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Pai sobe morro na Vila Candoza para resgatar o corpo do filho

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 31 de março de 2017 - 09:30
 O pai levou o corpo em um lençol para uma praça do bairro
O pai levou o corpo em um lençol para uma praça do bairro -

Por Thuany Dossares

“Garoto novo, jogou a vida fora. Eu sabia que uma hora ele podia ser preso de novo, estar numa cadeira de rodas ou acontecer isso ai. Eu não queria que acontecesse, mas Deus sabe o que faz e eu entrego nas mãos dele”. Essas foram as palavras de um auxiliar de serviços gerais de 48 anos, que resgatou o corpo do próprio filho, Dhlucas Santos de Oliveira, de 19 anos, do alto de um morro em Vila Candoza, São Gonçalo, na manhã de ontem.

Dhlucas era morador da favela da Alma, na Amendoeira, e estaria integrando o tráfico de drogas da localidade. Na tarde de quarta-feira, ele foi executado a tiros no alto de uma pedra da comunidade vizinha. Momentos depois, o pai do rapaz recebeu uma ligação avisando que seu filho havia sido assassinado. O auxiliar de serviços gerais chegou a ir ao local, reconheceu o filho, mas nada pode fazer.

No início da manhã de ontem, com a ajuda de dois familiares, ele enrolou o corpo de Dhlucas no lençol e o desceu da pedra até a Rua Emogêneo Azevedo Coutinho, na praça da Vila Candoza, para poder acionar a polícia.

“Quando cheguei aqui, me mostraram o caminho, eu subi e o reconheci pela roupa, porque era a mesma que estava quando eu o vi de manhã. Ele estava com as mãos amarradas.

Vim aqui como pai para fazer o meu papel. Ele estava caido na pedra, lá em cima, ninguém ia ver. Se eu não descesse com o corpo, ninguém iria fazer isso. Achei melhor fazer isso para facilitar tudo”, narrou.

A vítima não morava com o pai, mas costumava visitá-lo. No dia do crime, momentos antes de ser morto, o encontro foi em tom de despedida. “Eu vi ele ontem(quarta-feira). Ele falou comigo, me abraçou, brincou comigo. Parecia até que ele sabia que seria a última vez. Eu ainda falei para ele ter cuidado, porque essa vida era perigosa e ele me respondeu: “pode deixar pai”,lembrou.

Emocionado, o auxiliar de serviços gerais recordou das dificuldades que passou para criar o filho.

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