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Valente: uma história de superação boa para cachorro

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 08 de maio de 2017 - 13:25
A professora de inglês Danielle Cordeiro e o cão Valente foram vencedores da promoção do Caderno Pet
A professora de inglês Danielle Cordeiro e o cão Valente foram vencedores da promoção do Caderno Pet -

Por Matheus Merlim

"É uma lição de vida, um grande aprendizado de respeito às diferenças para todo mundo que o conhece". É assim que a professora de inglês Danielle Sampaio Cordeiro, de 46 anos, descreve o pequeno Valente, um vira-lata de quase dois anos. Paraplégico, o cão chegou à vida da moradora de Niterói de uma forma muito inesperada. A relação de amor construída em meio às limitações do animal, além de sua própria história de superação, foi o que impulsionou a vitória do concurso cultural "Um Dia de Cão" de O SÃO GONÇALO.

"Valente, o cadeirante aventureiro" superou outros quatro concorrentes na competição e ganhou, em disparada, com 482 votos – 46%. Todavia, o que mais impressiona não é a mobilização de internautas para descobrir a história do cachorrinho especial, mas sim como a própria internet mudou de vez a vida do animal.

Tudo começou no dia 11 de junho do ano passado. Valente, ainda sem essa denominação por ser um cão de rua, tentou atravessar a Avenida Amaral Peixoto, uma das mais movimentadas do Centro de Niterói, quando foi atingido por um carro. Agonizando de dor na calçada, foi salvo por Rayanne Brasil, que estava em um ônibus voltando para casa no momento do acidente e decidiu se solidarizar com o animal. 

"Eu e mais uma pessoa decidimos salvá-lo e o levamos para uma clínica. Mas lá não tinha estrutura nenhuma de recebê-lo e o veterinário, inclusive, falou sobre eutanásia. Conseguimos, então, levá-lo a uma segunda clínica que tinha internação e o Valente ficou internado na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) durante uma semana", relembra Rayanne.

No segundo dia de internação veio a notícia chocante: Valente perdeu o movimento das patas traseiras porque o cachorro sofreu uma fratura na coluna. Além de ficar paraplégico, ele teria também dificuldade para urinar sozinho. Fora os problemas de saúde, Rayanne precisou também cuidar dos gastos financeiros para conseguir salvar o cão. 

"Iniciei uma campanha no Facebook para arrecadar dinheiro para as despesas dele, que só na primeira semana nessa clínica foi de R$4 mil, incluindo uma cirurgia no fêmur, vacinas, raio-x e internação. Muitas pessoas se sensibilizaram e ajudaram. Até que uma pessoa em especial viu a postagem, entrou em contato comigo e, como morava próximo a clínica, começou a visitá-lo diariamente", conta Rayanne.

Essa pessoa que ela cita é a professora Danielle Cordeiro, que passou a visitá-lo duas vezes por dia desde que conheceu a história do cãozinho. As duas, então, passaram a estar à frente do tratamento diário de Valente. "Na segunda semana, o levamos para uma veterinária especializada em ortopedia para avaliá-lo e ela disse que era necessário fazer uma cirurgia na coluna o mais rápido possível para estabilização. Foi feita uma tomografia computadorizada e o levamos para fazer a tal cirurgia na Gávea. Poucos dias depois, Valente precisou passar por uma nova cirurgia no fêmur devido a uma deslocação dos pinos colocados, totalizando três operações em menos de duas semanas e um gasto total de R$10 mil", complementa.

Após a bateria de procedimentos nas clínicas, Valente finalmente recebeu alta. 'Mãe' de dois outros cachorros, Danielle se ofereceu para ficar com o cãozinho especial como lar temporário. Mas, o que ela não sabia é que iria se apegar tanto, a ponto de adotá-lo definitivamente. "Na época, eu morava em um apartamento e já tinha outros dois cachorros, o Quindim e a Little. A ideia era ser só um lar temporário até achar um adotante. Mas quando surgiu uma senhora interessada, senti um aperto no coração só de pensar que poderia perdê-lo", se emociona Danielle.

Dos três 'filhos' da moradora de Niterói, Valente hoje é o mais agitado. "Não para um minuto, é um menino levado", brinca a dona. "Vê-lo com toda essa alegria de viver, mesmo sem o movimento das pernas é uma lição para todos nós que o conhecemos. Ele não vê diferença entre ele e os outros. E a mesma coisa acontece ao inverso, eles adotaram o Valente comigo", declara a professora.

Hoje em dia, Valente faz acupuntura e fisioterapia pagos com a ajuda de pessoas que acompanham a rotina do cão na mesma página que Rayanne criou no Facebook quando pediu ajuda para a primeira cirurgia (www.facebook.com.br/ajudeocaovalente). Chamadas de "fadas madrinhas", um grupo de cinco mulheres segue presente na vida do cachorro desde o acidente, incluindo Danielle e Rayanne.

"Como é comum em animais paraplégicos, ele tem recorrentes infecções urinárias e sua bexiga precisa ser apertada três vezes ao dia para que a urina saia, fora os remédios de uso contínuo. A evolução dele é notória. Não usa mais fralda, já consegue ter algum movimento no rabinho e até ganhou uma cadeirinha de rodas. No começo, muitas pessoas falaram sobre eutanásia, mas resolvemos lutar por ele", conclui Rayanne.

Danielle considera a adoção do Valente uma das melhores coisas que aconteceram na vida dela. "Mudei minha rotina radicalmente. Meus outros dois ‘filhos’ não precisavam de atenção 24 horas como o Valente precisa. É uma experiência muito recompensadora. É importante que as pessoas saibam que o amor supera qualquer deficiência, seja ela em uma pessoa ou em um animal", encerra.

Atenção da cabeça aos pés

Para recompensar o resultado do concurso cultural "Um Dia de Cão", Valente e sua 'mãe' ganharam um dia de beleza. Enquanto Danielle ficou sob os cuidados dos profissionais do salão de beleza Radical Chic, no Centro de São Gonçalo, o cãozinho recebeu atenção do PetShop Gladiador, no Mutuá.

Revitalização da pele, massagem corporal, unhas e cabelo foram alguns dos tratamentos recebidos pela ganhadora no salão Radical Chic. Danielle descreveu o dia de beleza como "perfeito". Já Valente ganhou um banho e tosa para lá de especial. "Fui muito bem recebida pelos profissionais do salão, que me deram atenção da cabeça aos pés, literalmente. Ganhei até uma massagem corporal. Agradeço ao jornal O SÃO GONÇALO pela oportunidade", declarou a professora.

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