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Caio Martins viveu dias de glória com desfile de craques

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 31 de julho de 2015 - 09:30

Em 1987, Zico marcou de penalti contra o Flu, em sua volta ao Brasil

Foto: Divulgação

Por Ari Lopes e Sérgio Soares

A maior parte dos 74 anos do Caio Martins, em Icaraí, na Zona Sul de Niterói, completados no último dia 20, foram marcados pelo ‘desfile’ de grandes craques em partidas memoráveis. Nas décadas de 40, 50 e 60, o estádio recebeu jogos de várias edições de campeonatos estaduais no período pré-fusão da Guanabara com o Estado do Rio. E por conta de interdições para obras no Maracanã, nas década de 80 e 90, foi palco também de partidas de competições nacionais e até de um jogo da Seleção Brasileira, em 1978, quando nosso escrete, liderado por Zico e cia, goleou impiedosamente um combinado carioca por 7 a 0, na preparação para a Copa da Argentina.

Pelo gramado do Caio Martins passaram os maiores jogadores do nosso futebol, como Nilton Santos, Zizinho, Gerson, Roberto Dinamite, Jair Marinho e Zico, entre outros. Foi lá que o próprio Zico marcou o gol de número 600 da sua carreira, num jogo em que o Flamengo venceu o Madureira por 3 a 1, em 26 de outubro de 1982. “Senti uma emoção muito grande. Quando a bola chegou em mim, a torcida já comemorava, parecendo que eu faria o gol”, afirmou o craque na época.

Em 2003, torcida alvinegra lotava o estádio em jogos da Série B
Em 2003, torcida alvinegra lotava o estádio em jogos da Série B

Pela Seleção Brasileira, o ‘Galinho’ teve presença marcante no amistoso preparatório para a Copa do Mundo de 1978, no dia 12 de março daquele ano. O escrete brasileiro entrou em campo com Leão, Toninho, Oscar Amaral e Edinho, Toninho Cerezo (Batista), Rivelino, Tarcísio, Zico, Reinaldo (Nunes) Dirceu. O combinado carioca jogou com Paulo Sérgio (Augusto), Marinho (Totonho), Paulo Marcos (Luizinho), Adislon, Jorge Luís (Valdir), Índio, Coca (Sérgio), Wilson Bispo, Luiz Carlos (Arilson), Dé e Paulo César.

O ídolo do Flamengo, em tarde inspirada, marcou cinco gols. Nunes e Rivelino completaram o placar. Foi lá que Zico teve outro momento marcante na carreira, em 21 de junho de 1987, quando retornou ao futebol, em um clássico contra o Fluminense, jogo que terminou empatado em 1 a 1, com um gol dele, de pênalti e outro do volante Jandir para o Tricolor. Era um jogo de afirmação, porque o craque havia permanecido fora dos campos por um ano por causa de problemas no joelho.

Túlio foi um dos últimos artilheiros a marcar seu nome no estádio
Túlio foi um dos últimos artilheiros a marcar seu nome no estádio

Na mesma data do ano anterior, ele havia perdido o pênalti que tirou o Brasil da Copa do México, na derrota para a França.

Túlio - Outro que conhece bem o estádio é o ex-centroavante Túlio Maravilha, que chegou a disputar amistosos com time de juniores do Botafogo em busca do gol de número mil em 2013. Os de número 996, 997 e 998 foram marcados em amistoso contra o Santos, de Angola, no dia 23 de fevereiro lá no Caio Martins. Na época o jogador que foi ídolo do alvinegro nos anos 90, não escondia de ninguém que queria estabelecer a marca, mas não chegou a um acordo com o Botafogo e acabou consolidando o sonho no modesto Araxá, time do Módulo II de Minas Gerais, em jogo contra o Mamoré.

Palco de jogos históricos da ADN

 Madrinha do Fonseca recebe flores num jogo do Estadual de 1959
Madrinha do Fonseca recebe flores num jogo do Estadual de 1959

O Estádio Caio Martins também foi importante para outras equipes da região em seus tempos áureos. Lá, além do Canto do Rio, o Fonseca, e a já extinta Associação Desportiva Niterói (ADN) fizeram jogos memoráveis e receberam grandes clubes do Rio. Com o fim do futebol profissional das agremiações de Niterói e região, o estádio passou a receber jogos só de clubes cariocas, na década de 1980.

