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Festa de aniversário acabou em tragédia em S. Gonçalo

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 14 de março de 2017 - 08:30
Cerca de 500 pessoas acompanharam os enterros conjuntos das quatro vítimas da chacina em SG
Cerca de 500 pessoas acompanharam os enterros conjuntos das quatro vítimas da chacina em SG -

Por Renata Sena e Thuany Dossares

No dia em que comemorava o primeiro aniversário de sua única filha, o funcionário de uma empresa de iluminação pública, Jorge da Silva Barcellos Filho, 35, foi assassinado, no Rocha, em São Gonçalo, no final da tarde de domingo. Além dele, seus três primos, entre eles um sargento da PM lotado no 7ºBPM (São Gonçalo) também foram mortos e dois amigos da família baleados.

A Divisão de Homicídios de Niterói, Itaboraí e São Gonçalo (DHNISG), onde o caso foi registrado, tem como linha de investigação o latrocínio (roubo seguido de morte). “Estamos realizando diligências, procurando imagens de câmeras de segurança para identificar os autores”, declarou o delegado Fábio Barucke, diretor da especializada.

Na manhã de ontem, amigos e familiares de Jorginho, Everaldo Leckar da Silva, 46, Carlos Augusto Leckar Magalhães, 47, e do militar Luiz Alberto do Couto Neves, de 39 anos, foram até o Instituto Médico Legal (IML), em Tribobó, para liberar os corpos. Muito abalados, eles narraram como aconteceu toda a tragédia.

O mecânico de motos Alexandre Magno Rosa Dinunci, 40 - amigo da família -pegou a motocicleta Yamaha XJ6 branca do mecânico Carlos Augusto para resolver um problema no mesmo bairro. Quando retornava para a festa, ele foi abordado por homens armados de fuzis e pistolas, que ocupavam uma caminhonete Hilux preta. Os criminosos roubaram a moto e fizeram Alexandre de refém, ameaçando-o de morte caso o veículo disparasse o alarme. No interior do carro, já havia um outro rapaz, de 26 anos, que teve sua moto Honda CBR roubada.

Os bandidos passaram em frente onde a festa acontecia e o dono da Yamaha XJ6 percebeu que sua moto estava sendo pilotada por outra pessoa e que havia sido roubado. Neste momento, o PM, Everaldo e um amigo da família identificado apenas como Bruno, foram atrás do veículo no carro do sargento, um Honda Civic preto, e Jorginho e Carlos Augusto os acompanhou numa moto Yamaha YBR vermelha.

No entanto, eles foram surpreendidos pelos ocupantes da Hilux preta, que atiraram após a Yamaha XJ6 parar por causa do segredo. Na Avenida Humberto Alencar Castelo Branco, morreram o PM Luiz Alberto, Jorge e o eletricista Everaldo. O mecânico Carlos Augusto chegou a ser socorrido para o Hospital Estadual Alberto Torres (Heat), no Colubandê, mas não resistiu aos ferimentos. Alexandre também foi baleado, mas foi socorrido para o Pronto Socorro São Gonçalo (PSSG), no Zé Garoto, onde encontra-se internado em estado estável e deve receber alta daqui a dois dias. Já Bruno, conseguiu escapar da morte porque, segundo a família, se fingiu de morto entre o banco da frente e o traseiro do carro.

“Estávamos todos na festa, não tínhamos nem cantado parabéns. Estávamos alegres, brincando, ambiente familiar. Tudo isso aconteceu bem próximo de onde todos comemoravámos o aniversário da filha do Jorginho. Eles não foram nem para pegar ninguém, só queriam recuperar a moto, porque meu sogro percebeu que a moto iria parar”, falou o genro de Carlos Augusto, que preferiu não se identificar.

Filha do mecânico, a cabeleireira Joyce Marins Campos, 25, lamentou as mortes. “Era uma tarde de alegria, mas virou uma tragédia. A festa nem foi concluída, tinha começado há apenas uma hora. Meu pai era uma pessoa alegre, tranquila. Um trabalhador que deixou seis filhos”, desabafou.

O pai de Jorginho, Jorge Francisco Barcellos, de 57 anos, comentou sobre o momento de dor. “Estávamos no aniversário da primeira filha do meu filho, minha primeira neta. Era uma festa totalmente família, começamos cedo para acabarmos cedo e aconteceu tudo isso. O Jorginho se foi, mas a minha neta é um pedacinho dele que ficou para mim”, falou.

Despedida conjunta

Os corpos das quatro vítimas foram sepultadas no final da tarde de ontem, no Cemitério São Miguel, em São Gonçalo. Cerca de 500 pessoas estiveram presentes, mas durante a cerimônia fúnebre os amigos preferiram não comentar o caso.

O corpo do PM foi o primeiro a ser enterrado, seguidos pelos dos outros três, sem intervalo entre os cortejos.

Presente no velório, o coronel Rui França, comandante do 7º BPM (SG) falou sobre a violência na cidade. “Estamos criando novas estratégias e intensificando o patrulhamento nos locais. São Gonçalo é muito grande, mas estamos trabalhando para mudar esses números. Todos sofremos com as perdas. Hoje, a família militar também perdeu. Era um policial bom e que cumpria bem seu trabalho”, finalizou.

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