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São Gonçalo e região no mundo dos ‘games’

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 02 de abril de 2017 - 11:30
 O empresário gonçalense Marcelo Tavares, de 38 anos, transformou sua diversão de criança em negócio há cerca de sete anos
O empresário gonçalense Marcelo Tavares, de 38 anos, transformou sua diversão de criança em negócio há cerca de sete anos -

Por Rennan Rebello

A prática de jogar videogames vai muito além de um mero entretenimento, segundo pesquisa realizada em 2016 pela empresa de consultoria holandesa Newzoom. E o Brasil vem se destacando nesse mercado, ocupando a 12º posição no mundo em relação ao consumo de esportes eletrônicos, os chamados “ e-sports”, tendo movimentado cerca U$ 1,3 bilhão (cerca de R$ 3 bilhões) no ano passado. Em janeiro deste ano, até o ex-jogador Ronaldo Nazário virou sócio de um time, o CNB, que disputa campeonatos do jogo “League Of Legends” (LoL). Com o mercado mundial e nacional aquecidos, o cenário em São Gonçalo e Niterói também tornou-se promissor aos produtores e “cyber” atletas locais.

Empresário gonçalense no 'mundo dos games'

De colecionador de consoles a dono de empresa há cerca de sete anos. Esse é o perfil do gonçalense Marcelo Tavares, de 38 anos, conhecido por ser um dos maiores colecionadores de videogames do Brasil (tem mais de 350 consoles) e fundador da Brasil Game Show (GBS), empreendimento responsável por organizar feiras voltadas aos gamers e um dos maiores eventos da América Latina, como a “Brasil Game Cup”. A edição inédita do evento será realizado da próxima sexta-feira (7) a domingo (8), no Centro de Convenções Sulamérica, na Cidade Nova, região central do Rio.

“Através do BGC, quero proporcionar ao público contato com outras experiências de como se envolver com os games, além de simplesmente jogar. Teremos, assim, diversas atrações destinadas a competições, exposições e um espaço no qual produtores terão a tarefa de criar um jogo em 48 horas, além de uma área reservada para quem está começando possa mostrar seu produto a outros empresários e fãs”, explicou Marcelo.

E por incrível que pareça a visão empresarial de Marcelo começou, porém, através de uma paixão de infância. A partir disso, ele teve a ideia de realizar eventos como uma maneira de sustentar seu consumo por jogos eletrônicos. “Sempre gastei muito com itens relacionados ao videogame, e com o tempo tive a necessidade de ganhar dinheiro porque era difícil explicar isso aos meus pais. Gastava tanto dinheiro com videogame que daí, pensei: Por que não trabalhar com isso? Cheguei até a organizar um evento bem amador chamado ‘Game Churrasco’, em Alcântara, destinado a colecionadores. Ali, foi meu ponto de partida para amadurecer a ideia como negócio. Assim, em 2009, organizei a ‘Rio Game Show’ no ginásio do Canto do Rio e, aos poucos, fui criando o conceito que hoje é a empresa BGS”, contou Marcelo sem revelar, no entanto, seu faturamento. Sobre o cenário da atividade na região, Marcelo se mostra bastante otimista revelando pesquisas realizadas por sua equipe.

“Por causa do crescimento do e-sports com os cyber atletas profissionais, o crescimento do mercado de games no mundo cresceu muito nos últimos anos e tenho visto isso nos eventos organizados pela Brasil Game Show, em São Paulo. Depois da Capital, Niterói é a segunda cidade; e São Gonçalo rivaliza com cidades da Baixada Fluminense no cenário do estado. Enfim, é um público que não para de crescer e olhamos para isso muito carinho”, analisou o empresário.

Designer carioca que veio se especializar em Niterói

Além do empreendedorismo e do sonho de integrar um grande time de esportes eletrônicos como competidor, também há quem queira trabalhar na produção dos jogos. É o caso do designer Eduardo Sierra, 23, morador de Copacabana mas que tem sua carreira ligada a Niterói.

“Desde criança já tinha vontade de trabalhar com jogos eletrônicos. Entrei no curso de Ciências da Computação da UFF almejando isso, me especializei em cursos de artes para jogos e, na faculdade, conheci o professor Esteban Clua que me abriu portas. Além disso, participei de competições de desenvolvimento de games na ‘Brasil Game Jam’, em 2012, em São Paulo, onde conheci minha ex-chefe, a Adrian Laubisch, da Aiyra (produtora de games niteroiense). Entrei inicialmente como programador mas, com o intuito de ser game designer, consegui a função ao longo do tempo”, revelou.

No currículo, Eduardo tem vários games produzidos e também atua como vice-presidente Atlética E-Sports da UFF. “Em 2014, integrei um projeto na UFF em parceria com a Tamboro Educacional para desenvolver a plataforma Ludz, que contém jogos com viés educativo. Atualmente, além de atuar na Atlética voltada para jogos eletrônicos, também organizo oficinas, nos quais dou aula sobre desenvolvimento de jogos e softwares. O projeto de e-sports que temos em Niterói é fantástico. A liga universitária de jogos eletrônicos é algo promissor no Brasil”, disse.

Time gonçalense quer se profissionalizar

Longe da realidade de patrocínios milionários, mas precisando investir em equipamentos e treinamentos de seus jogadores, a equipe Unity E-Sports de São Gonçalo fundada no ano passado encontrou na produção de eventos com ligas locais uma forma de sobreviver da atividade.

“Nosso objetivo é claro: buscamos a profissionalização, mas para isso é preciso ter receita para para competir em grandes torneios. Como sempre frequentei muitos eventos no Rio, percebi que havia muita gente daqui da região. Eu e meu sócio Jimmy tivemos a ideia de organizar um ‘Campeonato Gonçalense de League Of Legends’ para mobilizar o mercado dentro da cidade. O que foi muito bom. No próximo dia 8, iremos transmitir a final do ‘Campeonato Brasileiro de League Of Legends’ (CBLoL), que será realizado em Recife, no Caneco 90, Mutondo, e no curso RedZero, no Centro de Niterói”, contou o presidente do equipe, Gabriel Marvila.

Com a verba conseguida através das atrações que organiza, a Unity busca oferecer aos seus competidores uma remuneração para que possam se dedicar aos treinos e consequentemente ao crescimento da equipe. “Esse mês receberei meu primeiro contrato para me dedicar aos treinos”, disse o estudante Kevin Carvalho, 23, mas sem revelar o valor.

Trabalhando de forma independente na Unity, os integrantes acabam fazendo também contatos ao mesmo tempo que aprendem funções estratégicas para abrir portas ao time. “Não sou jogador profissional. Sou o cara responsável pelo administrativo, produção do time e eventos, Vivo ligado ao marketing e nos bastidores. O mercado de jogos se assemelha muito ao de esportes, tem clubes que querem se associar à marca, como no caso do Ronaldo que investiu em um time de e-sports”, contou Marvila que recentemente fechou um contrato com uma empresa de informática para cessão de equipamentos para um jogador do time.

Mas enquanto Kevin é enfático em afirmar que seu sonho é se tornar um cyber atleta de alto rendimento, Jimmy Souza, 23, enxerga seu papel na área apenas como hobby.

“Gosto muito dessa área mas acho que minha chance de ser um jogador profissional já passou. Sou estudante de Direito e pretendo seguir na área jurídica”, disse.

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