDB, MDB e agora um retorno ao DEM, sob nova nomenclatura.

Garotinho também foi agraciado por determinação judicial recente. No início do mês, o TSE confirmou a liberdade concedida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, em dezembro de 2017. O ex-governador responde a processos por corrupção, falsidade na prestação das contas eleitorais e suposta compra de votos. Expulso do PR em janeiro, Garotinho se filiou em abril ao PRP e deve ter como vice o ex-deputado Brizola Neto. Depois de arriscar uma candidatura a prefeito de São Gonçalo em 2016, Brizola deixou o PDT para ingressar no PPL.

Confirmados - O deputado estadual Pedro Fernandes é o pré-candidato do PDT. Filho da vereadora Rosa Fernandes, o dentista de 35 anos foi secretário do governador Luiz Fernando Pezão e secretário do prefeito do Rio Marcelo Crivella. Romário vai concorrer pelo Podemos e tem a seu favor a expressiva votação ao Senado Federal, quando conquistou mais de 4,6 milhões eleitores. Nos bastidores, especula-se o desejo de Índio da Costa de formar chapa com o "eterno baixinho", porém o deputado federal negou a possibilidade de aliança e confirmou que será candidato, com o apoio da direção nacional da legenda. Índio disputou as últimas eleições à Prefeitura do Rio, em 2016, quando obteve cerca de 250 mil votos.

A região está representada pelo candidato do PC do B, Leonardo Giordano, que cumpre segundo mandato como vereador em Niterói. O juiz federal Wilson Witzel é a aposta do PSC. O Psol deve lançar novamente o professor Tarcísio Motta, que teve 700 mil votos em 2014. Ainda não há confirmação sobre quem será o vice da chapa.

Especialista avalia cenário

A cientista política Clarisse Gurgel não vê nenhuma candidatura forte para ocupar o Palácio Guanabara.

“Não vislumbro nenhuma em grande potencial. Romário é um nome de força, mas precisa da estrutura do partido para superar a máquina que ainda está nas mãos do PMDB. A não ser que o senador ganhe autonomia e ultrapasse as decisões do partido quanto à candidatura. Caso ele aproveite essa onda de flexibilização dos partidos, essa expectativa por novas relações com a população, ele pode surfar nos desvios do MDB”, avalia.

A especialista acredita que o MDB carioca vá buscar apoio em legendas mais conservadoras, como PSDB e DEM, para superar a crise.

“O MDB vive hoje uma reestruturação empresarial e política. As condenações prisões e envolvimento com milícias os obriga a se afastar dos escândalos e aceder a outras forças. Mas apesar disso, ainda tem força no Rio e capacidade de eleger”, projeta.

Para a professora de Ciência Política da Unirio, Eduardo Paes corre na frente de Garotinho.

Brasil - A nível nacional, Clarisse comentou as semelhanças entre as eleições 1989 e 2018.

“Semelhante à redemocratização, há a inauguração de uma nova época. Muitos nomes aparecem crendo ou se intitulando como alternativa para acabar com a era Lula. A pulverização se baseia na suposição de que está acontecendo uma limpa nos quadros tradicionais pelo próprio desgaste da política. Há pouco diálogo, pouco debate público e a condenação da política, com uma fantasia de que as soluções individuais se assemelham às sociais. Uma esfera menos democrática e mais elitista, o Judiciário, se fortalece, assim como os setores conservadores. A intervenção federal permitiu que velha guarda se revitalizasse em combinação a novos que pensam no mesmo sentido”, compara.

Clarisse também acredita na possibilidade de não haver eleições, caso o ex-presidente Lula consiga se candidatar.

“Ainda vivemos sob esse risco, de não haver. Com Lula preso, a tendência é que haja eleição”, conclui.

Presidenciáveis formam longa lista


À semelhança do Estado do Rio, à corrida à Presidência também está marcada por uma dúvida crucial: se Lula poderá ou não ser candidato. Pela lei, mesmo preso, o ex-presidente poderia ser o candidato do PT, enquanto não for condenado.

O deputado federal Jair Bolsonaro, que deixou o PSC para se filiar ao PSL, é um dos nomes mais fortes para o pleito, seguido pela ex-senadora Marina Silva, que deve emplacar a terceira candidatura consecutiva ao cargo, dessa vez pela legenda que fundou, a Rede Sustentabilidade.

Além de Marina, outros ex-ministros estão confirmados: Aldo Rebelo, que foi ministro do Esporte de Dilma Rousseff. Aldo deixou o PC do B após 40 anos na legenda e se filiou ao PSB na expectativa de concorrer. Sem indício de ter o desejo acatado, já que o partido namorava o jurista Joaquim Barbosa, acabou migrando para o Solidariedade.

Ministro de Itamar Franco e de Lula, o ex-governador do Ceará Ciro Gomes é o nome do PDT. Guilherme Afifi Domingos, que foi ministro-chefe de Dilma, representa o PSD no pleito. O empresário esteve à frente do Sebrae e ajudou a difundir a importância de investimento público em cursos de qualificação profissional.

Geraldo Alckmin (PSDB) se utiliza da experiência à frente do governo de São Paulo para concorrer mais uma vez. O tucano foi derrotado por Lula em 2006. O presidente da Câmara Federal, deputado Rodrigo Maia é o escolhido dos Democratas para a disputa. Ainda que tenham candidatos próprios, o MDB, o PSC e o Solidariedade enviaram representantes ao lançamento da campanha de Maia. O MDB pretende lançar Henrique Meirelles, que deixou o ministério da Fazenda em obediência à legislação eleitoral; e o PSC quer Paulo Rabello, que tem passagens pelo BNDES e pelo IBGE.

A deputada estadual Manuela d’Ávila mira Brasília pelo PC do B. Além da parlamentar, somente mais uma mulher é candidata: a ativista sindical sergipana Vera Lúcia, do PSTU, que forma chapa com o professor Hertz Dias, da rede pública de ensino do Maranhão.

Também ligado a movimentos sociais, o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) Guilherme Boulos foi o nome escolhido pelo Psol. Já o PRB revelou o ex-deputado federal Flavio Rocha, que é proprietário de uma das maiores lojas de departamento do país.

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