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O atletismo de Fábio Bordignon

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 24 de julho de 2016 - 12:35
Fábio Bordignon, 24 anos, está na sua 2ª Paralímpiada e disputará os 100 metros e salto à distância
Fábio Bordignon, 24 anos, está na sua 2ª Paralímpiada e disputará os 100 metros e salto à distância -
Por Matheus Merlim
Quem assiste a rapidez de Fábio Bordignon, de 24 anos, na pista de atletismo da Associação Niteroiense dos Deficientes Físicos (Andef), no Rio do Ouro, pensa logo que ele nasceu para fazer atletismo. Mas o que muita gente não sabe é que a primeira paixão do atleta foi o futebol, que o proporcionou a primeira Paralimpíada da carreira, há quatro anos, em Londres, na Inglaterra. Agora próximo dos Jogos Paralímpicos Rio 2016, o morador de São Gonçalo é a única esperança da região na modalidade para trazer o tão sonhado ouro.
O atleta representará o Brasil nos 100, 200 metros e no salto à distância. Casado e pai de um menino de dois anos, Fábio mal consegue esconder a felicidade de ter visto seu nome na lista final de convocados para a Paralimpíada deste ano. 
“Quando me disseram que a lista saiu, eu fiquei com medo de ir logo ver. Abri, fui de cima a baixo, sem ver a letra F. Mas tomei coragem, procurei meu nome e lá estava. Foi uma felicidade sem tamanho”, declarou.
Fábio nasceu com uma paralisia cerebral, que acarretou na perda de força e falta de coordenação motora nos braços, além de atrofiar uma das pernas. 
Por ter dificuldade de se enquadrar nos “padrões” do futebol, correu atrás do sonho na Andef, após indicação de uma vizinha. Na instituição, começou a vida no esporte no futebol de 7. Em 2012, foi convocado para defender as cores do Brasil na Paralimpíada de Londres, mas não ganhou uma medalha.
No final de 2014, Fábio deixou a modalidade coletiva para, literalmente, correr sozinho. De lá para cá, foram conquistas atrás de conquistas. O atleta, inclusive, é o atual recordista das Américas. No 100 metros, tem a marca de 12,77 segundos. Já no salto à distância, 4,18 metros.
“No futebol, não adiantava eu melhorar sozinho. Dependia da equipe para garantir bons resultados”, disse.
Treinador de Fábio no atletismo, Cosme do Nascimento acredita que a maturidade do atleta será fundamental para ele superar a pressão de disputar uma competição em casa.
“A expectativa para ele é muito boa, está muito bem colocado no ranking das três provas. Essa competição poderá favorecer a ele, por estar competindo em casa. Ele tem um espírito muito competitivo, apesar de estar um ano e meio no esporte. Ele tem uma maturidade muito boa para lidar com a pressão”, comentou Cosme.
‘Competir em casa é uma pressão só’
Morador do Porto do Rosa, em São Gonçalo, Fábio acredita que a pressão será o fator diferencial para disputar uma Paralimpíada em casa. Mas acredita que o psicológico do atleta poderá ajudá-lo ou atrapalhá-lo, dependendo da situação. Por isso, procura estar bem concentrado durante as competições para não deixar ceder ao emocional.
“A diferença de estar em Londres e no Rio é gigantesca. Disputar qualquer esporte em casa é uma responsabilidade muito maior. A torcida será maior e é sempre bom colocar essa pressão a nosso favor. Só de saber que meu filho estará me assistindo já é motivo suficiente para lutar pelo ouro”, argumentou Fábio. 
Se caso conseguir se aposentar cedo no esporte, Fábio tem outro sonho a realizar: cursar uma faculdade de Direito e entrar para a Polícia Civil.
Regras - De acordo com o Comitê Paralímpico Internacional (IPC), nas pistas de corrida, os atletas devem completar percursos de 100, 200, 400, 800, 1.500 ou 5.000 metros. Os amputados de membros inferiores usam próteses especiais, os cadeirantes competem em cadeiras de rodas adaptadas, e os deficientes visuais contam com a ajuda um guia no momento da prova.
Já as regras do salto em distância consistem em: cada atleta tem três tentativas para saltar o mais longe possível. Eles pegam impulso na corrida em uma pista de cerca de 40m, sendo que o último passo não pode ultrapassar a tábua de salto e aterrissam em uma caixa de areia.

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