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‘Só quero enterrar meu filho’, diz mãe de caminhoneiro morto no Salgueiro

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 19 de janeiro de 2017 - 09:30
Chefe do tráfico no Salgueiro, Neném participou das execuções
Chefe do tráfico no Salgueiro, Neném participou das execuções -

Os corpos do caminhoneiro Joel Gustavo de Lima Soares, o Caboré, de 32 anos, e de seu amigo de infância, o metalúrgico Marcelo da Cunha Ferreira Soares, o Marcelinho, 33 - executados há quatro dias por traficantes do Complexo do Salgueiro - continuam desaparecidos. Familiares e amigos das vítimas fazem um apelo para conseguirem, pelo menos, conseguirem enterrá-los.

“Como pode um inocente ser morto e os bandidos não darem nem o corpo para a família poder enterrar? Eu só quero poder dar um enterro digno ao meu filho, que é o que ele merece”, suplicou a cabeleireira Maria José Rodrigues de Lima, de 55 anos, mãe de Caboré. Muito emocionada, Maria José diz que ainda não consegue entender o porquê fizeram isso com o filho dela. “Infelizmente, até agora nada nos faz ter esperanças. É muito triste para uma mãe não ter respostas sobre seu filho. Uns dizem que ele já está enterrado, outros que jogaram os corpos para os jacarés, outros que tacaram fogo neles. Meu filho era muito querido, tão trabalhador, honesto. Todo mundo gostava dele. Na segunda-feira minha casa ficou lotada de gente que veio me dar apoio”, lamentou a cabeleireira.

O mesmo sofrimento também tem atingido familiares de Marcelinho. A esposa do metalúrgico, a promotora de merchandising Érika da Silva Azevedo, 37, contou que também já perdeu as esperanças. “Foi muita covardia o que fizeram. Desde quando aconteceu isso, eu não tive condições de fazer mais nada. Só tenho ficado em casa buscando forças para poder cuidar do nosso filho, que tem apenas nove meses. Mesmo sem entender, ele também está sentindo muita falta do pai, já que eram muito agarrados. As vezes prefiro não sair de casa até mesmo para não ver nada e nem ouvir nada para não sofrer ainda mais. Sei que a vida dele não volta mais, mas queria só poder dar a dignidade que ele merece. Ele sempre foi honesto, digno e trabalhador. Tudo que nós construímos foi juntos, crescemos juntos, tudo para criarmos nosso filho e agora eu to sozinha para isso”, lamentou. Érika falou ainda que chegou a mandar mensagens para Marcelinho e Caboré, que foram visualizada pelos traficantes. “Assim que fiquei sabendo do que podia ter acontecido, mandei uma mensagem para os dois, por volta das 11h. Às 15h30, as mensagens foram visualizadas. Acredito que já não tenha sido mais eles que viram. Ainda liguei para o Caboré, que era o único telefone que estava ligado, mas eles estavam desviando as chamadas. Depois não tive mais nenhum sinal, nenhuma resposta”, completou.

Investigações - A polícia apura o envolvimento de Thomás Jhayson Vieira Gomes, o 2N ou Neném, de 23 anos, um dos líderes do tráfico no Complexo do Salgueiro, nas execuções dois dois amigos. As investigações apontam que os dois foram abordados por um grupo de traficantes fortemente armados - entre eles o próprio Neném e seu segurança, Luiz Ricardo Monteiro Cunha, o Ricardinho, 29 - quando passavam pelo antigo Destacamento de Polícia Ostensiva (DPO) do Salgueiro.

Quem tiver informações que auxiliem a polícia na localização dos cadáveres dos dois amigos e na identificação dos autores do crime, pode ligar para DH, através do telefone: 2717-2838.

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