Instagram Facebook Twitter Whatsapp
Dólar R$ 5,1957 | Euro R$ 5,5298
Search

"Não abro mão de ter Aparecida Panisset compondo nosso governo."

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 10 de setembro de 2016 - 12:00
Imagem ilustrativa da imagem "Não abro mão de ter Aparecida Panisset compondo nosso governo."

Neto do ex-governador Leonel Brizola, falecido em 2004, Carlos Daudt Brizola, o Brizola Neto, 37, é candidato a prefeito de São Gonçalo, junto com a irmã da ex-prefeita Aparecida Panisset, Marilene, sua vice. Brizola Neto afirma que vai representar o legado das duas famílias, caso eleito. “Tenho visto, com, alegria o encontro do eleitorado brizolista com o de Aparecida Panisset. Além do mais, a presença da ex-prefeita na nossa campanha não se esgota no pleito. Faço questão de te-la ao meu lado na nossa gestão”, disse.

O SÃO GONÇALO - Dos nove candidatos, o senhor é o único que não exerceu cargo político ou militou politicamente na cidade. Que impressão isso pode causar no eleitor?

BRIZOLA NETO - Acho que esse debate ficou um pouco esvaziado desde a última eleição, em que o atual prefeito usou muito isso contra o outro candidato, que rivalizava as principais intenções de voto e foi ao segundo turno com ele. E acho que fez uma gestão que deixou a população de São Gonçalo descontente. De certa forma, discordo porque tive dois mandatos como deputado federal, que atua no Estado inteiro. Tanto é que eu fiz um número considerável de emendas direcionadas para São Gonçalo, principalmente na primeira legislatura. Eu mandei aproximadamente R$10 milhões em emendas para São Gonçalo e eu era colega do atual prefeito, Neilton Mulim, que para nosso espanto não mandou nada de emenda para São Gonçalo. Então, acho que a questão da natalidade não é relevante. O importante é a gente saber o que precisa ser feito, conhecer a cidade e os indicadores econômicos do município. Acho que o eleitorado se decepcionou muito com o “filho da terra”, que se elegeu com esse discurso.

OSG - Ter o sobrenome Brizola no atual momento político de divisão entre direita e esquerda, é ruim ou bom? Como o senhor vê isso?

BRIZOLA NETO - Eu tenho muito orgulho de ser neto do Brizola. Primeiro pelo o que siginifica, do ponto de vista ideológico, o “Brizolismo”, que é uma continuidade do trabalhismo e sem dúvida é o caminho para o desenvolvimento brasileiro, para a emancipação do nosso povo. E, em segundo, porque no momento em que a questão ética está sendo tão evidenciada, o Brizola é uma referência ética. Ele teve 60 anos de vida pública, enfrentando os maiores interesses e teve uma trajetória imaculada. As pessoas podiam discordar do que ele defendia politicamente, mas nunca puderam questionar seu comportamento ético. Brizola hoje, além de ser uma referência política, transformadora e revolucionária, é um patrimônio ético do povo brasileiro. Eu tive o privilégio de ter dentro de casa o exemplo como foi Leonel Brizola.

OSG - O senhor já foi Ministro do Trabalho, deputado federal e vereador no Rio. O senhor participou de três esferas em dois poderes diferentes. O senhor está procurando se encontrar politicamente com essa candidatura à prefeitura de São Gonçalo?

BRIZOLA NETO - A candidatura é fruto de processo político que aconteceu na cidade de São Gonçalo. O PDT teria uma candidata natural, que era a ex-prefeita Aparecida Panisset. Mas houve um grande enredo, que posso chamar até de uma covardia que fizeram com ela. Mesmo assim o PDT não abriu mão de ter uma candidatura própria, o partido sempre protagonizou as eleições em São Gonçalo e certamente é o partido mais querido pela população gonçalense. Tem dois grandes legados a serem defendido. Primeiro é o da prefeita Aparecida Panisset, que tenho tido o prazer de andar com ela nas ruas e ver o reconhecimento que o povo tem dos oito anos em que foi prefeita. E o legado do governo de Leonel Brizola, que até hoje é o governador mais lembrado pela população de São Gonçalo. Então, com um patrimônio desse, o PDT não ia abrir mão de uma candidatura própria e a gente veio para cá justamente para isso, sabendo dessa grande articulação que se fez para impedir Aparecida a ser candidata nas eleições municipais. Sou muito honrado de ter o nome indicado pelo partido e pela própria Panisset.

OSG - Qual a análise que o senhor faz de seus principais adversários?

BRIZOLA NETO - Não vale a pena, a gente fazer uma análise pessoal. O que eu acho que é importante é a gente saber que São Gonçalo atravessa um momento muito difícil. O município tem uma das piores arrecadações per capitas de todo o Estado, que passa por um esvaziamento econômico muito grande e que tem os mais sofríveis indicadores sociais de todo o Brasil. Então, isso é um pouco do reflexo da classe política que dirige o município e tenho certeza que a população de São Gonçalo quer superar essa classe política. Muitos candidatos que estão concorrendo ao pleito são vereadores, prefeito, outros deputados e até agora nada mostraram em favor da população de São Gonçalo.

OSG - O que de legado da história do seu avô, o senhor traz para essa candidatura?

