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Todos têm virose na Umpa de São Gonçalo

Secretaria nega que haja um surto de chikungunya

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 18 de abril de 2018 - 09:45
 Unidade de saúde está lotada e os pacientes não têm acesso a exame para confirmar doença
Local UMPA de Nova Cidade
Fabio Costa
Unidade de saúde está lotada e os pacientes não têm acesso a exame para confirmar doença Local UMPA de Nova Cidade Fabio Costa -

Por Marcela Freitas

Apesar da Secretaria Municipal de Saúde de São Gonçalo negar que haja um surto de chikungunya na cidade, a superlotação das unidades municipais de saúde mostra o contrário. Uma equipe de O SÃO GONÇALO esteve, na manhã de ontem, na Unidade Municipal de Pronto Atendimento (Umpa) de Nova Cidade e também no Pronto Socorro Central, no Zé Garoto, e ouviu pacientes que, em 90% dos casos, relatavam os mesmos sintomas, como fortes dores nas articulações, cabeça, manchas pelo corpo e febre.

Os sintomas similares ao da chikungunya estavam sendo avaliados pelos médicos como virose. O motivo? A falta de materiais básicos para exames de sangue. Este foi o caso do motorista de ônibus Wellington Fernandes, que esperou quase seis horas pelo seu atendimento e saiu da Umpa sem saber porque adoeceu.

“Cheguei, às 5h, e só fui atendido depois das 11h. Isso só aconteceu porque reclamei. Não estou aguentando com tantas dores no corpo e o médico não fez qualquer exame. Eles estão fazendo a avaliação no olho. Isso é um absurdo. Tomei uma injeção e estou saindo com uma lista de remédios porque, segundo ele, fui acometido por uma virose. O descaso com o cidadão chega a ser imoral”, reclamou Wellington.

A mesma espera era enfrentada pela doméstica Fabiana Moreira, de 28 anos, moradora da Rua Padre Vieira, no Jardim Catarina. “Na minha rua tem várias pessoas com chikungunya. Não estamos vendo nenhuma ação efetiva do governo. Não passa carro fumacê e nenhum agente vistoriando e colocando remédios nos imóveis”, disse.

A operadora de caixa Rosangela Santos, 36 anos, disse que chegou na unidade às 8h da manhã. “Minha irmã está cheia de manchas pelo corpo e não aguenta se mover. Mesmo assim deram uma pulseira verde de baixa complexidade. A unidade está super lotada e isso não me surpreende porque toda a cidade está sofrendo com a doença. Ela mora no Antonina e tem várias pessoas com essa doença”, afirmou.

Com dores insuportáveis nas articulações, Fábio Costa, 31, disse que buscaria atendimento no PSSG. “Não aguento movimentar meus braços e não posso esperar tantas horas. Aqui também não tem materiais para exames e o diagnóstico é virose. Sei que estou com chikungunya porque em Itaúna, onde eu moro, tem várias pessoas doentes. Lá, há muito tempo, não vemos uma ação de combate ao mosquito Aedes aegypti”, revelou.

A assessoria de imprensa da Prefeitura de São Gonçalo informou que não existe falta de materiais para realização dos exames de sangue na rede hospitalar. Os médicos realizam o atendimento  avaliando os sinais e sintomas da doença e traça a conduta médica.

A  prefeitura ainda informou que em janeiro deste ano foram diagnosticados 196 de chikungunya na cidade, seguidos de 300 em fevereiro, 470 em março e 7 em abril, totalizando 973 casos apenas nesse ano. Porém, o órgão declarou não haver epidemia na cidade, porque para caracterizar uma epidemia, são necessários 300 casos por 100 mil habitantes e hoje são registrados 42 casos para 100 mil habitantes. 

Para agilizar o atendimento, a prefeitura declarou ter aumentado o efetivo para suprir a  demanda das unidades, que realizam outros tipos de atendimento.

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