Escola selecionada para receber verba da Lava-Jato segue abandonada

Por: Marcela Freitas 

Em março deste ano, alunos e profissionais do Colégio Walter Orlandini, em São Gonçalo, receberam a notícia de que uma das 11 escolas da rede estadual de ensino listadas para receber R$ 15 milhões recuperados pela Operação Lava-Jato era a unidade de ensino do Patronato.

O valor já tinha destinação certa: seria empregado na reforma do laboratório de química, física e biologia, que desmoronou em janeiro de 2016, após queda de um muro de contenção de encostas, que ficava nos fundos da escola.

A unidade foi escolhida pelo projeto “Ministério Público pela Educação (MPEduc)”, desenvolvido em parceria pelo Ministério Público Federal (MPF) e Ministério Público do Estado do Rio (MP-RJ). No primeiro momento, cada escola receberia cerca de R$ 1 milhão para reformas estruturais, mas seis meses depois esse valor nunca chegou à unidade.

De acordo com a presidente do Conselho Escolar do Walter Orlandini, Jurema Cristina as Silva, apesar de todo estudo técnico feito pela direção da escola e de laudos que comprovam a necessidade da reforma da unidade em caráter de urgência, o valor que deveria ser destinado à unidade teria sido repassado ao Colégio Estadual Santos Dias, em Neves.

“A direção da escola se empenhou muito em busca deste recursos que são fundamentais para a continuidade da nossa escola. Esse acidente no laboratório da escola é uma tragédia anunciada. O escombro está sobre dois cilindros de gás que ficavam encostados à parede da cozinha. E ainda tem o problema da encosta da comunidade vizinha”, afirmou.

Indignados com a situação, alunos estão se mobilizando através das redes sociais para no próxima segunda-feira (24) realizar um ato, próximo à Prefeitura de São Gonçalo.

A direção do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação de São Gonçalo (Sepe-SG) informou que ainda não foi solicitado apoio por parte de alunos e professores para o ato. E também não chegou ao Sepe qualquer informação sobre a mudança de escola para uso do recurso.

Sepe Chegou a indagar sobre critério da lista 

 Em março deste ano, o Sepe-SG chegou a questionar qual o critério utilizado para a escolha do Walter Orlandini, já que o Tarcisio Bueno, no bairro ao lado do Paraiso, estava em pior situação.

“Quando questionamos os critérios não estamos falando em substituir uma escola pela outra e, sim, acrescentar. Sem as obras o Walter pode ter o mesmo destino que o Tarcisio Bueno que desde 2015 teve suas atividades suspensas”, disse a diretora Michele Alvarenga.

As escolas beneficiadas foram identificadas a partir de um diagnóstico da rede estadual de ensino realizada pelo projeto MPEduc, em parceria com a Secretaria Estadual de Educação. O levantamento mostrou que pelo menos 64% das 1.221 escolas mapeadas possuem alguma deficiência de estrutura física.

Resposta

A Secretária Estadual de Educação enviará uma equipe ao Colégio Estadual Walter Orlandini, para avaliar a situação atual da unidade de ensino e determinar o planejamento para recuperação dos espaços danificados. Ressaltando que não existe risco para os alunos, pois a área esta isolada, e aulas estão acontecendo normalmente.

Quanto ao Colégio Estadual Coronel João Tarcísio Bueno, a Secretaria de Estado de Educação esclarece que, em 2015, houve a necessidade de interdição do prédio que abrigava a escola em virtude da queda de parte do telhado. A Secretaria ressalta que, desde o ocorrido, os alunos dessa unidade de ensino estão sendo atendidos no prédio de um Ciep, que fica a cerca de 300 metros do antigo colégio e que, inclusive, possui infraestrutura superior, com a oferta de Ensino Fundamental II, Ensino Médio Regular, Educação Especial e Educação de Jovens e Adultos.