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Carpinteiro é baleado ao ser confundido com traficante

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 22 de abril de 2017 - 10:50
 Familiares e amigos de Milton (detalhe) fizeram protesto para pedir justiça
Familiares e amigos de Milton (detalhe) fizeram protesto para pedir justiça -

O carpinteiro Milton dos Santos da Cruz, de 34 anos, foi baleado, na última quarta-feira, durante uma operação policial, no bairro do Jardim Bom Retiro, em São Gonçalo.

De acordo com testemunhas, a vítima estava com uma enxada nas mãos, colocando aterros em buracos na rua, quando teria sido confundido com bandidos, que costumam instalar barricadas de forma semelhante.

A operação teria ocorrido por volta das 10h. Os policiais chegaram ao local em dois veículos, uma viatura e outro carro descaracterizado, de cor prata. Os agentes passaram pela Rua Pacheco Lopes e observaram os moradores, que fechavam os buracos com o aterro comprado por um vizinho.

Logo em seguida, após cerco ao local, um dos policiais teria descido e rendido todos os moradores. Quando ele os revistava, um outro suposto policial - que usava bermuda marrom e camisa preta com a inscrição ‘Polícia’ - teria atirado em direção ao grupo. Todos correram assustados, exceto Milton, que ficou parado gritando que era trabalhador. O carpinteiro acabou sendo atingido por dois disparos.

Após perceberem que o carpinteiro estava ferido, os moradores questionaram os PMs, que teriam dito que pediriam auxilio ao Corpo de Bombeiros, mas não retornaram. Antes de deixar a região, no entanto, eles teriam resgatado as cápsulas que ficaram espalhadas pelo chão.

Milton teve que ser socorrido por amigos e levado para o Hospital Estadual Alberto Torres (Heat), no Colubandê, onde permanece internado em estado grave.

Protesto - Inconformados com a ação, familiares e amigos da vítima fecharam uma das pistas da RJ-104, em Marambaia, sentindo Alcântara, e pediram justiça. Cerca de 150 pessoas participaram do ato. “Meu tio é trabalhador e aproveitou o horário do almoço para ajudar num mutirão para fechar os buracos da rua, que está intransitável. O policial chegou a insinuar que ele estava colocando barricadas. Isso é absurdo. Queremos justiça. A polícia não pode sair atirando em trabalhador sem nenhuma consequência. O trabalho de um policial é proteger e não ferir”, indignou se uma sobrinha da vítima, de 22 anos. Mãe do carpinteiro, a aposentada Maria dos Santos Amorim, 68, cobrou empenho nas investigações. “Meu filho é um homem correto, bom marido, trabalhador e bom filho. Criei meus quatro filhos com muito trabalho e dignidade. Todos são trabalhadores. Trataram meu filho como bandido. Negaram até o socorro. Se ele estava tapando os buracos da rua é porque faltam ações do poder público aqui. O bairro está largado e nós moradores temos que nos unir. Essa covardia não pode ficar impune. A polícia precisa ser mais bem preparada”, cobrou a aposentada. De acordo com policias da 74ªDP ( Alcântara), até ontem não havia registro deste caso na distrital. Através da assessoria de imprensa, a PM informou não ter ciência do episódio.

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