Trans é ‘expulsa’ de Uber em SG

Por Daniela Scaffo e Letícia Lopes

Quatro dias após o Dia Internacional Contra a Homofobia, comemorado na última quarta-feira, dois casos chamam atenção em São Gonçalo. O primeiro, que já está sendo investigado pela Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), diz respeito a uma mãe que internou a filha em um hospital psiquiátrico. O segundo é o caso de Nicole Kelly Cruz, que foi ‘expulsa’ de dentro de um carro do aplicativo Uber quando o motorista percebeu que a passageira era transexual.

Nicole foi vítima de discriminação, na noite do último domingo, após ter comemorado os 28 anos com familiares no Arsenal. A cabeleireira solicitou o serviço do aplicativo Uber para ir para casa, em Copacabana, no Rio, e assim que entrou no veículo e o motorista viu que ela era transexual, ele parou bruscamente e mandou que Nicole descesse. Indignada, ela disse que não sairia, já que não tinha feito nada de errado. “Ele disse que era policial e fingiu que ia tirar uma arma de debaixo do banco, me ameaçou”, lembrou.

Com medo, Nicole ligou para o irmão e para o cunhado. Ao chegarem, os dois conseguiram manter o motorista no local até que policiais do 7º BPM (São Gonçalo) chegassem. Os agentes revistaram o veículo, viram que o motorista não era policial e o liberaram, além de aconselhar a cabeleireira a registrar o caso na delegacia. “Eu me senti humilhada, ofendida, porque eu sou uma pessoa normal como qualquer outra. Eu trabalho, tenho meu dinheiro, corro atrás dos meus sonhos como qualquer outra pessoa. Vou registrar o caso e acionar a Uber na Justiça”, disse.

A assessoria de imprensa da Uber informou que a empresa tem uma política de tolerância zero a qualquer forma de discriminação em viagens realizadas através da plataforma e que entraram em contato com a usuária para oferecer apoio. A nota ainda esclareceu que assim que a empresa soube do incidente, o acesso do motorista parceiro à plataforma foi removido.