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Nem igreja é perdoada em SG

Altar histórico da Capela de Sant’anna, na Fazenda Colubandê, é levado por bandidos

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 28 de janeiro de 2017 - 11:00
Peça com valor histórico imensurável foi completamente removida do templo religioso
Peça com valor histórico imensurável foi completamente removida do templo religioso -

Por Cyntia Fonseca

Mais um triste capítulo compõe a história de total abandono da Fazenda Colubandê, em São Gonçalo. Desta vez, o alvo de criminosos foi o altar da Capela de Sant’anna, que faz parte do conjunto arquitetônico da fazenda.

A peça, agora, faz parte da lista de bens culturais procurados pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac). Além do retábulo, que foi inteiramente levado, alguns azulejos portugueses, do estilo barroco rococó, também vêm sendo retirados nos últimos meses. No entorno da construção, o mato alto, a sujeira e alguns artigos destruídos - como a piscina do painel de Djanira - denuncia o abandono e descaso dos órgãos públicos com o patrimônio histórico.

No casarão já não há nenhuma mobília, lustres ou qualquer outra peça histórica. Algumas portas e janelas também foram roubadas. Além de lixo, podem ser encontrados preservativos e cigarros.

Frequentador da fazenda para praticar treinos de Muay Thai, Rafael Camargo, 26, lamenta o estado de abandono da construção histórica e revela, às vezes, ter receio de ficar no local. “O que mais falta é segurança mesmo, que não tem nenhuma. Se escurecer, nem pense em passar por aqui perto porque será assaltado com certeza. O espaço está completamente abandonado, largado mesmo, pessoas vêm para usar drogas, assaltar. Uma pena”, relatou.

“Como levam um painel daquele tamanho e ninguém vê? Depois das 22h, é impossível passar por aí. Fora a água empossada, foco de mosquito, mato alto”, emendou Francisco Martins, 60, morador do bairro.

Datada do século XVII, a Fazenda Colubandê está, desde 2012, no meio de jogo de empurra das autoridades públicas. Após a saída do extinto Batalhão de Polícia Florestal e de Meio Ambiente (BPFMA), que funcionava no local, a fazenda ficou sob responsabilidade da Secretaria Estadual de Planejamento (Seplag). No ano passado, entretanto, passou a ser administrada pelo município.

Apesar de não ter valor comercial, pois o material que revestia o retábulo roubado não era de ouro, o painel pode ser moeda de comercialização no mercado clandestino, interessando a colecionadores e historiadores. “Não temos como mensurar um valor exato, mas identificamos que tem um valor, tanto que a pessoa se prestou ao trabalho de retirar o altar por inteiro. Acredito que deve ter sido levado o período de uma noite, pelo menos, para remover e com certeza não retirou sozinho”, explicou o historiador Luciano Tardock.

Até o fechamento desta edição, a prefeitura de São Gonçalo não respondeu sobre a situação de abandono em que se encontra a Fazenda Colubandê. Já com relação à insegurança no bairro, o comando do 7ºBPM (São Gonçalo) informou que o patrulhamento na região é realizado de forma dinâmica através de rondas em viaturas, com base no cruzamento de informações do serviço de inteligência e da mancha criminal.

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