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Ele são peladeiros ‘de fato e de direito’

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 02 de janeiro de 2016 - 18:23

“Se der uma corrida mais forte, dá labirintite”. Gozações como essa são recorrentes entre os integrantes do Grupo Fórum, que joga nas noites de terça no Clube Mauá, no centro de São Gonçalo. Com uma média de idade estimada em 63 anos, os peladeiros tratam a experiência de vida com muito bom humor e exibem com orgulho o status de ‘veteranos da bola’.

Prova disso são os cabelos brancos que predominam no ataque. A dupla formada por Maia e Geraldo soma 145 anos de pura habilidade. Pouco depois de perder um belo lançamento, Maia marcou dois golaços. Apesar da categoria demonstrada, o serventuário da Justiça não escapou da zoação dos companheiros.
“Ele só fez gol porque a reportagem está aqui”, brincou Ariel, zagueiro de 68 anos. Zezinho, de 61, também entrou na pilha: “73 anos e finalmente fez o primeiro gol da carreira”.

O companheiro Geraldo, de 72 anos, também foi alvo das piadas. Após uma arrancada cheia de disposição, o defensor público ouviu da torcida: “Tá puro não, hein Geraldo!”. O centroavante não fugiu do clima descontraído: “Ninguém joga mais bola, isso aqui é a nossa ginástica”, afirmou Geraldo, ressaltando a média de um gol por partida, que busca manter para bater Serjão, de 56 anos, artilheiro em 2014 com 65 gols.

Fundado em 1977 por Maia e Chiquinho, o Grupo Fórum reúne profissionais ligados ao ramo do Direito, entre advogados, juízes, serventuários, entre outros. “Aqui não pode brigar que você já deixa o campo com um processo nas costas”, brinca o meia Alberto, de 62 anos.

Cada equipe é formada por oito jogadores na linha e um no gol, mas as partidas seguem o regulamento oficial do esporte, com dois tempos de 45 minutos.
Embora a idade seja motivo de orgulho para os membros do grupo, alguns já aposentaram as chuteiras, como Muca (62), que não joga há 20 anos por conta de problemas nos ossos e cuida da parte administrativa. Mudanças de função como as de Muca abrem espaço para os novatos. No Fórum, de 42 peladeiros, apenas quatro têm menos de 30 anos, todos goleiros e pessoas de confiança dos integrantes. É o caso do ‘caçula’ Rafael, de 18 anos, que cavou a vaga há pouco mais de um ano, a convite do padrinho José Luiz Muniz, ex-presidente da OAB-SG e zagueiro (61).

Depois do apito final, rola o terceiro tempo, quando os peladeiros sentam para uma resenha em um dos bares do clube. Segundo a tradição, é escolhido o craque da partida. Maia levou o prêmio na ocasião e, questionado quanto ao bom rendimento, confessou: “O segredo da minha boa forma é praticar pilates!”.

Roberto Carioca ainda brilha no Grupo Fórum

Para ele, parece que foi ontem, mas há 35 anos Roberto Carioca disputava uma das partidas mais marcantes da carreira: a goleada de 7x1 sofrida pelo ADN-Niterói diante do Flamengo de Zico.

“Perdemos, mas dava gosto ver um time daqueles tão de perto”, lembra, saudoso, citando que Gallo marcou a favor dos niteroienses e Júnior, Adílio e Andrade pelos rubro-negros.

O vínculo de Roberto com o clube da Gávea era antigo, já que havia integrado as divisões e base do Flamengo, atuando junto ao próprio Adílio. Ao contar as camisas que defendeu, Carioca admite a dificuldade em escolher uma preferida.

“O América tinha um timaço em 1974, com Geraldo, Tadeu, Edu... Mas ser bicampeão pelo Goiás em 1976, ao lado de feras como Bráulio, Flecha e Gilson Nunes também foi especial”, afirma. Mesmo encerrando a carreira com apenas 29 anos, Carioca passou por mais de 10 clubes profissionais.

Fora dos gramados, Roberto seguiu no ramo rodoviário, onde se aposentou. Mas as chuteiras, ele admite, são difíceis de largar. Hoje, aos 60 anos, defende o Coludino com outros ex-jogadores pelo Campeonato do Cinco de Julho.

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