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Número de adolescentes privados de liberdade por tráfico de drogas aumenta no Estado do Rio

Predomina a apreensão de meninos entre 14 e 17 anos

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 19 de novembro de 2017 - 08:54
V., 18, foi apreendido com maconha aos 15, e hoje, após cumprir medida socioeducativa, está trabalhando
V., 18, foi apreendido com maconha aos 15, e hoje, após cumprir medida socioeducativa, está trabalhando -

De acordo com dados do Conselho Nacional de Justiça, em 2016, 189 mil adolescentes cumpriam medidas socioeducativas no país. Segundo o Degase (Departamento Geral de Ações Socioeducativas), até o ano passado, o número de jovens privados da liberdade no Estado do Rio aumentou 400% na comparação com 2000 e 2005. A maioria (90%) é do sexo masculino, entre 17 e 18 anos.

Em São Gonçalo, não é diferente. Levantamento da Secretaria de Desenvolvimento Social mostra que predomina a apreensão de meninos, entre 14 e 17 anos, envolvidos no tráfico de drogas, que deixaram a escola por volta do 7º ano do Ensino Fundamental. Segundo Nathalia Carlos, coordenadora dos Centros de Referência Especializados de Assistência Social (Creas) em São Gonçalo, a estimativa é que as apreensões tenham aumentado ainda mais.

“No Rio de Janeiro a internação de adolescentes aumentou 500% nos últimos anos e isso não se materializa em redução da violência. O que leva esses adolescentes ao envolvimento com atos infracionais é a falta de ofertas de políticas públicas de educação, saúde, esporte, lazer e assistência social, e a falta de oportunidade de trabalho e renda. Em São Gonçalo e outras regiões metropolitanas do país verifica-se que o ato infracional que mais tem levado nossos adolescentes ao cumprimento de medidas socioeducativas é o tráfico de drogas. Aqui cabe mencionar que, desde 1999 a OIT (Organização Internacional do Trabalho) compreende que o envolvimento no varejo de drogas é uma das piores formas de exploração infantil”, comentou.

Ainda de acordo com a coordenadora, o perfil é sempre o mesmo: menores com pouco ou nenhum acesso a políticas públicas de Saúde e Educação e em condições de extrema vulnerabilidade social. Nathalia explicou ainda que é preciso ressaltar que a maioria dos jovens que cumprem medida socioeducativa são pobres e negros.

“Isso não é apenas um detalhe, mas uma informação fundamental tanto pra compreender quanto para enfrentar esses dados e mudar a realidade da juventude de São Gonçalo. O sistema socioeducativo é de responsabilidade Governo do Estado, cabendo aos municípios executar no âmbito da política de assistência social, o Programa de Cumprimento de medida Socioeducativa em Meio Aberto. O qual é operacionalizado pelos Creas”, conclui.

Com apoio, eles já estão refazendo suas vidas - Atualmente, São Gonçalo conta com cinco Creas e atende 30 jovens em cada um deles. O trabalho vem tendo mais de 80% de sucesso no 'rompimento' desses jovens com a criminalidade. Estes são os casos de V., de 18 anos e M., 19 anos, apreendidos após atos infracionais, quando menores, e que hoje, com apoio do Creas estão conseguindo refazer suas vidas.

“Eu fui apreendido em 2015 com certa quantidade de maconha próximo da escola. Cumpri a medida em liberdade assistida e, posso falar que foi um divisor de águas. Como minha mãe fala, há males que vem para o bem. Essa foi minha chance de mudar. E me arrependo muito do que fiz”, contou V., que está no 1º ano e começou a trabalhar na última semana, num programa do Tribunal de Justiça, como auxiliar de serviços e documentações.

M. foi apreendido com 17 anos, em 2015, e ficou seis meses privado de liberdade. O período de internação e a acolhida do Creas, foram segundo ele, sua chance de mudar e refazer sua vida.

“Quando estava lá, vi que me faltava Deus. Quando saí, com o apoio recebido, eu resolvi entregar minha vida ao senhor. Hoje sonho em me tornar pastor”, afirmou o rapaz.

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