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Bons de bola e de copo

Vermelho e Branco do Jardim Catarina mantém um bar próprio na beira do campo

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 21 de novembro de 2015 - 19:20
Foto: Reprodução/Kiko Charret

Por Cyntia Fonseca, Elena Wesley e Matheus Merlim

Nos últimos tempos, ao longo de quase três anos, boa parte dos torcedores sofreu com a suspensão da venda de bebidas alcoólicas nos estádios. No Campo do Guaxa, no ‘coração’ do Jardim Catarina, esse problema nunca existiu. Quem assiste e quem joga a ‘pelada’ pode desfrutar da tradicional ‘gelada’ durante e após as partidas, principalmente quando quem está em campo é o Vermelho e Branco, que mantém um bar próprio à beira das quatro linhas.

Os mais de 30 peladeiros filiados ao grupo comparecem, religiosamente, nas manhãs de domingo, ao campo de terra batida da Rua Francisco Muniz. Cada um contribui com R$30 para se divertir no espaço, mantido e utilizado pela comunidade, há 16 anos. Já a bebida, que não pode faltar, é ‘regada’ com contribuições à parte.

“Aquele ali teve que pagar duas cervejas, porque é muito ruim de bola”, brinca o zagueiro Juvenal Junior, de 51 anos, apontando para Alexandre Pascoal. Chamado por todos de ‘Alemão’, o meia é o mais novo do grupo, aos 35 anos. Pelo regulamento, a idade mínima para ingressar no Vermelho e Branco é de 30 anos. A fila de espera anda à medida que os veteranos vão pendurando as chuteiras.

É o caso do lendário Seu Walter, de 69 anos, que se ‘aposentou’ há 15 anos, mas é o mais assíduo do grupo. Embora considerado um membro ilustre do time, o veterano não escapa das gozações, por conta da grande quantidade de filhos: 21 mulheres e um homem. “Eles adoram pegar no meu pé”, admite, sem perder o sorriso.

Resenhas após as peladas são temperadas com pagode e cervejas
Segundo o presidente do Vermelho e Branco, a filosofia do grupo não 'revelar' craques, mas cooperar
Todo domingo, Jair e Célio preparam o almoço dos atletas antes da pelada
Fundadores Juvenal, Dudinha e Marcelo Oval mantém união do grupo

O presidente do clube, Elias Pinheiro, de 48 anos, destaca que, ao contrário do que costuma ocorrer nas equipes profissionais, no Vermelho e Branco ninguém busca ser o craque do time. Mais do que o rendimento, os integrantes valorizam a cooperação. Mesmo que cada equipe seja formada por apenas oito jogadores, todos tocam na bola.

“Não precisamos de um bom futebol. Aqui prezamos pelo carinho e respeito ao esporte e aos companheiros. Não somos um time, somos um grupo”, destaca o centroavante e um dos fundadores da equipe ao lado de Juvenal, Dudinha e Marcelo Oval.

E a união entre os integrantes não fica no discurso. Prova disso é o exemplo de Eduardo Correia, 53 anos. Impossibilitado de jogar devido a problemas na coluna, ele concilia a função de árbitro com o trabalho de comissão técnica. Na última ‘pelada’, Eduardo levou um protetor muscular para Elias, que reclamava de dores na perna direita.

Tempero especial da pelada

Se o dito popular afirma que “saco vazio não para em pé”, Jair e Célio fazem tudo para garantir que o elenco esteja sempre bem alimentado. Antes de entrar em campo, a dupla assume as panelas no melhor estilo de almoço em família, essencial para um bom domingo.

“Cada semana fazemos um cardápio diferente, porque o público é exigente”, explica Célio, enquanto prepara o frango com aipim, prato principal da última pelada. O resultado desse investimento é sempre satisfatório: elogios aos cozinheiros.

O clima familiar se estende à vizinhança, já que o campo está no quintal de um conjunto de casas. Mas os moradores não se incomodam com a movimentação e até saem para assistir a pelada. “Toda vez que alguém quebra algo, o grupo paga”, garante Jonas Tavares, 57 anos, responsável por anotar as informações da partida.

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