Casal e a filha de 9 anos são mortos dentro de casa em SG

Por Thuany Dossares

Um crime bárbaro destruiu uma família e chocou moradores de São Gonçalo. Na madrugada de ontem, um casal e sua única filha, de apenas nove anos, foram executados a tiros enquanto dormiam no apartamento onde moravam, na Rua Aurélio Pinheiro, no Barro Vermelho. De acordo com investigações da Divisão de Homicídios de Niterói, Itaboraí e São Gonçalo (DHNISG), as mortes podem ter sido motivadas por uma disputa familiar por bens.

Os corpos da dona de casa Soraya Gonçalves de Resende, de 37 anos, e da pequena Geovanna Resende Salgado, foram encontrados por vizinhos em cima das respectivas camas, por volta das 4h. O advogado Wagner da Silva Salgado, 42, presidente Comissão de Eventos e Convênios da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de São Gonçalo, chegou a ser encontrado com vida no chão do quarto e foi socorrido por bombeiros para o Hospital Estadual Alberto Torres (Heat), no Colubandê, mas não resistiu.

Vizinhos que socorreram o advogado, contaram que a porta do apartamento não havia sido arrombada e que, aparentemente, nada havia sido roubado do imóvel. Eles ainda falaram que não ouviram barulho de tiros e nem perceberam nenhuma movimentação estranha no prédio.

“Eu e mais um vizinho estávamos saindo para trabalhar quando vimos a porta aberta e ouvimos um gemido. Achamos estranho e entramos, e logo encontramos ele caído e a mulher e a filha sobre a cama. Uma cena horrível. Ficamos desesperados e começamos a ligar para bombeiros, mas infelizmente quando chegaram não tinha mais nada a se fazer por elas. Estamos ainda chocados, foi tudo muito estranho. Nós não ouvimos nada, gritos, tiros, porta batendo, nada”, narrou um vizinho, que preferiu não se identificar.

Policiais da DH foram até o local do crime para realizar perícia técnica e constaram que mãe e filha foram executadas com um único disparo na cabeça. No apartamento foram encontrados cinco estojos de pistola calibre 380. Os celulares de Soraya e Wagner também foram apreendidos.

A cama de Geovanna estava no quarto dos pais durante o verão por conta do ar condicionado. Os agentes da especializada acreditam que elas tenham sido assassinadas primeiro e que Wagner tenha sido baleado uma vez na cabeça ainda quando dormia. O advogado ainda tentou entrar em luta corporal com o atirador, que disparou mais duas vezes.

“Já sabemos que a família tinha uma disputa de bens e o advogado estava atuando nessa causa. Estamos apurando essa informação para elucidar esse crime o mais rápido possível”, comentou o delegado Fábio Barucke, diretor da especializada.

Tristeza - Trabalhando na residência do casal há mais de 10 anos, a doméstica Fátima Regina, de 50 anos, falou que perdeu parte de sua família também. “Eu vi a Geovanna na barriga, vi crescer, peguei ela no colo. Nossa relação já era familiar. Eles foram no aniversário do meu neto e me ajudaram muito quando fiquei doente. Geovanna era o xodó de todo mundo. Era tão inteligente, esperta. Agora fica uma tristeza imensa”, lamentou, ainda incrédula, a doméstica.

“Quando me ligaram avisando eu não acreditei. Achei que fosse trote, não conseguia acreditar, não tinha como ser possível alguém matar uma família toda, matar uma criança. A Geovanna era a paixão da vida do casal. Como podem fazer isso com uma criança?” desabafou Jaqueline Mendonça, 44, funcionária da OAB-SG.

Presidente da OAB de São Gonçalo, o advogado Eliano Enzo, 47, também lamentou a morte do colega de profissão e de sua família. “Nós fomos eleitos juntos há pouco mais de um ano. Ele era o diretor de eventos, mas já foi coordenador do juizado especial. Era muito conhecido no Fórum. Estou muito chocado ainda. Não temos nada a dizer que justifique uma barbárie dessas, uma tragédia absurda. Isso choca um país inteiro”, declarou Enzo.

Os corpo de Wagner, Soraya e Geovanna serão velados hoje, a partir das 9h, na sede da OAB de São Gonçalo, no bairro do Zé Garoto.