BRIZOLA NETO - Existe um legado muito forte na cidade de São Gonçalo do governo Brizola. Muitos programas que aconteceram aqui, como “Uma Luz na Escuridão”, “Prosanear”, que trouxe água para diversas comunidades da cidade; programa “Cada Família Um Lote”, que assentou milhares de famílias em São Gonçalo. Sem dúvida nenhuma, a questão principal do legado do Brizola são os CIEPs, as escolas de tempo integral que carinhosamente foram apelidadas de “Brizolões”. São cerca de 50 CIEPs, entre municipais e estaduais, aqui em São Gonçalo, e a gente quer ofertar para as crianças daqui um ensino fundamental com educação pública em tempo integral com modelo pedagógico dos CIEPs. Esse é o principal legado que queremos resgatar e dá para fazer, temos feito estudos sobre o orçamento e temos a certeza que dá.

OSG - Qual sua principal proposta para concorrer ao cargo?

BRIZOLA NETO - O resgaste dos “Brizolões”, porque a educação é a base de tudo. A gente sabe que São Gonçalo tem muitos problemas a serem superados. O sistema de saúde está colapsando. Temos um grave problema de mobilidade urbana. A questão do saneamento também é muito grande, São Gonçalo tem cobertura de esgoto apenas de 1,8% de recolhimento e tratamento de esgoto. O investimento na educação, diante das dificuldades, é fundamental. Então, precisa se fazer um esforço para recuperar essa rede de escolas, se investir no professor, criando um plano de cargos e salários que remunere bem o professor, que incentive o profissional a migrar das matrículas de 16 e 22 horas para as matrículas de 40 horas, para que tenham dedicação exclusiva.

OSG - As últimas pesquisas apontam um empate técnico entre o atual prefeito e outros dois candidatos. Se o senhor for para o segundo turno, qual seria a estratégia para estabelecer alianças? Se caso não for, pretende apoiar alguém?

BRIZOLA NETO - Ainda não tenho dados seguros sobre as pesquisas que têm chegado. O que a gente sabe é que passamos a ter um crescimento muito grande nas últimas semanas. A gente teve o desafio de informar o povo gonçalense que o PDT tinha uma candidatura própria e que tinha o apoio da Aparecida Panisset. Então, estamos muito confiantes que vamos para o segundo turno e estamos abertos a fazer uma discussão com todos os candidatos que participam do pleito, mas que não concordam com a gestão do atual prefeito. A gente quer fazer um grande arco de alianças para o segundo turno com candidatos que são oposição ao governo Mulim.

OSG - A princípio, chegou a ser cogitado o nome de Lázaro Santana, do PT, como candidato a vice-prefeito na sua chapa. O que fez o quadro mudar para trazer Marilena Panisset, do PRP, irmã da ex-prefeita Aparecida Panisset, que não tem história política na cidade?

BRIZOLA NETO - Na verdade, não foi cogitado. Fomos construindo uma aliança com outros partidos e é natural nesse processo que os partidos pleiteiem a composição da chapa majoritária, mas houve um entendimento geral da coligação de que o nome da irmã da prefeita agregava muito valor à chapa. Não só por trazer o “Panisset”, mas pelo o que a Marilena representa. Apesar de ser muito discreta, ela teve uma participação efetiva no governo Panisset e é uma professora que pode contribuir muito para nossa gestão. Então, a gente fica muito honrado de ter a Marilena Panisset. Não houve nenhum constrangimento com os partidos que compõem a aliança sobre a escolha do nome dela.

OSG - No seu jingle, o senhor afirma ser o “novo Brizola, agora com Panisset”. Não acha que pode confundir o público já que a vice é a irmã da ex-prefeita? Ou isso é intencional?

BRIZOLA NETO - Isso é um pouco do desespero dos adversários. Inclusive, eles encaminharam uma ação que foi rapidamente derrubada pela Justiça Eleitoral. O mandado de segurança diz que nossa propaganda está correta, está seguindo todos os parâmetros da nova legislação eleitoral e eles não podem querer mudar meu nome. Eu sou neto de Leonel Brizola e carrego com muito orgulho o nome dele. Assim, como a Marilena é irmã da ex-prefeita e carrega com muito orgulho o nome da sua família. Tenho visto com muita alegria o encontro do eleitorado brizolista com o eleitorado da Aparecida Panisset. Além do mais, a presença da prefeita na nossa campanha não se esgota no pleito. Faço questão de ter do meu lado, na nossa gestão na prefeitura de São Gonçalo, toda a experiência e eficiência que a Aparecida teve nos oito anos em que foi prefeita. Não abro mão de ter Aparecida Panisset compondo nosso governo.

OSG - O senhor acha que seu avô, se fosse vivo, votaria no senhor?

BRIZOLA NETO - Não gosto de falar isso, porque acho uma ousadia muito grande querer se colocar na cabeça do Brizola. Sempre tive muito incentivo do meu avô, tive o privilégio de trabalhar 10 anos da minha vida ao seu lado, fui candidato com ele quando ele se lançou prefeito e eu vereador do Rio, em 2000. Tive também muito incentivo para militar dentro do partido. Agora, não tenho a ousadia de dizer o que o Brizola faria se fosse vivo, porque aí é ter a pretensão de dizer que você tem a cabeça do Brizola e ele sempre tinha essa capacidade de surpreender as pessoas. Quando todo mundo ia em uma direção, ele com toda clarividência vinha na direção contrária. Agora tenho certeza que ele ia olhar com muito bons olhos um neto dele que tenha coerência e compromisso com o legado que ele deixou.

Matérias Relacionadas