Instagram Facebook Twitter Whatsapp
Dólar R$ 5,1937 | Euro R$ 5,5292
Search

A 'doce' viagem no Carrinho da Leitura em São Gonçalo

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 16 de abril de 2017 - 09:00
Marcos Paulo ‘estaciona’ o carrinho diariamente no Alcântara ao lado da sua banquinha de doces
Marcos Paulo ‘estaciona’ o carrinho diariamente no Alcântara ao lado da sua banquinha de doces -

Por Rennan Rebello

Quem passa pela calçada da Rua Alfredo Backer, em Alcântara, São Gonçalo, pode encontrar comércios e ambulantes dos mais variados, porém um carrinho de supermercado abarrotado de livros ao lado de uma barraquinha de doces chama atenção dos pedestres. O dono do carrinho é o culinarista Marcos Paulo Braga, de 44 anos, que vende doces caseiros junto com seu pai. A atividade comercial está concentrada na venda das guloseimas, enquanto as obras literárias têm dois nobres fins: incentivar o hábito da leitura e custear os livros do curso de Direito da filha, Caroliny Macedo, 21.

“Comecei a vender livros usados quando tinha uma banca de jornal. Ganhei de um cliente uns 300 exemplares e quando li uma reportagem de um homem fazia de uma geladeira um guarda-livros, resolvi fazer igual, mas utilizando um carrinho de compras. A minha filha separou alguns, mas depois perguntei o que faríamos com o resto. Daí, resolvi doar o que eu tinha, coloquei até uma plaquinha: doa-se livros”, disse Marcos Paulo.

Com a proposta inicial de doação de livros, surgiu ideia de troca porque o estoque foi acabando.

“Quando Caroliny me disse que um shopping em Niterói estava realizando trocas de livros, adotei também a ideia. Mas com o tempo, tive a necessidade também vender alguns livros devido aos gastos com minha filha na universidade. Então, ‘dividi’ o carrinho. No primeiro patamar, as trocas. No segundo, vendas por preços simbólicos entre R$2 e R$5”, disse Marcos Paulo, informando, ainda, que o critério para doação ou venda é estabelecido com o doador.

Os títulos disponíveis para trocas e vendas são os mais variados: romances, biografias e até didáticos, inclusive muitos já usados pela filha de Marcos. “Tenho muito orgulho dessa ação do meu pai de popularizar o ato de ler para outras pessoas, inclusive colaboro com alguns livros antigos para quem esteja começando na área”, contou a estudante.

‘Ideia me estimulou a ler como minhas filhas e esposa’

Apesar de sempre ter incentivado suas filhas Caroliny e Mylena a serem leitoras vorazes, Marcos Paulo não era um leitor contumaz. Contudo, através do fluxo maior de livros por causa do carrinho, ele passou a ter contato com outros tipos de literatura e a utilizar a leitura como maneira de se qualificar na culinária. “Eu nunca li tanto como minhas filhas e minha esposa Mônica. Mas a ideia do carrinho acabou me estimulando a ler, além da minha atividade na banquinha. Como estou trabalhando com confecção e decoração de doces e bolos, estou lendo bastante sobre gastronomia para aprimorar meu trabalho na cozinha. Já tive restaurante, mas tive que fechar nos anos 90 durante a crise do governo Collor”, revelou.

Caroliny conta que o primeiro livro que ganhou foi do seu pai e que os exemplares do carrinho foram fundamentais também para seu desempenho como universitária. “Eu ainda era criança quando li ‘Mogli - O Menino Lobo’. A partir daí, não parei mais de ler e todo livro que eu queria meu pai me dava. Por causa do carrinho, li muitas coisas que me ajudam nos meus estudos, como História do Brasil”, completou.

Matérias Relacionadas