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Chegou a hora da bola rolar!!!

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 17 de outubro de 2015 - 21:25

Famosos e anônimos que se reúnem e se misturam para disputar a tradicional pelada semanal. Esses são os atores principais de “Os Peladeiros”

Foto: Kiko Charret

Por Cyntia Fonseca, Elena Wesley e Matheus Merlim

Pode ser à noitinha ou nas primeiras horas do dia, principalmente nos finais de semana. No gramado, no sintético, na areia, mas principalmente no campinho de terra batida. Seja em dois tempos de 45 minutos, valendo 20 minutos ou dois gols, o que não pode faltar é a “resenha” após o apito final. Com tantas dicas, a essa altura você já deve saber do que se trata. Estamos falando da tradicional “pelada”!

Reconhecidos como ‘berços’ de talentos do futebol, São Gonçalo e municípios vizinhos também são celeiros daqueles cuja atividade não é reconhecida oficialmente por ‘mero detalhe’: os peladeiros. Mas o que motiva esses craques, de variadas origens, idades e profissões, de amadores a ex-atletas profissionais, a se reunirem para disputarem suas ‘peladas’ semanalmente?

É o que você vai descobrir a partir do próximo domingo, quando O SÃO GONÇALO começa a publicar a série “Os Peladeiros”, com os principais grupos de ‘peladas’ da região. A cada domingo, as histórias de como surgiram e os principais jogos, as resenhas, sempre acompanhado de um poster com todos os jogadores, para você colecionar.

“É a nossa cachaça! Futebol está em qualquer lugar e na pelada tem muita brincadeira, é divertido. Só não jogo sempre por causas das dores no tornozelo direito, que nunca mais foi o mesmo. Mas minha vida é a bola, não tem como fugir. A gente fica em casa, pensando em jogar”, afirma Jorge Luiz, zagueiro que fez história defendendo grandes times cariocas nos anos 80 e 90, como o Vasco.

Luiz Alberto ainda não se aposentou profissionalmente, mas já voltou às peladas
Luiz Alberto ainda não se aposentou profissionalmente, mas já voltou às peladas

Prestes a completar 50 anos, ele relembra com satisfação os momentos vividos como atleta, mas se recusa a dizer adeus à pelada com velhos amigos.

“Não tem essa do profissional se destacar e os outros serem pernas de pau. Quem é amador vem pra tirar onda com os profissionais. Depois chega em casa ou na mesa do bar se gabando: ‘Clayton? Aquele ali não joga p... nenhuma, tinha que ver a caneta que eu dei nele’”, conta o veterano, se referindo a Clayton Grilo, 39, revelado no São Cristovão junto com Ronaldo Fenômeno e ex-Grêmio, atualmente, peladeiro.

“Antigamente, havia muitos campinhos de várzea. Não tinha internet, nem nada dessas coisas, então tudo o que o garoto queria era jogar bola. É difícil perder essa rotina, por isso, mesmo sendo atleta e com receio de lesão, eu disputava uma partida ou outra, na encolha”, compara Grilo, hoje coordenador do Centro de Oportunidade ao Talento, o COT, no Porto Novo, São Gonçalo.

Mesmo com a bagagem de títulos e competições no esporte, atletas e ex-atletas reconhecem o potencial dos companheiros de pelada. Luiz Alberto, campeão da Copa do Brasil de 2007 pelo Fluminense, é um deles.

“Tenho amigos que desequilibram e são melhores que muitos colegas de elenco por aí. Tem sempre um magrinho rápido, um gordinho habilidoso ou até um cara meio bêbado que, olhando você não dá nada, mas ele acaba driblando todo mundo. Nem arrisco para não tomar um também”, brinca o zagueiro, que prometeu à mulher diminuir o ritmo atual de peladas, que vai de segunda a sexta, conforme calcula.

Provando que a paixão é mesmo nacional, o volante Gustavo Moura, de 31 anos, destaca que, ao longo dos sete anos em que defendeu clubes mineiros, a prática é a mesma em outros estados.

“As cidades pequenas costumam ter muitos sítios, a maioria com campinho, onde todo mundo joga. E o cardápio não muda: o churrasco é sempre titular”, enfatiza o atleta do São Gonçalo Esporte Clube.

Com passagem pelo Santos ao lado de Neymar, o volante Roberto Brum tem expectativas por boas histórias em Os Peladeiros. “É uma boa ideia que vai valorizar quem joga por amor, quem paga para jogar. Eu recebia salário para estar em campo e tinha todo aquele acompanhamento da imprensa, visibilidade. Mas os peladeiros são os verdadeiros apaixonados, gente que briga com a mulher porque usa todo o tempo livre para jogar bola”, encerra o veterano de 37 anos, líder da pelada niteroiense ‘Crente que Joga’.

Roberto Brum saiu de SG para brilhar em clubes como Fluminense e Santos
Roberto Brum saiu de SG para brilhar em clubes como Fluminense e Santos

“Jogar pelada é muito prazeroso, porque não tem aquela responsabilidade, aquela pressão. Se você erra um passe, é vaiado por meia dúzia de pessoas que daqui a pouco já até esqueceram do seu erro. Não é algo que comprometa como no futebol profissional”. Roberto Brum

“Tenho amigos que desequilibram e são melhores que muitos colegas de elenco por aí. Tem sempre um magrinho rápido, um gordinho habilidoso ou até um cara meio bêbado que, olhando você não dá nada, mas ele acaba driblando todo mundo”. Luiz Alberto

“Em pelada comum, o goleiro é centroavante. Tem muita gozação, quando por exemplo, o time toma dois gols muito rápido. Sem contar que você pode xingar o juiz, ele não vai poder expulsar mesmo”. Jorge Luiz

“A pelada é boa para manter a forma e resgatar nossas raízes. Reencontrar amigos antigos, aqueles que já estavam com a gente desde o início da carreira, os que acreditaram, os que apoiaram”. Alex China

Jorge Luiz se destacou no Vasco e Botafogo e hoje disputa peladas em SG
Jorge Luiz se destacou no Vasco e Botafogo e hoje disputa peladas em SG

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