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Antiga estrutura da Igreja Matriz de São Gonçalo é encontrada durante processo de restauração

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 30 de abril de 2017 - 11:00
‘Esqueleto’será mantido para mostrar parede original de pedras
‘Esqueleto’será mantido para mostrar parede original de pedras -

Por Matheus Merlim

O emboço quebrado das paredes e o cheiro impregnado de cimento se tornaram rotina nas celebrações das missas na Igreja Matriz de São Gonçalo, desde o início do processo de restauração do templo. Todavia, no último dia 23, feriado do Santo Guerreiro, uma outra característica surpreendeu fiéis que participaram da eucaristia. Além das palavras sagradas pronunciadas pelo padre André Luís Siqueira, responsável pela paróquia, um conto histórico foi passado para os visitantes. O atual presbitério deu lugar ao antigo, da década de 1960, feito em mármore branco. Mais curto do que o contemporâneo, o espaço onde fica o altar foi encontrado durante a reforma e serviu de ensinamentos aos católicos sobre como eram rezados os atos litúrgicos romanos, no qual o padre junto à congregação presidia o encontro de frente ao retábulo (parede principal onde ficam os santos). Somente com a fase inicial da obra, a igreja estima um gasto de R$ 375 mil.

“Não foi só uma medida emergencial para suprir as necessidades da Igreja, que precisava de reparos. Está sendo uma maneira de resgatar a história, que se confunde com a da própria cidade. A construção sofreu muitas transformações ao longo do tempo e nós queremos dar uniformidade, respeitando os elementos mais antigos”, explicou o padre André Luís. Apesar dos registros históricos não confirmarem a data exata da inauguração do monumento, estudiosos acreditam que a igreja tenha sido erguida no ano de 1579, por Gonçalo Gonçalves, seguindo a tradição portuguesa de construir capelas para dar sequência à fé católica. Em 1620, a Matriz foi citada pela primeira vez em um documento, no testamento do europeu. O templo se tornou paróquia - quando um padre assume a comunidade e passa a morar na igreja - quase 20 anos depois. De lá para cá, a igreja erguida à base de madeira foi sofrendo transformações, desde a ampliação da estrutura até a questão estética, a exemplo do uso de azulejos em sua composição e está atualmente.

Fases - De acordo com o pároco, a primeira parte da restauração, que foi pesquisar toda a história do local e montar o planejamento de obra, já foi feita. Na prática, estão finalizadas toda a instalação elétrica da igreja - que ganhou até painel luminoso - e o telhado, que abandonou as telhas retas de alumínio e recebeu material colonial em formato de pirâmide.

“Tivemos o cuidado de observar as diferentes formas que a igreja foi ganhando durante os anos e preservar alguns detalhes. O telhado já foi parcialmente trocado e, diferente daquela época em que as telhas de barro eram feitas na coxa, adaptamos para a cerâmica. Mas o que importa é resgatar esse estilo antigo da construção”, revelou.

Até detalhes da estrutura, que ainda utilizam madeiras, como arcos e portas, vêm sofrendo com o ataque de cupins estão sendo trocadas por novos materiais. A planta de restauração foi feita por comissões de voluntários, uma de história (formada por professores da Uerj) e outra de obra (engenheiros e arquitetos).

Atividades - Mas apesar da movimentação dos reparos, as atividades da igreja continuam em espaço reduzido durante a semana e por completo aos domingos. “Na sexta, a gente se junta para fazer uma limpeza para realizar as cinco atividades aos domingos. É o momento para conversar com os fiéis sobre a restauração e os elementos históricos encontrados na estrutura”, contou o padre.

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