O ex-ponta direita Rogério Souza dos Santos, hoje com 60 anos, o Rogerinho, que jogou na ADN, diz que a ‘terceirização’ do estádio para o Botafogo prejudica equipes de Niterói e São Gonçalo, que precisam de bons campos para disputar campeonatos. “Em nossa época, todos queriam jogar no Caio Martins, que tinha gramado bem cuidado e localização privilegiada para a torcida”, declarou.

Apesar da ADN ter sido rebaixada nas edições de 1979 e 1980, ele revela que houve jogos bastante disputados com os chamados ‘grandes’, como a partida contra o Vasco, válida pelo primeiro turno do Carioca no dia 13 de maio de 1979, que terminou 3 a 0 para os cruzmaltino. Na ocasião, a ADN entrou em campo com Passarinho, Marinho, Tião, Mickey, Uberaba, Índio, Dufráier (Artur), Zica, Rogerinho, Jorge Luís e Renato.

Já a equipe cruzmanltina jogou com Leão, Orlando, Abel, Geraldo, Marco Antônio, Helinho (Dudu), Guina, Toninho Vanusa, Jáder, Roberto e Paulinho (Osnir). Paulinho e Roberto (2) marcaram para o clube carioca, diante de um público de 12 mil pessoas.

Ponta-direita Rogerinho (camisa 7 e no detalhe) relembra jogo contra o Vasco, pelo Carioca de 1979
Ponta-direita Rogerinho (camisa 7 e no detalhe) relembra jogo contra o Vasco, pelo Carioca de 1979

O vereador niteroiense Luiz Carlos Gallo de Freitas, ex-zagueiro do time da ADN que disputou o Campeonato Carioca em 1980, recorda-se de outro jogo ‘duro’ contra o Vasco, no dia 24 de setembro daquele ano, em que a equipe cruzmaltina venceu por 2 a 0. Orgulhoso, ele mostra num recorte de jornal, a fotografia da partida. “Havia mais de dez mil pessoas no estádio”, relembra.

O ex-lateral direito Jair Marinho, bi-campeão Mundial pela Seleção Brasileira na Copa do Mundo no Chile, hoje com 77 anos, fala com orgulho dos tempos em que jogou no estádio, como aspirante do Fonseca Atlético Clube, e depois pelo Fluminense, clube que o consagrou. “Não sei porque privatizaram o estádio. Ele faz falta para os clubes da região”, enfatizou.

Estádio era a ‘casa’ do ‘Cantusca’ em Niterói

A relação do Caio Martins com o Canto do Rio é histórica, pois quando o estádio foi inaugurado em 1941, o clube fazia sua primeira participação no Campeonato Carioca. O ‘Cantusca’ fez a partida inaugural enfrentando o Vasco, e por ironia do destino, também lá se despediu da chamada ‘elite’ do futebol carioca, em 11 de outubro de 1964, no segundo turno da competição, contra o Fluminense. O jogo durou apenas 40 minutos, quando o placar marcava 1 a 1.

Com atuação desastrosa, o árbitro José Monteiro suspendeu o jogo por falta de segurança. Na partida, o clube niteroiense tentava se firmar na chamada “reta final” do campeonato, pois ocupava as últimas colocações e estava seriamente ameaçado de rebaixamento.

Nessa partida, o Canto do Rio entrou em campo com Jaeder (Batista), Osvaldo, Carlos Martins, Nogueira e Décio Leal; Jardel e Niraldo; Neidecir, Jalmir, Fernando Pinto e Carlos Pio. O Fluminense formou com Castilho, Carlos Alberto, Procópio, Altair e Nonô; Oldair e Joaquinzinho; Mateus, Amoroso, Ubiraci e Edinho. O ex-lateral esquerdo Altair Gomes de Figueiredo, do Tricolor, hoje com 77 anos, se lembra daquele jogo. “O juiz estava perdido e os jogadores muito nervosos”, declarou.

Antes da suspensão do jogo, houve uma confusão generalizada. A partida teve continuidade no dia 14 de outubro do mesmo ano, em São Januário, com vitória do Fluminense por 4 a 1. Por causa dos incidentes, a Federação Carioca de Futebol (FCF) decidiu interditar o estádio e expulsar o Canto do Rio do Campeonato Carioca.

Canto do Rio inaugurou estádio e lá se despediu do Carioca em 64
Canto do Rio inaugurou estádio e lá se despediu do Carioca em 64

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