Diretora abandona escola

Alunos do Colégio Estadual David Capistrano, em Santa Bárbara, Niterói, acusam a direção da escola de ter abandonado a unidade na última segunda-feira. O motivo seria a recusa da prestação de contas, cobrada pelos estudantes que integram a ocupação compartilhada da unidade desde que a juíza Glória Eloiza Lima da Silva, da 2ª Vara da Infância, Juventude e Idoso da Capital, ordenou a imediata retomada das aulas em primeiro de junho.

Segundo os estudantes, a ordem foi obedecida e 70% dos professores retornaram à escola. Mas após insistirem em ter acesso às contas, principalmente nas compras de alimentos, a diretoria informou que deixaria a unidade e orientou os professores a deixarem também. Ainda segundo os estudantes, os documentos foram retirados do colégio e levados para a casa de uma das funcionárias.

“Pedimos para ver o processo de licitação para compra de comida e não foi mostrado. Se é uma ocupação compartilhada, temos esse direito. A direção não dialogava com os estudantes”, disse Tamires Mendes, de 16 anos, uma das representantes do movimento.

Segundo Carlos Rial, 16, apesar da ordem judicial, cerca de cem estudantes decidiram continuar na escola e estão, inclusive, dormindo na unidade. “Tentaram descaracterizar o movimento e nos pressionam a desistir. Vamos resistir em luta. Temos direito a ter acesso às contas. Nenhuma de nossas reivindicações foi atendida”, contou.

Greve – A greve dos profissionais de educação, que já dura quatro meses, continuará. Em assembleia geral, o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe) decidiu pela manutenção da greve nas escolas estaduais. A próxima assembleia foi marcada para o dia 26 de julho.

Pais não aceitam ocupação e posição dos estudantes 

A decisão dos estudantes em permanecer na David Capistrano não é aceita pela maioria dos moradores da região. A empresária Isabela Glasser, 35, acha que essa atitude prejudica os outros estudantes. “Não aceito esse tipo de manifesto que prejudica o próximo. A direção retornou à escola, mas está pressionada e ofendida. Os próprios alunos que estão na ocupação não deixavam que as aulas acontecessem”, reclamou. 

Uma outra mãe, que pediu para não ser identificada, disse que busca a transferência da filha. “Minha filha está arrasada com essa decisão da direção. Não concordo com a ocupação e acho que esses alunos deveriam deixar a escola. Nenhum professor quer voltar a lecionar da forma que está”, afirmou.

Centro – A indecisão nos rumos do ano letivo levou estudantes a ocuparem, mais uma vez, o Colégio Estadual Pinto Lima, no Centro. Desde o último dia 8, alunos que faziam a ocupação compartilhada resolveram assumir novamente o prédio impedindo a entrada de alunos e profissionais. Segundo os organizadores, nenhuma “pauta geral” foi atendida pela Secretaria de Educação. Para manter a ocupação, os estudantes criaram uma campanha na internet pedindo a doação de alimentos e produtos de higiene. 

A assessoria de imprensa da Secretaria de Estado de Educação foi procurada, mas não deu retorno até o fechamento desta edição.