Instagram Facebook Twitter Whatsapp
Dólar R$ 5,1957 | Euro R$ 5,5298
Search

No lugar de balas, livros

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 19 de março de 2017 - 10:00
Edris Oliveira criou até uma saudação especial para receber os clientes e divulgar o ‘Uber literário’
Edris Oliveira criou até uma saudação especial para receber os clientes e divulgar o ‘Uber literário’ -

Por Cyntia Fonseca

“Boa tarde, tudo bem? Fique à vontade e desculpe pelos livros espalhados pelo banco, é que você acaba de entrar no Uber literário”. Essa é a saudação do escritor gonçalense Edris Oliveira Vasconcellos, de 44 anos, para quem tem a sorte de viajar em seu carro. E no lugar de garrafinha d’água ou balinhas, por que não oferecer livros aos clientes? Motorista filiado ao Uber há pouco mais de um mês, Edris viu no trabalho extra uma oportunidade também de divulgar os próprios livros.

Formado em Eletrotécnica, o morador do Mutuá, em São Gonçalo resolveu usar o tempo livre entre seus trabalhos como consultor empresarial de qualidade de energia para apostar no mercado da Uber. Daí para o Uber literário foi um pulo. “Como sou escritor e já fazia um trabalho de ‘libertação’ de livros, pensei ‘por que não?’. Os livros vêm de amigos que doam para uma ação que faço também no motoclube Falcão Peregrino. Mas e aí, será que iria dar certo no carro?”, conta Edris.

E tem dado. Segundo Edris, ele nunca vendeu tanto quanto agora no Uber. Durante as poucas horas em que trabalha e consegue divulgar, são em média cinco livros vendidos por semana, fora aqueles clientes que deixam para adquirir depois nas livrarias.

“No primeiro dia, o passageiro entrou, os livros estavam espalhados no banco traseiro. Eu pedi desculpas, organizei e apresentei o Uber literário. Ele sorriu, gostou da ideia, aí eu aproveitei para continuar: ‘Se você gostar de algum desses, pode levar de presente, é seu’. Ele ficou super feliz. Quando você presenteia alguém com um livro, além de estar fazendo uma gentileza, está de certa forma elogiando essa pessoa”, explica o escritor.

Autor de “O anjo sem asas” e “Felipe Daudt: armadilhas da mente”, Edris conta que o dom da escrita vem da infância, mas levou um tempo até que ele acreditasse na própria capacidade de tornar o que era um refúgio em profissão.

“Sempre gostei de escrever pequenos textos. Desde pequeno meu pai me contava muita história, inventava algumas para me colocar para dormir. Acho que trouxe esse dom dele, apesar de ele não ser escritor”, revelou.

'Libertação' também acontece em motoclube

Há seis anos a frente do moto clube Falcão Peregrino, no Mutuá, Edris conta que veio de lá também grandes inspirações para seu segundo livro "Felipe Daudt: armadilhas da mente". É também nas reuniões do moto clube onde acontecem a "libertação" de livros, doados por grupos de apoio. Nos eventos, os livros são trocados por alimentos ou caixas de leite, que posteriormente são levados a instituições carentes.

O romance policial conta a história de um psicólogo, que também é motociclista e integrante de um moto grupo e perde a família muito cedo num acidente. O protagonista acaba se envolvendo com uma paciente bem mais jovem, que também acaba morrendo. Ao se tornar principal suspeito da morte da garota, ele precisa correr para provar a própria inocência, se desvencilhando das armadilhas que a própria mente acaba criando durante toda trajetória. Paralelamente, pontos turísticos de São Gonçalo, cultura e conhecimento dos gonçalenses são explorados na trama.

Para quem quiser adquirir, o livro pode ser encontrado na galeria Ler é arte, em frente a Igreja Matriz em São Gonçalo; na Livraria Gutenberg de Niterói, na Rua Coronel Moreira César; Livraria Diálogo, ao lado da antiga prefeitura de Niterói, bancas de jornal do bairro Mutuá ou fazendo contato com o autor pelo Facebook. 

Matérias Relacionadas