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Estado só deixa o esqueleto

Obra do Hospital da Mãe, que faria 800 partos por mês, está deteriorando com o abandono

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 21 de julho de 2017 - 12:00
Empresário de São Gonçalo colocou faixa em frente a construção da unidade de saúde, que começou a ser construída, mas está abandonada e sendo usada por moradores em situação de rua
Empresário de São Gonçalo colocou faixa em frente a construção da unidade de saúde, que começou a ser construída, mas está abandonada e sendo usada por moradores em situação de rua -

Por Marcela Freitas

Qual o seu bandido político favorito?”. A frase escrita em uma faixa preta de mais de cinco metros afixada na passarela do Colubandê, em São Gonçalo, foi a forma que o comerciante Elias Santos, de 45 anos, encontrou para protestar contra o descaso dos gestores políticos. O local escolhido não foi por acaso. Em frente a passarela começou a ser construído um dos maiores hospitais públicos dedicado ao atendimento de mulheres, que realizaria 10 mil consultas e cerca de 800 partos por mês. No entanto, o que se vê é um grande esqueleto de obra abandonado.

Anunciado em outubro de 2013, o Hospital da Mãe trouxe a luz da esperança para as mulheres gonçalenses e de outras cidades, já que a unidade de saúde seria referência na região e poderia desafogar a maternidade municipal, em Alcântara, que, atualmente, realiza quase mil partos por mês. A obra, orçada em mais de R$ 37 milhões, permanece inacabada. Com apenas 27% do edifício concluído, o dinheiro público usado pode ser perdido, já que a construção está se deteriorando. “Desde 2006, eu protesto contra os governos. Já levei minhas faixas para vários lugares do estado. Como o valor para confecção é alto, eu deixo algumas horas e depois levo para outro lugar. O que esse governo está fazendo com a população é cruel e desumano. Essa é a forma que encontrei de expressar minha indignação”, disse.

O mesmo protesto é feito pela doméstica Patrícia de Andrade, 38, usuária dos serviços públicos de saúde. “Não tenho plano de saúde e preciso da saúde pública. Meu filho nasceu no Hospital Azevedo Lima (Estadual, no Fonseca, em Niterói), que atende diversas especialidades. Ter um hospital dedicado só às mulheres seria incrível, sem contar que é próximo de minha casa e não precisaria me deslocar para outro município. Fico triste em ver esse projeto abandonado. Ele seria fundamental para a saúde da mulher”, disse.

Vendedor de cocos há 15 anos no trecho, Ronaldo Chiste, 38, acreditava na obra. “Quando as obras iniciaram, fiquei feliz porque traria melhoria não só para esse bairro, mas para várias regiões. Me pergunto para onde foi todo o valor que deveria ser investido aqui e fico indignado. Que democracia é essa que vivemos?”, questionou.

Última geração – O projeto inicial do Hospital Estadual da Mãe previa que um andar inteiro do prédio de cinco pavimentos fosse destinado a uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) neonatal com 36 leitos, que não existe na rede pública de saúde da cidade. Neste primeiro andar, haveria recepção, área de espera, consultórios, quatro salas equipadas com ultrassom, Raios- X, entre outras dependências. No segundo andar, funcionariam 40 quartos com capacidade para dois leitos cada, totalizando 80 leitos. O terceiro pavimento abrigaria seis UTI’s para as mães, além de quarto de isolamento e um materno. No quarto andar, estariam localizadas 14 salas de pré-parto, parto e pós-parto; três salas de parto cirúrgico e uma sala para parto normal. Haveria, ainda, um espaço para observação do recém-nascido. O último andar abrigaria a sala de máquinas.

Em outro prédio de um pavimento, que estava sendo construído ao lado, funcionaria a Clínica da Mãe com recepção, 14 consultórios, salas para coleta, ultrassons e dependências administrativas.

A assessoria de imprensa da Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio de Janeiro informou que espera que a assinatura do acordo de recuperação fiscal do Estado gere a entrada de novos recursos, possibilitando assim, a médio prazo, recomeçar os projetos que hoje estão parados.

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