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Do ‘golzinho’ para o ‘golzão’

Grupo de Veteranos do Laranjal começou batendo bola em rua do bairro, há 29 anos

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 31 de outubro de 2015 - 19:02

Por Cyntia Fonseca, Elena Wesley e Matheus Merlim

Quem diria que os jogos disputados no extinto ‘golzinho’ da Rua Cardeal Arco Verde, no Laranjal, seria o embrião para um dos mais antigos grupos de ‘boleiros’ de São Gonçalo: o Veteranos do Laranjal, que completou 29 anos de ‘peladas’ esse ano e atualmente se reúne aos domingos, pela manhã, no Campo do Grande, em Guaxindiba, às margens da BR-101.

“A gente já não tem mais aquele pique de antigamente, não aguentamos mais correr atrás da garotada. Mas o grupo precisa se renovar”, comenta um dos fundadores, Silvinho, quando questionado sobre o número de jovens no grupo. É ele, inclusive, que pontualmente às 8h50 faz o sorteio para definir a ordem e o elenco dos dois times que entrarão em campo.

Como num time profissional, uniformes são separados pelo roupeiro no vestiário
Como num time profissional, uniformes são separados pelo roupeiro no vestiário (Fotos: Kiko Charret)

Com 45 integrantes, a partida começa às 9h, mas antes de apito inicial, o ritual da oração coletiva é realizada. Os uniformes e os esquemas táticos já pré-definidos auxiliam no nível técnico dos jogos. Respeito quanto a integridade física dos atletas é um dos ideiais mais reforçados.

“Nosso grupo é uma família. Para entrar, a pessoa precisa ser indicada por alguém, para que não haja brigas ou falta de respeito. A gente joga brincando, sério mesmo é só fazer gol”, relata Silvinho.

Um exemplo dessa familiaridade entre os integrantes está na relação de pai e filho que jogam juntos, uma das formas de revitalizar e fazer uma “manutenção” da essência do esporte. André Phellype, de 20 anos, é o atacante oficial do ‘paizão’ Kiko Charret. “Mas, se jogamos um contra o outro, não tem essa de aliviar para o filho não”, garante Kiko, que atua de zagueiro.

Primeiro uniforme do Veteranos é guardado como relíquia
Primeiro uniforme do Veteranos é guardado como relíquia

Há quem diga que de histórias engraçadas é que se eternizam bons momentos. Mas, há também que prefira contar perrengues enfrentados no passado, dando boas gargalhadas. E basta pronunciar o nome de São Fidélis para os sorrisos tímidos aparecerem nos rostos dos mais antigos.

Nos anos 90, o Veteranos do Laranjal costumava fazer amistosos para testar seus ‘craques’. Numa dessas excursões, eles embarcaram para o Norte Fluminense. A expectativa era encontrar uma boa estrutura para jogar e tudo mais. Mas, ao chegar lá... Não era exatamente o que imaginavam.

“Estávamos todos animados, mas quando chegamos, não tinha nada. O campo era um pasto para bois. Foi horrível, não tinha nenhuma condição da gente ficar por lá”, relembra o volante Pelinha.

Fora as “furadas”, os peladeiros participaram também de bons torneios. Um deles foi o campeonato entre comunidades, disputado em 1992, promovido pela Federação das Associações de Favelas do Estado do Rio de Janeiro (Faferj), quando o Veteranos chegou invicto até a semifinal, deixando escapar a classificação nos pênaltis.

Jocimar não conseguiu ‘pendurar as chuteiras’

 Veteranos do Laranjal foi fundado em novembro de 1986 (Foto: Arquivo)
Veteranos do Laranjal foi fundado em novembro de 1986(Foto: Arquivo)

Para alguns, brincadeira. Para outros, válvula de escape. Enquanto a maioria dos peladeiros se organiza para jogar uma ‘bolinha’ no fim de semana, há quem faça das ‘peladas’ uma forma de não ‘pendurar as chuteiras’ definitivamente.

No Veteranos do Laranjal não poderia ser diferente. Entre amadores, um lateral-esquerdo profissional, que já atuou em times como Portuguesa, São Caetano e até clubes da Indonésia, participa do grupo para relembrar o passado: Jocimar Braga, 34 anos.

Desde 2011, ele integra o Veteranos, por amor ao esporte, sem a pressão de garantir um bom resultado. Para Silvinho, fundador do grupo, é bom que esse contato ocorra para elevar o nível técnico das partidas.

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