Pets sentem ciúmes: como lidar?
Sim, eles também têm sentimentos e sentem ciúmes. Assim como os humanos, os animais de estimação gostam de defender o que é “deles”. Com a chegada de um bebê na família ou mesmo um outro bichinho, o pet pode demonstrar diferentes atitudes que significam, nada menos, do que ciúmes.
“Instinto e ciúme. Hoje em dia podemos dizer que é um pouco dos dois. Eles sentem muito a presença de um bicho ou uma criança recém-chegada por causa do desvio da atenção. A princípio era dominante na casa e, de repente, chega alguém e pega atenção que era deles. Eles tentam, então, restabelecer o que tinham antes”, explica a veterinária Silvia Barreto.
De acordo com especialistas, o ciúme está diretamente ligado ao sentimento de posse, que vem se agravando com o recente processo de “humanização” dos pets. “Quando se humaniza demais, eles acreditam mesmo que são como os humanos e querem dominar o ambiente. Eles são fofinhos, bolinhas de pelo, então “podem tudo”, podem rosnar, morder, fazer tudo e ninguém repreende quando são filhotes. Então, quando crescem, seguem achando que podem tudo e, de repente, com um recém-chegado, já não podem mais e as mudanças no comportamento acontecem”, esclarece.
As reações são variadas. Algumas raças de personalidade mais “difícil” acabam ficando agressivas. Outros já ficam deprimidos, tristes, só querem ficar deitados. Se for macho, a tendência é querer marcar ainda mais o território. Então, passam a urinar a casa toda. “Os gatos sentem absurdamente mais esse ciúme do que os cães. Pode se tornar mais agressivo, arranhar tudo que vê pela frente ou ficar escondido, em jejum por vários dias”, completa Silvia Barreto.
Mãe da Miá, uma gata SRD (Sem Raça Definida) de um aninho, a estudante Kimberlyn Jayme, de 20 anos, passa por essa situação sempre que há alguma mudança no apartamento ou na chegada de visitas. “Ela é muito bicho do mato. Fica apavorada quando chega alguém que ela não está acostumada. Se esconde e, se tentamos pegá-la, ela arranha muito. Às vezes, ela fica por horas escondida”, conta.
Super ciumento, o Thorin, cãozinho da raça Shih-tzu, também dá trabalho para a dona, a tosadora Perla Caldas, 39, toda vez que ela sai de casa sem levá-lo ou quando ela dá mais atenção ao filho Enzo, de 8 anos. “Carrego ele sempre comigo, mas se eu sair e não levá-lo, ele faz muita besteira. Urina, destrói tudo. De bonzinho, só a cara mesmo”, brinca.
Prevenção e atenção
Além do adestramento, indicado para quase todas as situações, existem algumas atitudes que podem ser tomadas pelo dono e pela família para amenizar os ciúmes dos pets. “No caso da chegada de um outro animal, é ideal que o dono dê um pouco mais de atenção ao mais velho para depois se referir ao mais novo. Se for uma criança, é claro, que vai dar atenção à ela, mas assim que possível é legal reservar um tempo para o bichinho, brincar com ele, jogar uma bolinha, convencê-lo de alguma forma que ele vai ter o que tinha antes”, completa a veterinária Silvia Barreto.
A prevenção também é importante. O dono tem que se colocar como líder da casa desde que o animal é um filhote. De acordo com especialistas, é essencial que os animais saibam quem é que manda na casa e, apesar da “humanização”, o bichinho precisa ter seu espaço definido com regras e limites.
“No consultório, às vezes, eu invisto um bom tempo para orientar os donos a agirem para que o cão ou o gato não deixe de ser um prazer para se tornar um transtorno. O Chow-Chow, por exemplo, é uma raça que tem personalidade difícil. Eles só fazem o que querem. Assim como o Akita Inu, o Husky e o Shar-pei são raças com maior dominância. Eles não esboçam reação, pois têm aquela cara de urso bonitinho e quando você vai mexer com ele, ele pode te machucar feio”, orienta a médica.