Mansão de milionário da Mega-Sena assassinado é depredada em Rio Bonito

Por Dayse Alvarenga e Samara Oliveira

A fazenda Nossa Senhora da Conceição com 58 cômodos, sendo seis suítes, é a propriedade mais cobiçada de Rio Bonito. Ma desde o assassinato do seu proprietário, o milionário da Mega-Sena, Renné Senna, em janeiro de 2007, a luxuosa propriedade, onde ele morava com a esposa Adriana Almeida, está abandonada.

Apesar de logo na entrada ter uma placa com os dizeres “Proibida entrada, propriedade particular”, a mansão não tem vigias e, por isso, tem sido alvo fácil de vândalos que depredam o local e até fazem pichações no interior da casa, que pode ser acessada por qualquer um. Na parte de fora, o mato tomou conta do local.

A área de lazer onde tem um campo de futebol, uma piscina (uma das três da casa) e o que parece ser uma sala de jogos também está quase toda coberta pelo mato.

Além da fazenda, outros bens deixados pelo milionário estão bloqueados pela Justiça desde a sua morte.

De acordo com familiares de Renné, o ex-lavrador já se mostrava desconfiado dos seguranças e da esposa, antes de ser morto.

“Meu irmão veio na minha casa escondido um mês antes de ser morto. Lembro que ele me contou que tinha discutido com Adriana e com os seguranças. Para ele vir aqui escondido, já devia estar desconfiado”, disse a lavradora Miriam da Conceição Sena, 54 anos.

Em meio às lágrimas, Miriam conta que depois da entrada de Adriana na vida do milionário tudo mudou entre os 12 irmãos, que hoje são apenas nove.

“Desde que ela (Adriana) tomou a frente de tudo, as coisas ficaram diferentes entre nós. Eu tive que autorizar a amputação de uma das pernas dele, que eu estava cuidando. Mas tive que ouvir no tribunal que ela (Adriana) que cuidou dele. Esse dinheiro acabou desgraçando nossa família”, lamentou.

O SÃO GONÇALO não conseguiu falar com os advogados dos irmãos de Renné e da filha do ex-milionário, Renata Senna. Já o Tribunal de Justiça disse que não poderia fornecer informações sobre o andamento da partilha dos bens pois o processo está sob segredo.

Rico mas com hábitos simples - De acordo com a família e amigos de Renné, o milionário não tinha a mínima noção do dinheiro que ele tinha em mãos. Luiz Penca, dono do bar onde milionário foi morto há 11 anos e próximo à fazenda Nossa Senhora da Conceição, disse a OSG que Renné fazia questão de centavos de troco.

“Quando ele ficava aqui no bar, o que era frequente, ele dispensava seguranças e também não ficava esbanjando”, contou o comerciante.  

Já a amiga de infância, identificada apenas como Marilene, revelou  que Renné chegou a perguntá-la se com o dinheiro  conseguiria comprar um açougue, o que seria o segundo sonho do milionário depois de adquirir a fazenda.

Ainda segundo familiares e amigos de Renné, ele sempre comentava sobre a fazenda antes de ganhar o prêmio e, quando isso aconteceu, ele foi até o local disposto a pagar o preço que fosse. 

“Na época, a fazenda era avaliada em R$5 milhões, e Renné comprou por R$9 milhões”, contaram. 

Recordando - Renné foi assassinado dois anos depois de ganhar o prêmio de R$ 52 milhões. Ele estava em um bar, na Estrada de Lavras, quando foi morto a tiros por dois homens que passaram de moto. 

Os acusados pelo crime foram os dois ex-seguranças de Renné que teriam sido contratados por Adriana. Os executores foram condenados a 18 anos de prisão, e Adriana, que estava foragida numa casa humilde em Tanguá, foi condenada a 20 anos e presa no dia 21 de junho deste ano.