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Mais do que aprender uma língua

Jornalista gonçalense cria projeto de aproximar jovens brasileiros e idosos americanos

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 24 de julho de 2016 - 12:55
Depois de ler as respostas por carta, os jovens e os idosos conversaram via internet, no último dia 15
Depois de ler as respostas por carta, os jovens e os idosos conversaram via internet, no último dia 15 -

jogo de palavras que forma o nome do projeto social “Avós da Gente” dá uma pista do tipo de conexão que se vê por ali: de um lado, “a voz” de estudantes de Heliópolis, na periferia da capital paulista; do outro lado, os “avós”: idosos que vivem em uma casa de repouso dos Estados Unidos. A comunicação entre eles acontece à moda antiga – por cartas – com uma boa ajuda da tecnologia. As primeiras correspondências dos estudantes foram escritas à mão (em inglês), digitalizadas e enviadas para o outro lado do mundo por e-mail, em maio deste ano. Um mês depois, as respostas chegaram, cheias de curiosidades sobre o Brasil e até conselhos profissionais. O primeiro contato dos brasileiros com as cartas foi na aula de inglês do grupo, nesta sexta-feira, no último dia 15. A idealizadora do projeto é a jornalista gonçalense Daniele Garcia, de 36 anos, que atualmente mora em São Paulo. 

“A ideia surgiu do meu prazer por ouvir e contar histórias.Tenho mania de puxar assunto com desconhecidos (na fila do banco, por exemplo), e percebo que os idosos são os que mais gostam de bater papo. Infelizmente, muitos não têm com quem conversar. Se a gente prestar atenção, olhar no olho mesmo, há muito o que se aprender com eles. Daí eu pensei em transformar esse tipo de conversa informal em algo maior, que envolvesse mais pessoas”, conta Danielle, que foi estagiária em O SÃO GONÇALO em 2004. 

Quando teve a ideia de trocar cartas com idosos, Daniele buscou referências na internet e conversou com pessoas que já faziam projetos parecidos. A proposta inicial era juntar um grupo de amigos e criar uma rotina de troca de cartas com moradores de um asilo de São Paulo. Em uma dessas pesquisas, a jornalista encontrou um projeto americano chamado “Love for the Elderly” (Amor pelos Idosos, em tradução livre).

“Foi aí que caiu a ficha: e se, em vez de um grupo de amigos, eu convidasse uma turma de estudantes de inglês? Tudo foi se encaixando, e o projeto passou a ser uma ponte não apenas solidária, mas também educacional”, indagou Daniele que enviou um email para o fundador do projeto americano, Jacob Cramer, propondo uma parceria internacional, até então inédita para ele. 

“A resposta veio muito animada e, em poucos dias, já estávamos com tudo formatado”, contou.

De acordo com a jornalista, a outra ponta do projeto não foi difícil de unir. 

“Na mesma semana, conversei com um amigo que é fundador de uma escola de inglês que tem uma proposta linda, de oferecer ​aulas gratuitas para estudantes de baixa renda. Ele amou a ideia e começamos a trabalhar”, revelou Daniele. 

A escola​ ​The Frank Experience levou a ideia para os alunos de uma das turmas da comunidade de Heliópolis. Oito estudantes aderiram ao projeto-piloto e escreveram cartas se apresentando aos idosos americanos e fazendo perguntas sobre eles. As correspondências foram escaneadas e enviadas para os Estados Unidos por e-mail, junto com as fotos de cada um dos alunos – que têm idades entre 7 e 60 anos.

Momento único de troca de afeto

Cerca de um mês depois do contato inicial, a caixa de e-mail da jornalista recebeu 16 arquivos: oito fotografias e oito cartas em resposta aos alunos do projeto social.

Uma das idosas americanas, Thereze, uma ex-freira de 84 anos, escreveu para uma jovem brasileira chamada Maria, que adorou receber uma carta de alguém com o mesmo nome de sua mãe.
“Conte suas bênçãos todos os dias, esse é segredo da felicidade”, aconselhou Thereze. 

Ralph, um ex-jornalista, também deu conselhos a um outro aluno brasileiro. 

“Você terá muitas oportunidades se puder falar, ler e escrever em inglês e espanhol”. 

Outros internos perguntaram como é viver no Brasil e se os estudantes estão preparados para a Olimpíada.

O próximo passo do projeto social é adaptar a iniciativa a um outro formato, com idosos que vivem em um asilo de São Paulo – como era a ideia original. Até agosto, serão abertas oportunidades para novos participantes, que passarão por uma entrevista online. 

“As pessoas que quiserem se corresponder com os idosos devem estar comprometidas. Imagine a expectativa que uma carta é gerada muma pessoa que vive numa casa de repouso. Cria-se uma conexão. Se for para começar uma troca de experiências intensa como essa, que seja pra valer”, explicou Daniele. 

O site do projeto é www.avosdagente.com.br, e as novidades sobre a ação social também podem ser vistas na fanpage da jornalista: Facebook.com/Criandas. 

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