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Mãe sem limitação de idade

Mulheres buscam, cada vez mais, a primeira maternidade a partir dos 40 anos. Percentual cresceu quase 50% em 20 anos no Brasil

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 14 de maio de 2017 - 10:30
A funcionária pública Ivanilde de Souza Silva casou-se aos 36 anos, fez tratamentos e teve o primeiro filho, Rafael Carlos, quando estava exatamente com 40
A funcionária pública Ivanilde de Souza Silva casou-se aos 36 anos, fez tratamentos e teve o primeiro filho, Rafael Carlos, quando estava exatamente com 40 -

Por Cynthia Fonseca

Diferente do que acontecia há algumas décadas, experimentar a maternidade pela primeira vez a partir dos 40 anos tem se tornado uma realidade cada vez mais comum. Dados inéditos do Ministério da Saúde mostram que o número de mulheres que foram mães após essa idade subiu 49,5% em 20 anos, passando de 51.603 mil em 1995 para 77.138 mil em 2015, de acordo com pesquisa mais recente disponível. Entre elas, mais de 72 mil tinham entre 40 e 44 anos.

Casada desde os 36 anos, a funcionária pública Ivanilde de Souza Silva se viu adiando o sonho da maternidade para investir no crescimento da carreira.

“Eu me preocupava em não ter com quem deixar a criança por conta do trabalho, ou mesmo ter que buscar na creche. Então fui adiando, adiando, até que comecei com a ideia de tentar engravidar aos 38 para 39 anos”, conta a mãe do pequeno Rafael Carlos, hoje com 6 anos.

Além da questão da idade, Ivanilde precisou enfrentar outras barreiras para ser mãe pela primeira vez. Com dificuldades para engravidar por conta de um mioma uterino, doença muito comum entre as mulheres, a servidora estadual precisou recorrer a um tratamento médico que a ajudasse com a fertilidade.

“De certa forma foi uma gravidez planejada e não planejada ao mesmo tempo, pois fiquei uns dois anos tentando engravidar, fazendo tratamento, mas não conseguia. Então quando decidi relaxar, parei de ficar ansiosa e de ficar me preocupando, aconteceu, quando eu já estava com 40 anos”, contou.

Para Ivanilde, Rafael é um presente incontestável, e todo sacrifício que passou, com a gravidez de risco e suas possíveis complicações ou mesmo antes com a pressão de amigos e familiares a respeito de quando seria mãe, valeu a pena.

“Toda mulher sempre passa por essa pressão. Quando está solteira, perguntam por que não tem namorado. Quando tem, quando vai casar? Depois de casada, quando virá o primeiro filho?”, acrescentou. Mas tudo passou quando, ainda na mesa de cirurgia, a médica colocou Rafael em seus braços.

“Eu pensei ‘Meu Deus, o que eu faço agora com essa criança’. Fiquei um pouco assustada com a novidade, mas depois vi que seria capaz de tudo por aquele ser. Enfim, tenho coragem de passar por qualquer coisa. Ser mãe é maravilhoso”, completou Ivanilde.

‘Amor que não tem outro igual’

Ser mãe também sempre esteve entre os planos da dentista Monique Mury Saad, moradora de Icaraí, em Niterói. Antes, porém, ela queria alcançar a tão desejada estabilidade financeira e claro, uma carreira sólida. Os anos foram passando entre conquistas na profissão, viagens e compromissos, até que “a pessoa certa” chegou em sua vida e, aos 42 anos, ela experimentou o sonho da maternidade pela primeira vez.

“Hiroshi foi muito desejado e planejado. Tanto que foi muito rápido, pois quando eu e meu marido resolvemos nos casar, já tínhamos em mente ter um filho logo. O casamento aconteceu em outubro, e no primeiro ciclo, em novembro, eu já estava grávida”, contou Monique.

Para ela, o fato de ser mãe após os 40 não foi uma simples questão de adiar a maternidade, mas algo que aconteceu de forma natural.

“Além de estar em busca da minha estabilidade na carreira, não aconteceu de eu querer casar, querer esse tipo de vínculo com alguém antes. Acho que esse cenário está mudando um pouco agora, mas a sociedade ainda cobra muito que a mulher siga nessa ordem de casar, ter filhos, achando que isso é sinônimo de felicidade, mas não é bem assim”, explicou.

Hoje com 51 anos, mesma idade do marido, Monique acredita ter feito a escolha certa ao ser mãe em um estágio mais maduro da vida.

“É claro que se for analisar a parte física, incomoda um pouco. Hoje, ele tem 8 anos, mas quando tiver adolescente, teremos que ter mais paciência, disposição para buscá-lo em festinhas, e isso pode ser um pouco cansativo para nossa idade. Mas não me arrependo nenhum pouco, pelo contrário, adorei a experiência pois hoje vejo que tenho maturidade e mais tempo para criar, educar, algo que eu poderia não ter se fosse mãe mais nova”, completou a dentista.

Por ter hábitos saudáveis, Monique passou por uma gestação tranquila e segura. “Quase não tive enjoos, nem nada. E por um detalhe não fiz parto normal, pois o cordão umbilical dele estava muito curtinho e não foi possível”, revelou.

E como todo sonho intensamente desejado, o nascimento de Hiroshi foi algo marcante para Monique.

“É uma sensação muito difícil de descrever, só quem é mãe sabe. É a melhor coisa do mundo, quando você vê o bebê pela primeira vez, sente o cheiro. É um amor que não tem outro igual”, completa.

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