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Jovem é morto na véspera de receber seu primeiro salário

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 01 de fevereiro de 2017 - 04:00
Moradores protestaram contra a morte de Carlos e acusaram PMs de entrarem na favela atirando
Moradores protestaram contra a morte de Carlos e acusaram PMs de entrarem na favela atirando -

Por Thuany Dossares

Um dia antes de receber seu primeiro salário, Carlos Adriano Coutinho da Conceição, de 18 anos - funcionário de um lava-jato no Centro de Niterói - morreu após ser baleado durante uma troca de tiros entre policiais do 12ºBPM (Niterói) e traficantes do Complexo do Caramujo, na Zona Norte, na manhã de ontem. Por conta da morte do jovem, cerca de 200 moradores da comunidade realizaram uma manifestação e fecharam os dois sentidos da Rodovia Amaral Peixoto (RJ-104), na entrada do bairro.

“Ele não era bandido, era trabalhador. Se fosse vagabundo, ninguém estaria aqui agora para protestar. Queremos justiça”, declarou o técnico de informática Márcio Conceição, de 38 anos, primo da vítima.

Confronto - Policiais do batalhão de Niterói foram até o conjunto de favelas para realizar uma operação de combate ao tráfico e houve troca de tiros. De acordo com testemunhas, por volta das 8h, Carlos Adriano estava com fones de ouvido, aguardando um amigo do trabalho que havia entrado em casa para buscar café, quando foi atingido por dois tiros, na Rua Boa Vista, na localidade Mundo Novo.

Os militares ainda socorreram o jovem e o levaram para o Hospital Estadual Azevedo Lima (Heal), no Fonseca, mas ele não resistiu ao ferimentos. “Ele estava sentado esperando o amigo e colega de trabalho. O menino havia entrado para buscar o café que eles levariam para o lava-jato. Era um menino bom, trabalhador e muito querido por todos aqui na comunidade. Era o primeiro emprego dele e amanhã (hoje) receberia seu primeiro salário. Ele estava ansioso para ganhar esse dinheiro e poder pagar a prestação do celular que a mãe comprou para ele”, contou uma moradora, que optou pelo anonimato.

O comandante do 12ºBPM, coronel Márcio Rocha, falou que os PMs ainda prestaram socorro a Carlos Adriano. “Planejamos uma operação para combater o tráfico de drogas daquela região. Na entrada, as equipes foram recebidas a tiros e houve o confronto. Assim que os policiais viram o rapaz baleado, imediatamente o socorreram para o Azevedo Lima mas, infelizmente, ele não resistiu. Nenhum material ilícito foi encontrado com ele, que não tinha antecedentes criminais”, esclareceu o oficial.

Policiais da Divisão de Homicídios de Niterói, Itaboraí e São Gonçalo (DHNISG) vão investigar de onde partiram os disparos que atingiram o jovem.

Manifestações - Em protesto contra a morte de Carlos Adriano, cerca de 200 moradores interromperam o trânsito nos dois sentidos da RJ-104, na entrada do Caramujo, durante cerca de quatro horas, incendiando pneus e madeiras, e fazendo barreiras com objetos na rodovia.

O clima ficou tenso e agentes do Batalhão de Polícia de Choque (BPChoque) e do Grupamento Aeromóvel (GAM) foram acionados para conter a população. Três menores foram flagrados com combustível quando tentavam incendiar um ônibus e acabaram detidos. Eles foram conduzidos para a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente. O trânsito só foi liberado às 13h30.

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