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‘Princesa’ começou a viver ‘amor bandido’ em presídio

Só em 2017, 13 viagens para paraísos turísticos

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 25 de agosto de 2017 - 07:00
No prédio onde morava, em Icaraí, Princesa não levantava suspeitas por causa do jeito muito discreto
No prédio onde morava, em Icaraí, Princesa não levantava suspeitas por causa do jeito muito discreto -

Por Thuany Dossares e Daniela Scaffo

Criada numa família de classe média, na Alameda São Boaventura, no Fonseca, Zona Norte de Niterói, Angela Cristine Polisseni, a Princesa, de 39 anos, acabou se encantando pela vida criminosa.

Filha de um policial civil, ela seguiu o caminho oposto ao do pai - que chegou a ser lotado na 78ªDP (Fonseca), mesma delegacia que a prendeu durante as investigações da operação Background. E se apaixonou por uma das lideranças da facção Comando Vermelho (CV) na região e chefe do tráfico da favela Nova Brasília, na Engenhoca, Luiz Cláudio Gomes, mais conhecido como Pão com Ovo.

O ‘amor bandido’ resultou na prisão da ex-patricinha, na última quarta-feira, em seu apartamento em Icaraí, na Zona Sul, onde vivia uma verdadeira ‘vida de madame’, bancada pelo tráfico de drogas da comunidade, que chegava a movimentar cerca de R$ 1 milhão por mês.

De acordo com a polícia, Princesa conheceu Pão com Ovo dentro da cadeia, em meados da década de 1990, já que ele foi preso em 94 e ficou detido até 2009. Foi durante as visitas íntimas, inclusive, que ela chegou a engravidar do único filho do casal, que atualmente tem 18 anos.

A Bibi Perigosa de Niterói - personagem vivido pela atriz Juliana Paes, na novela da Rede Globo, A Força do Querer - chegou a ser nomeada assessora da Secretaria Executiva e de Planejamento da Prefeitura de Niterói, mas foi exonerada em 2009.

Só em 2017, 13 viagens para paraísos turísticos

Segundo a apuração da distrital, após a prisão de Pão com Ovo, Princesa teria passado a ser o elo dele com os traficantes, já que ela possuía contato direto com ele no presídio, além de ser muito temida na favela Nova Brasília, onde controlaria os negócios do marido com ‘mãos de ferro’.

No entanto, ela vivia uma vida dupla. Na Zona Sul, morava num apartamento de luxo, tinha motorista particular para dirigir seu Kia Sportage, de mais de R$ 90 mil, personal trainer, e frequentava os mais caros salões de beleza, lojas de grife e restaurantes da alta sociedade niteroiense.

De acordo com as investigações, não era só em Niterói que a esposa do traficante ostentava. Somente neste ano, ela fez 13 viagens; e entre os destinos estavam Cancún, no México, e o litoral de Fortaleza, no Ceará. A cidade nordestina, inclusive, foi onde Pão com Ovo foi preso, em 2015, se passando por pastor evangélico e jogador de futebol de um clube da segunda divisão dos Emirados Árabes.

Outros casos também foram parar nas páginas policiais

Não é a primeira vez que mulheres de classe média se envolvem com traficantes e a aventura acaba estampada em páginas de jornal.

A estudante de Direito Bruna Raggio Gritta Hagge viveu uma história semelhante, quando se envolveu com o líder da venda de drogas da favela da Grota e do Complexo do Viradouro, na Zona Sul de Niterói, Luiz Claudio Santanna, o Lico.

Ela - que morava no bairro Usina, na Tijuca, Zona Norte do Rio - conheceu o traficante quando ainda era estagiária e coordenou uma exposição de arte, produzida pelos detentos do Complexo de Gericinó, em Bangu, onde Lico encontrava-se preso.

Bruna foi presa, em 2011, acusada de lavar o dinheiro adquirido pelo companheiro com o comércio de entorpecentes. Ela também chegou a trabalhar na Prefeitura de Niterói, mas foi exonerada, em janeiro de 2009 - assim como Princesa.

Outra que viveu um ‘amor bandido, foi Francelle Pacheco Kloster, a Diabinha do Tráfico, filha de empresários gaúchos, que se aventurou num romance com Maico dos Santos de Souza, o Gaguinho da Coruja,

Psicólogo explica fatores que influenciam relacões

O psicólogo do Instituto de Saúde Mental e do Comportamento (ISMC), Diogo Bonioli, explicou que tem alguns fatores que chamam atenção das pessoas para esta forma de envolvimento entre as mulheres com traficantes, entre eles a necessidade de poder e a de controlar o próprio medo.

“Diante do sistema econômico e educacional que temos, o investimento obrigatoriamente é em longo prazo e de alto custo físico, emocional e financeiro, desta forma o envolvimento com traficantes ofereceria ostentação, poder e destaque sem nenhuma forma de esforço, lícito ou ilícito”, explicou.

Diogo ainda disse que a falta de modelos eticamente estabelecidos, fazem criar na figura do tirano e do fora da lei um anti-herói a ser conquistado para que seja o defensor e provedor para aquela apaixonada que passa por um tempo de penúria.

“O amor existe, mas a questão a responder é amor a quem? É muito notório nas cenas de ostentação flagradas com pessoas envolvidas amorosamente com traficantes que existe um componente narcísico”, disse.

Leia mais sobre o caso:

‘Princesa’ do tráfico levava uma vida de luxo em Niterói

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