Blogueiras gonçalenses mostram que é possível manter estilo com pouco dinheiro

Por Elena Wesley

Mais de 10 mil litros de água são utilizados para fabricar uma única calça jeans. É o que aponta uma pesquisa da “The Water Footprint Network” (a Rede de Rastro da Água, na tradução literal do inglês), entidade que incentiva o uso inteligente da água. Com base em dados como esse, o mundo da moda tem buscado se aproximar dos ideais de sustentabilidade, a fim de criar um novo estilo de vida, no qual o mercado e o meio ambiente se articulem de forma mais equilibrada.

Em São Gonçalo, a moda sustentável também conquista espaço, tendo como porta-vozes as blogueiras Emillie Galdino, Ingrid Roberta, Ingrid Quintanilha, Juliana Gomes, Rachel Marins e Thayná Freire. Por meio das redes sociais e de eventos ligados à estética, as influenciadoras digitais cativam o público jovem a adquirir hábitos de consumo mais saudáveis.

“A moda sustentável estimula a reutilização de roupas e acessórios, seja pela customização das que já temos ou pela aquisição daquelas já descartadas do guarda-roupa de alguém, com o objetivo de reduzir os danos ao meio ambiente causados pelo lixo e pelo consumo excessivo”, explicou a estudante de Design de Moda, Thayná Freire.

Rachel e Juliana, que também se especializam na área, enumeram, entre as vantagens do novo conceito, a obtenção de peças diferenciadas, de boa qualidade e mais acessíveis, disponíveis em brechós e bazares distribuídos pela cidade.

“Sempre gostei de ser diferente, procurar peças únicas que tivessem a ver comigo. Nos brechós isso se torna mais fácil, visto que as roupas disponíveis já não estão cotadas como tendência do momento. A partir delas, posso criar algo só meu. Além disso, um único produto pode se tornar vários”, explicou Juliana, que fez um cropped a partir de uma bandana, encontrada na Rua da Feira por aproximadamente cinco reais.

Se poupar o meio ambiente já é um bom motivo para aderir, as blogueiras ressaltam os pontos positivos para o “bolso”.

“Confesso que me inseri na moda sustentável pela falta de dinheiro mesmo, que nos faz ser ainda mais criativas. Procuro roupas esquecidas na minha casa e com familiares e as adapto para o meu gosto. Sou fã de blusas e calças masculinas. O jeans antigo tem ótimas modelagens de cintura alta e dura por anos. Por conta dos preços baixos, comprar nos brechós nos bazares permite adquirir mais peças pelo preço de uma oriunda de loja comum”, salientou a maquiadora Ingrid Roberta.

‘Com um limão, uma limonada’

Emillie comprova os argumentos das amigas por meio da explicação do próprio “look”. A trancista encontrou o macacão jeans no brechó de uma igreja, por R$ 5. Já as argolas preferidas, compradas em uma loja de bijuteria a R$1,50, estavam descascadas pelo tempo e pelo uso. A solução foi encapá-las com lã amarela. Assim, com criatividade, itens e utensílios domésticos se tornam ferramentas.

Para customizar uma calça jeans, as meninas recomendam o uso de lâmina de barbear, pinça e faca de cozinha para desfiar um corte. Cloro é opção para dar efeito desbotado.

Dicas úteis para comprar em brechó

> Buscar referências nas tendências da moda em aplicativos, como Pinterest e Instagram;

> Paciência para pesquisar produtos;

> Associar as peças encontradas com as que têm em casa para criar os “looks”;

> Avaliar manchas e danos na peça, que podem ser consertados em casa, como ferrugem e descostura.