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Ele só quer uma oportunidade

Desempregado há dois anos, bombeiro hidráulico vai às ruas para oferecer seus serviços

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 23 de julho de 2016 - 13:00
Cláudio percorre bairros de São Gonçalo carregando sua maleta de ferramenta e seu currículo
Cláudio percorre bairros de São Gonçalo carregando sua maleta de ferramenta e seu currículo -

Por Marcela Freitas e Laryssa Moura

O relógio toca cedo. São exatamente 7h. Cláudio Santos Torres, de 41 anos, levanta apressado. Beijo na esposa e um pedido: “Me deseje boa sorte”.

Tem sido essa a rotina do morador do bairro Almerinda, que há dois anos busca uma recolocação profissional. Enquanto o emprego não surge, ele não desanima: bolsa de ferramentas no ombro, placa anunciando seus serviços e a esperança de voltar para casa com o sustento da família garantido para aquele dia.

Há um ano, Cláudio, que perdeu um emprego na área da construção civil, anuncia seus serviços em frente a uma agência bancária no Colubandê e em mercados nos bairros Coelho e Jardim Alcântara. E ele topa qualquer serviço: carregar mudanças, areia, pedra, capina e etc.

O currículo é seu melhor companheiro, e está sempre na bolsa na esperança de que alguém passe e lhe peça referências profissionais. A atitude, segundo ele, nunca foi motivo de vergonha ou constrangimento. “Já espalhei meu currículo por muitos lugares, mas diante da crise ainda não consegui nada. Não tenho vergonha de vir para a rua. Já sou até conhecido aqui. Fico muito feliz quando alguém me chama para capinar um quintal. Por mês, consigo tirar de R$ 500 a R$ 600 com os meus serviços de biscates”, contou.

Com o valor recebido, Cláudio paga R$ 320 de aluguel e a pensão de um filho do primeiro relacionamento, que é de R$ 363. “Minha esposa é diarista e me ajuda a pagar essas contas. Fiquei devendo a pensão por um período e acabei preso. Nunca me senti tão humilhado. Desde então, pago a multa retroativa da pensão atrasada, que é de R$ 100 e mais o valor mensal”, disse.

Cláudio, que era analfabeto, retornou os estudos e concluiu seu ensino médio, em 2009. Seu sonho é conseguir ingressar em uma faculdade de Educação Física. Apesar de todas as dificuldades, ele ainda disponibiliza seus sábados para atuar num projeto social, onde dá aulas de capoeira para crianças. “Eu não tenho como cobrar pelas aulas. Aprendi num projeto social e quero passar para os meus alunos da mesma força. Quero concluir um curso universitário para trabalhar com projetos de reabilitação de idosos e crianças com deficiência”, encerrou. Quem tiver uma vaga de emprego para Cláudio, pode ligar para 96677-5527 ou 96811-5532.

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