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Familiares fazem apelo por corpos de amigos executados no Salgueiro

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 20 de janeiro de 2017 - 12:15
Érika disse que quer apenas se despedir de Caboré e Marcelinho
Érika disse que quer apenas se despedir de Caboré e Marcelinho -

Por Thuany Dossares

Já se passaram cinco dias desde que o caminhoneiro Joel Gustavo de Lima Soares, o Caboré, de 32 anos, e seu amigo de infância, o metalúrgico Marcelo da Cunha Ferreira Soares, o Marcelinho, de 33, foram executados por traficantes do Complexo do Salgueiro, e os corpos das vítimas continuam desaparecidos. Familiares e amigos seguem fazendo apelos para conseguir encontrá-los.

“Eu só quero o mínimo, não estou exigindo nada demais. Só quero poder enterrar o meu marido, o pai do meu filho, com a dignidade que ele merece. Porque ele sempre foi um homem digno, trabalhador. Os dois tinham família e amigos que estão sofrendo, que só querem poder ter uma resposta e se despedir. Estou de mãos e braços atados, só quero acabar com essa angústia. A gente via esses casos na televisão, no jornal mas nunca, nunca mesmo, achei que um dia fosse passar por isso dentro da minha casa”, lamentou a esposa de Marcelinho, a promotora de merchandising Érika da Silva Azevedo, 37.

Érika ainda contou que ficou sabendo do triste fim de seu companheiro através das redes sociais e desde então seus dias tem sido muito difíceis. “Marcelo saiu de casa já era 0h20 de domingo para ir numa festa aqui mesmo no bairro. Saiu de chinelo, sem documentos. Desde então, só ouço boatos. Nem sabia que ele tinha ido parar em baile funk no Salgueiro, mas até onde sei, ele chegou lá depois das 5h20. Só foi lá para morrer. Eu tenho ficado totalmente perdida e prefiro me isolar um pouco porque esse excesso de boatos também machucam muito. Falaram que ele implorou para não ser morto, chorou dizendo que tinha um filho pequeno. Nosso filho era a paixão da vida dele. Estávamos muito felizes. Já estávamos preparando as coisas para o aniversário de um aninho do nosso bebê, todo mês tirávamos fotos em família”, lamentou.

Segundo a promotora, a dor também tem sido sentida pelo filho do casal, de apenas nove meses. “Meu filho também, mesmo sem entender muita coisa, está sentindo muito a falta do pai. Fica falando ‘papa’ todo dia, chamando por ele, não pode ver um homem chegando em casa que olha para ver se é o pai. Eu estava vendo um vídeo e ele reconheceu a voz do Marcelo e começou a se agitar. Tem sido muito difícil, dias de muita dor, que eu tenho que buscar forças para estar bem e cuidar no nosso filho”, declarou a mulher.

Amigo de Marcelinho há 25 anos, o marinheiro Sulivan Oliveira Alpino, 30, não consegue se conformar com o que aconteceu com o metalúrgico.

“O Marcelo era um jovem animado, extrovertido, amigo de todo mundo. Nosso sentimento é de revolta. Nem ele, muito menos a família, que não está tendo nem a oportunidade de se despedir, de dar o último adeus para um homem que era digno, trabalhador e pai de família. Só queremos o corpo dele, e o do Caboré também. A gente queria ele presente, mas, infelizmente, por causa da insegurança e da impunidade ele está morto. É lamentável e inadmissível que num país cheio de leis, bandidos terem uma lei própria, particular deles”, desabafou.

Investigações - A polícia apura o envolvimento de Thomás Jhayson Vieira, o 2N ou Neném, 23, um dos líderes do tráfico no Salgueiro, nas execuções dois dois amigos. Quem tiver informações que auxiliem a polícia nas investigações, pode ligar para DH, através do telefone: 2717-2838.

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